Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2017

Plano Nacional de Leitura

Inspirado aqui , e nesta notícia , que o melhor companheiro do mundo me enviou. Já devo ter falado antes dos livros que li na escola e de como, resumidamente, não gostei de nenhum (excepção feita ao Capitães da Areia , que li no 9º ano como leitura orientada). No 11º ano, o meu professor decidiu que leríamos todos o mesmo livro para o Contrato de Leitura, que não sei se ainda existe ou se ainda se chama assim: A Cidade dos Deuses Selvagens , de Isabel Allende, um dos talvez únicos dois livros que nunca acabei de ler. Costumo de vez em quando ir espreitar as listas de leituras dos cursos de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade Nova de Lisboa, ou as leituras da licenciatura em Teatro, da Escola Superior de Teatro e Cinema. No entanto, e até hoje, nunca me lembrei de ir ver as leituras autónomas do Plano Nacional de Leitura. Ressalvo desde já que vi apenas as Leituras Autónomas do 3º Ciclo e Ensino Secundário, e que as listas são muito mais vastas que os meus dest

Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra

Mais Mia Couto, numa review com quase 20 dias de atraso, de um livro com um título do qual nunca me lembro como deve ser (digo sempre algo como "Um Rio Chamado Casa"). E isso é, já agora, uma enorme vergonha, dado que Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra é possivelmente o livro mais bonito que li do autor - e quem tiver lido as minhas reviews anteriores saberá que os padrões estavam altos. Alguém conhece magia mais bonita que a dos livros de Mia Couto? O enredo passa-se em Luar-do-Chão, uma ilha onde ainda há tradições - temática frequente em Mia Couto, conforme me tenho vindo a aperceber. Dito Mariano, patriarca da família dos Malilanes, morre, e toda a família é chamada a comparecer, incluindo Mariano, seu neto, a quem é deixada, pelo próprio defunto, a responsabilidade de se encarregar do funeral (honra que devia ter passado ao primogénito). O avô está deitado numa sala sem tecto, e o seu estado clínico é... pouco estável, digamos. E é deste avô q

Jane Austen

Faz hoje 200 anos que Jane Austen morreu. Li aqui no Diário de Leituras que há, finalmente, uma estátua da autora, bem como uma nota que a comemora. Segundo o Governador do Bank of England : Our banknotes serve as repositories of the country’s collective memory, promoting awareness of the United Kingdom’s glorious history and highlighting the contributions of its greatest citizens. Austen’s novels have a universal appeal and speak as powerfully today as they did when they were first published. Li os seis livros de Jane Austen (sim - são apenas seis, fora os trabalhos pequenos compilados) há vários anos ( props a quem ainda se lembrar das capas azuis da Wordsworth) - cedo soube que era um nome obrigatório, como Dickens ou Shakespeare. Em vida, Jane Austen não vendeu muito - hoje a sua obra está traduzida em mais de 30 línguas, e é uma pena que Austen não tenha vivido para ver o seu sucesso. Há adaptações e mais adaptações e retellings dos seus livros (o meu prefer

O Deus das pequenas coisas

Demorei demasiado tempo a pegar neste livro. É 1969 e apesar da não tão recente independência da Índia, o sistema de castas prevalece. "Ammu" Kochamma, filha de um entomólogo respeitável (conhecido como "Pappachi") e de uma violinista ("Mammachi"), queria fugir ao casamento arranjado e às tradições, e casa-se numa visita a familiares em Bengali, um pouco contra a vontade da família. Acaba por se divorciar do marido, por este ser alcoólico e violento, mas não sem antes ter dois filhos gémeos: Esthappen, um rapaz, e Rahel, uma rapariga. Volta então para a sua casa de família em Ayemenem, condenada a viver como uma pária da sociedade devido ao seu divórcio. Interessante será notar, desde já, que o chefe da família era Chacko, seu irmão, membro do Partido Comunista, e também divorciado, de uma mulher inglesa - divórcio não tão mal visto porque, lá está, era um homem. A restante família era Mammachi, já cega (Pappachi tinha morrido, após anos enquanto

