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A mostrar mensagens de novembro, 2016

From Pieces to Weight: Once Upon a Time in Southside Queens

Enriquecer, ou morrer a tentar. Esta é possivelmente a review  mais chocante e/ou mais aguardada deste blog . Ou nenhum dos dois, mas adiante. Algumas ideias gerais da minha opinião e conhecimento sobre o 50 Cent antes da leitura deste livro: 1. Em 2006 disse de passagem na escola que ia ao Super Bock Super Rock desse ano. Algumas pessoas expressaram incredulidade com a ideia de eu ir, tal como elas, ver o 50 Cent. No entanto, nunca tive qualquer intenção de ir (nem fui) no dia do 50 Cent. 2. O meu companheiro tentou seduzir-me com a letra desta música: Funcionou. 3. Em... 2012? Fui ao cinema e, na ausência de melhor filme, optei por um cujos protagonistas eram o 50 Cent e o Bruce Willis. 4. Go Shorty, it's your birthday , vais festejar como se fosse o teu aniversário, etc. 5. Aquela vez que ele foi assaltado em pleno concerto em Angola. 6. A sua declaração de falência chapter 11  no ano passado. Portanto, perguntam os meus cerca de dois le

Dubliners

Fazer uma review  de James Joyce é um desafio (embora menor que a aura de desafio em torno da obra do autor). Estando mentalmente preparada para um esforço tremendo para perceber James Joyce, naquela que foi a minha primeira experiência com o autor, fiquei surpreendida pela facilidade de não só ler mas também visualizar os residentes de Dublin circa  1900. Em 15 contos, temos um retrato desolador de uma cidade que se torna estranhamente familiar ao passar de cada página. O primeiro conto retrata a morte, bem como o último - começa e acaba em morte, e tudo no meio retrata vários pontos da vida (porque, algures no meio, há a vida), de forma singular mas discretamente cronológica. Muitos dos contos são poderosos por serem tão realistas. Destaco alguns: Counterparts , sobre o estereótipo alcoólico irlandês; Eveline , a jovem que quer fugir com um marinheiro; A Painful Case , sobre a solidão a que podemos condenar os outros; e a história final, The Dead , cujo protagonista,

Estante #1

Estou a pensar começar a falar das revistas Estante, da FNAC. Aqui fica uma primeira tentativa. De distribuição gratuita, é o segundo número que acompanho.Acho uma excelente iniciativa por parte da FNAC, e gosto da variedade de conteúdos, tendo sempre como base os livros. O número anterior, focado em literatura young adult , não me apelou tanto como este. De destaque, o Especial "Utopias e Distopias" e a lista dos 12 melhores livros portugueses dos últimos 100 anos. Deste último tema, ressalva-se logo no editorial: É uma escolha contestável pelas ausências, inevitáveis, algumas que nos custaram muito (faz-me falta a prosa imprevisível de Pascoaes, A Noite e o Riso , Maria Velho da Costa, Ruben A., Maria Judite de Carvalho , Rodrigues Miguéis, e mais ainda).  Dos 12 eleitos, confesso que nunca li nem possuo nenhum (mas ressalvo que o meu companheiro incrível tem dois na estante): A Casa Grande de Romarigães, de Aquilino Ribeiro A Sibila, de Agustina Bessa-Luí

Suicidios ejemplares

Emprestado pela minha luso-espanhola favorita. Lo que hace soportable la vida es la idea de que podemos elegir cuándo escapar. Suicidos ejemplares  é um livro de contos sobre pessoas que planeiam suicidar-se, em histórias que oscilam entre os limites entre a sanidade e a loucura - entre a vida e a morte. Entre o sarcasmo e a solidão, as personagens revelam a fragilidade humana e a forma como a única coisa que nos separa da morte pode ser a vontade de viver - de dar valor à vida. Sendo histórias sobre suicídios, não implicam a morte dos personagens; por vezes, o suicídio falha, ou é figurativo apenas. São personagens muitas vezes depressivas, mas de distintos pontos de vista, desde um homem perdido pelas ruas de Lisboa (um belo início em Muerte por Saudade , para quem é de cá, com muitos cenários familiares), a senhora despeitada que se atira de janelas demasiado baixas, um futebolista a ajudar uma amiga doente a descobrir as suas origens, um pintor vítima da inveja de

Cold Comfort Farm

I saw something nasty in the woodshed. Quando Flora Poste, de 20 anos, fica orfã e com poucos meios financeiros, decide apelar aos seus familiares e viver como um parasita à custa destes (em vez de arranjar emprego), enquanto reúne material para o livro que irá escrever um dia. "Well, when I am fifty-three or so I would like to write a novel as good as Persuasion but with a modern setting, of course. For the next thirty years or so I shall be collecting material for it. If anyone asks me what I work at, I shall say, 'Collecting material'. No one can object to that." Após algumas respostas com propostas menos que aceitáveis (partilhar quartos com papagaios, por exemplo), Flora decide ir para Cold Comfort Farm, perto de Sussex, onde vive a sua prima afastada Judith Starkadder, cujo marido alegadamente fez uma afronta ao pai de Flora. Flora é recebida entre suspeitas e hostilidade, e é tratada não pelo nome mas como "Robert Poste's child".