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The Melancholy Death of Oyster Boy and Other Stories

Eu, fã do Tim Burton, me confesso.


Li este pequeno livro numa viagem de comboio a caminho do trabalho. Não tenho palavras.

Esta é uma colecção de histórias/poemas ilustrados, em que Tim Burton mostra algumas das suas ideias e personagens. Enquanto que algumas histórias (como a do Oyster Boy) se prolongam por algumas páginas, outras têm poucas linhas e uma ilustração para nos fazer pensar. Todas elas são histórias tristes, sobre a tristeza e solidão e o ser incompreendido e estar isolado, de tantas, de várias maneiras - na verdade, é este o trabalho de Tim Burton, em geral.

Porque as histórias de Tim Burton foram sempre sobre todos nós que estamos sozinhos, os Edward Scissorhands, a Sally.


Todos os que são de uma maneira ou de outra rejeitados pelo mundo, as noivas assassinadas quando vão fugir com os amados, os monstros, a necessidade de encontrar uma realidade separada da dos outros, de encontrar uma cura para estar vivo e viver neste mundo. Portanto também este livro é estranho, é bizarro, é profundamente triste, mas é incrivelmente bonito, porque apesar de toda a tristeza e melancolia que lhes são intrínsecas, são histórias maravilhosas e as ilustrações dão todo um extra à experiência.

Apesar de ser o Oyster Boy que dá o nome à colecção de histórias, há mais personagens no livro, que dão também elas títulos a histórias: The Girl Who Turned Into a Bed, Melonhead, Mummy Boy, Voodo Girl:

Retirado do Pinterest

Apesar de parecer um livro para crianças no seu design, é perturbador e triste e não recomendaria enquanto livro para crianças. É uma forma de revisitarmos a infância sabendo de que mundo queremos escapar, no fundo. Todas estas personagens estão para além das normas convencionais e por esse motivo são rejeitadas, gozadas e negligenciadas, notoriamente pelos pais.

O epónimo Oyster Boy nasce da união de um casal humano. O seu nome verdadeiro é Sam, mas chamam-lhe "that thing that looks like a clam" e é gozado pelos vizinhos. Os seus pais não querem saber dele, e estão mais preocupados com os seus próprios problemas, nomeadamente disfunções sexuais. E a longa reputação de ostras enquanto afrodisíacos?

Son, are you happy? 
I don't mean to pry,
but do you dream of Heaven?
Have you ever wanted to die?

É preciso dizer mais sobre o destino do Sam, Oyster Boy?

Tecnicamente, estes poemas são nulos; é a imaginação e as histórias e a sensibilidade e as emoções que provocam na sua simplicidade e na empatia para com estas criaturas estranhas (quem nunca se sentiu sozinho?) que fazem com que o livro valha a pena. É um livro repleto de humor, sim, mas é um humor melancólico e é impossível não nos sentirmos mal pelas personagens - e, ainda que não directamente, porque são tão bizarras que são irreais, é difícil não nos relacionarmos com o sentimento de isolação e solidão que as histórias transparecem.

5/5

Podem comprar esta edição aqui, ou em português aqui.

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