na estante

Mencionando algumas novidades na estante. Sou só eu que fico com crises de nervos por as lombadas terem direcções diferentes? Fui à FNAC do Vasco da Gama comprar o Le rouge et le noir , que vai ser leitura conjunta do Clube dos Clássicos Vivos . Não queria ler, porque não tinha o livro - aliás, eu há anos que queria muito ler o livro, não queria era participar - mas encontrei uma edição a menos de 2€ na FNAC, em francês, e decidi que não faria grande mossa na carteira. Junto veio também um livro da Amélie Nothomb, autora que já li antes , por 0,99€. Outras promoções de interesse na FNAC: uma box set , em inglês, de livros do Nick Hornby, com o Fever Pitch , o About a Boy , o How to Be Good , o A Long Way Down , o High Fidelity e o Juliet, Naked (único que não li - o meu conjunto, comprado em 2012, tinha não este, mas o Slam ). Estava a talvez 24€, e recomendo: não são os melhores livros do mundo, mas são giros, e 24€ por seis livros é um bom negócio. Também havia uma pr

Elina Guimarães

Fui ontem a um sítio que me é muito querido. O Centro de Documentação e Arquivo Feminista Elina Guimarães faz parte da UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta, uma organização da qual já fui voluntária (precisamente no arquivo), e à qual gosto sempre de regressar (ontem, no contexto de um Seminário do Projecto Memória e Feminismos). Quem ler este blog há algum tempo sabe, decerto, o quão importantes as questões de mulheres são para mim. É aliás um assunto que já abordei algumas vezes, e que voltei a abordar no projecto "Março Feminino", da Sandra , em Março deste ano. Ontem, após a intervenção de Adriana Bebiano, professora da Universidade de Coimbra, cujas orações gosto sempre de ouvir, voltei a casa com nomes poetisas portuguesas que tenho mesmo de ler - e com a ainda maior convicção que as Novas Cartas Portuguesas não podem passar deste ano. Também voltei a pensar que tenho de passar lá mais vezes, seja em eventos, seja em regime de voluntariado, e

As impertinências do cupido

Lido a convite da autora, Ana Gil Campos. Esta foi a minha primeira experiência com um ebook em formato "WOOK Reader": o livro foi-me disponibilizado através da plataforma da WOOK (o que faz sentido, dado tanto a WOOK como a chancela CoolBooks fazerem parte do Grupo Porto Editora). Apesar de ser cliente há cerca de dez anos (alguém se lembra como a WOOK se chamava antes? Mudou de nome em talvez 2008...), nunca fui adepta do formato digital. Devo referir que li a obra num computador normal, e a leitura foi agradável - no entanto, segundo percebo, dá também para utilizar em tablet ou telemóvel. Mas adiante. Esta obra passa-se no Bairro Itaim Bibi em São Paulo, cidade na qual a autora morou. Como diz na introdução, neste bairro, vivem a Daniela e o Francisco, a Mónica, a Patrícia e o Filipe, e muitos outros que amam, não amam, desejam amar e serem amados, isto é, não são diferentes de qualquer outra pessoa que vive em qualquer outro bairro do mundo. Ao longo

O que traz a noite

Escrevendo finalmente sobre o primeiro livro do Alexandre, que quero ler há já mais um ano, desde que foi publicado (podem ler mais sobre a minha motivação aqui ). O que traz a noite é uma obra que explora um mundo distópico no qual, uma manhã, o sol não nasce. É noite, simplesmente: fez-se noite e, de manhã, continua a ser noite. E dia após dia a situação mantém-se. Como reagir quando algo que tomamos por garantido desaparece sem qualquer tipo de aviso ou antecipação? E o que fazer quando esse algo é tão necessário quanto a luz do dia? Ninguém sabia exactamente a que horas nascia o sol, se lhe era permitido atrasar-se ocasionalmente, como um trabalhador que também não é mecânico na chegada ao horário de trabalho. É neste mundo que conhecemos as personagens, distintas, mas cujas vidas acabam por se cruzar: Gastão e a sua esposa com problemas de foro psiquiátrico, Maria; Joseph Fritz, um juiz de personalidade fria e metódica; Irene, chefe de uma casa de cuidados pa