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As impertinências do cupido

Lido a convite da autora, Ana Gil Campos.


Esta foi a minha primeira experiência com um ebook em formato "WOOK Reader": o livro foi-me disponibilizado através da plataforma da WOOK (o que faz sentido, dado tanto a WOOK como a chancela CoolBooks fazerem parte do Grupo Porto Editora). Apesar de ser cliente há cerca de dez anos (alguém se lembra como a WOOK se chamava antes? Mudou de nome em talvez 2008...), nunca fui adepta do formato digital. Devo referir que li a obra num computador normal, e a leitura foi agradável - no entanto, segundo percebo, dá também para utilizar em tablet ou telemóvel.

Mas adiante.

Esta obra passa-se no Bairro Itaim Bibi em São Paulo, cidade na qual a autora morou. Como diz na introdução, neste bairro, vivem a Daniela e o Francisco, a Mónica, a Patrícia e o Filipe, e muitos outros que amam, não amam, desejam amar e serem amados, isto é, não são diferentes de qualquer outra pessoa que vive em qualquer outro bairro do mundo.

Ao longo de 13 capítulos, exploramos as vidas de alguns casais e personagens que, vivendo num bairro, acabam por se cruzar. Este é um livro curto e leve, com capítulos dinâmicos e directos, abordando muitos dos problemas das relações amorosas no mundo actual (e mesmo problemas transversais à época). Especialmente demonstrativa dos tempos modernos é a história de Júlia e Roberto:

Os meses foram passando à velocidade de cliques, de gostos, de partilhas de amor, de fotografias dedicadas e devidamente identificadas, e o amor entre os dois parecia fluir tão bem na vida real como na vida virtual (...)

Sendo entre os dois assunto de debate o facto de se darem bem com o vizinho e não terem fotos com ele, por exemplo. A estranheza que era o vizinho não ter redes sociais. E, abrupta e bizarra, a história dos dois termina com um absurdo e cómico final de relação:

- Acabaste de mudar na rede social o estado do teu relacionamento para solteira! - constata Roberto, sentado no sofá ao lado da ex-namorada.

Passamos por dilemas de recém-casados (será que casar não estragou a relação?), de casais tão dependentes um do outro, até que um dia se deparam com a forma como a sua vida teria sido se não estivessem juntos, as personalidades incompatíveis mesmo quando se gosta muito de alguém, as traições desculpadas e as imperdoáveis, o desvanecer de interesses em comum, o final de uma relação através de um avião com mensagem. A sandes do mentiroso, o bolo de maçã e o suco do doido.

E não quero estragar o livro para quem o for ler - e juro que há mais personagens que o Roberto - mas nada é mais absurdo, hilariante e engraçado de ler que a história do Roberto, que não se apaixona por Joana - torna-se obcecado por ela, e infiltra-se na sua vida quase à força.

Roberto conclui que tem de fazer alguma coisa em relação ao sentimento que os une, por isso, começa a pensar numa maneira de matar o seu marido. Assim, Joana será viúva e a viuvez traz uma dignidade requintada, um estatuto que o divórcio não proporciona.

Mas o livro acaba num registo optimista. Porque todos sabem o que significa um beijo sob uma árvore.

3,5/5

Maratona Literária de Verão 2017: 240 pág.

Podem comprar esta edição aqui.

Comentários

  1. A foto que apresentas é portanto uma tirada ao computador certo? :p
    Ler textos grandes em computadores é normalmente sinónimo de estudo por isso não imagino o que seja ler um livro inteiro; para mim (claro que posso mudar de ideias mas duvido) o sentir fisicamente o livro nas mãos, o virar de cada página dá uma certa magia que o digital nunca vai ter mas no futuro cada vez mais livros vão ser apenas e books sem dúvida, é o futuro e vamos ter de viver com isso mais livro menos livro. Posto isto, kudos por teres lido nesse formato xD e pela review, sempre escrita de forma bastante interessante!

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    1. Tirada ao computador, embora não ao mesmo onde li o livro :$

      É verdade, também não me consigo imaginar a trocar totalmente para o formato digital (este livro existe também em formato físico, foi-me é disponibilizado assim)! Não sei se será um futuro inevitável, mas pessoalmente espero que não. Mas também é verdade que um ebook é em geral de muito mais fácil leitura que um desses PDFs que uma pessoa lê para estudar... a formatação, o próprio tipo de ficheiro!

      E obrigado, é claro :p

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  2. E já me disseste algumas vezes como a WOOK se chamava antes mas não me lembro :$

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  3. Olá Bárbara,
    Eu também não consigo ler livros no formato digital, confesso que me casa muito os olhos e não tem o mesmo sabor. Gosto de sentir o livro, de marcar o livro (com os meus separadores/faço coleção ;) ), e gosto de uma coisa pateta de cheirar os livros.
    Gostei da temática do livro e gostava de o ler, mas se só existe em formato digital, vou esperar que passe para papel...claro se isso acontecer.
    Gostei do teu cantinho.
    Beijinhos e boas leituras.
    P.S. Estive a ver se encontrava o antigo nome da wook mas não encontrei, agora estou curiosa.

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    1. Olá, Carla, obrigada pelo comentário! Custa-me mesmo muito ler em formato digital, confesso, mas quando me pedem para o fazer eu tento ceder :) às vezes uso o tablet do meu namorado, neste caso não tinha e li num monitor. Também gosto muito de sentir o papel, as páginas a passar.

      O livro existe em formato físico! Dá para comprar aqui: https://www.wook.pt/livro/as-impertinencias-do-cupido-ana-gil-campos/19139972?a_aid=51bb7bd848b1c esse é o link directo para o formato papel :)

      Também tentei pesquisar, mas não encontrei... mas juro que me lembro de o nome ser outro, de ter mudado!

      Beijinhos, boas leituras :)

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