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autores de estreia

Creio que há, regra geral, dois tipos de leitor: o que lê (maioritariamente) clássicos e autores já estabelecidos, e o que lê (maioritariamente) novidades e livros da moda, porque livros também têm modas.


E isto cria um pequeno vazio: os autores recentes, que, não conseguindo grande publicidade para o seu trabalho, não conseguem chegar ao grande público. Há autores cujo primeiro livro tem já uma audiência: figuras públicas, bloggers, etc (eu li o livro que a Mónica Sintra lançou em 2007: história que poderei elaborar, a pedido). Mas depois há os outros. E estes autores, quem os irá ler?

Há quem considere que escrever/publicar um livro pode ser um trabalho de vaidade - daí a expressão vanity publishing -, mas qualquer pessoa gosta de se orgulhar do seu trabalho, e que o seu trabalho seja, de alguma forma, reconhecido. Enquanto blogger, o reconhecimento passa por ter seguidores e pessoas que comentem as publicações; editoras que me dizem que, não obstante não ter grandes números de seguidores, gostam do que escrevo, de como escrevo, dos livros que escolho; no fundo, reacções que demonstrem que realmente se está a fazer qualquer coisa. Para quem publica um livro, o reconhecimento do seu trabalho é ver que este está a ser lido.

O Hugo Lourenço abordou-me neste sentido. O Hugo escreveu um livro, Ruínas, e, por ser desconhecido, não encontrou muito quem o quisesse ler e escrever uma opinião sobre ele. E, como qualquer autor, só quer que leiam o seu trabalho. Perguntou-me se estaria interessada, e enviou-me a sinopse da editora:

A precariedade laboral e os empregos rotineiros. Uma juventude desiludida e assolada por falsas promessas. As frustrações de um jovem adulto, inteligente e bem preparado, que, num país em crise, não encontra mais que trabalhos mal pagos e incapazes de o fazerem sentir-se realizado.

Meus amigos, quem nunca?

A Tânia Dias contactou-me no mesmo sentido. A própria Tânia tem um blog, no qual também escreve opiniões sobre os livros que lê, e sabe que estas são importantes para a divulgação do seu trabalho. O seu livro, Despedaçada, que escreveu aos 17 anos, é o primeiro de uma saga de fantasia, Broken.

Assumir o seu papel como líder não estava nos planos de Alexia White, mas quando a sua mãe perde a vida num terrível assalto ao castelo, ela vê-se sem opções. 
Num mundo onde os fracos se distinguem dos fortes pelos dons que possuem, Alexia está no topo da lista e precisa de aprender a lidar com os seus dons se pretende recuperar Starnyz das garras do traidor. Ian Bealfire, um homem que exala arrogância e prepotência por todos os poros, parece disposto a ocupar o lugar de seu Mestre. 
Há quem diga que a jovem está destinada a salvar o mundo mas despedaçada pelas perdas que sofreu. Assombrada pelas memórias do passado, será mesmo capaz de salvar o mundo, quando nem a si parece ser capaz salvar?

Por sua vez, o livro do Ricardo Marques Gonçalves, Eu Saltei em Creta, é um romance histórico com inspiração nas conversas que o autor, primeiro-sargento no exército, teve com veteranos da 2ª Guerra Mundial. Neste caso, fui contactada pela editora, no seguimento das dúvidas que o autor tinha sobre o "acolhimento" da sua obra pelo grande público.

Poderá o soldado, mastigado pela guerra, reencontrar o seu lugar entre os homens? Será o amor forte o suficiente para lavrar o solo árido do remorso? Eu saltei em Creta narra o percurso de um jovem prussiano, desde o alvorecer aparentemente encantado do movimento Nacional-Socialista alemão dos anos vinte, até ao desenlace cataclísmico da guerra que levou ao fim do Reich que prometia durar mil anos. Esta obra é inspirada em relatos reais obtidos diretamente de veteranos e nela iremos acompanhar o ingresso do protagonista numa mítica unidade de elite alemã e a sua consequente projeção para as cruentas campanhas de Creta, Rússia, África, Normandia e Ardenas.

Eu enquadro-me no tipo de leitor que lê os clássicos e os autores estabelecidos. No entanto, todos começam em algum lado - todos começamos. Há quatro anos, nunca ninguém teria contactado o meu blog com a expectativa que eu pudesse de algum modo auxiliar na divulgação da sua obra, e hoje isso acontece. E se há quem esteja disposto a dar-me uma chance, a mim e ao meu trabalho, também eu dou a minha disponibilidade para ajudar na divulgação do trabalho dos outros.

Comentários

  1. Elabora a história da Mónica Sintra :p

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    1. Decorria o ano de 2008, primeiro semestre da faculdade e, não sei como (mas sei que teve a ver com o meu trabalho de Análise Prospectiva e Planeamento, que tinha uma fotografia da Ruth Marlene a actuar na Aldeia da Ponte em 2004), a música pimba entrou no diálogo que eu tinha com os meus colegas. Caímos num ponto comum, que foi Mónica Sintra (cujo nome verdadeiro é tipo Mónica Fonseca). Também não sei bem como, mas descobrimos que ela tinha lançado um livro autobiográfico, intitulado "A um passo do abismo"; daí até um de nós descobrir que o livro estava à venda nos Correios da Av 5 de Outubro foi um instante, e eu fui a primeira a fazer anos. Eles fizeram uma vaquinha e deram-mo :o e depois eu li, e todos lemos, e foi épico :p

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    2. Tem altas fotos dela sentada no chão, com legenda do género "como eu me sentia, sozinha, fria, no canto" e um capítulo que se chama "assaltos nocturnos à bomba de gasolina"!

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    3. Eu já conhecia a história mas queria ler novamente :p muito bom mesmo

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  2. Muito obrigada! Penso da mesma maneira. É preciso sermos uns para os outros!

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    1. É preciso quem pense assim :) espero pegar no teu livro em breve!

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  3. Sim senhora, bom post. Fico à espera das tuas reviews dos livros, em particular do de Creta.

    Ia pedir que elaborasses mas o Diogo poupo-me o trabalho :D. Mas agora queria review dessa auto-biografia...

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  4. Outra coisa: eu acho que para além dessa distinção que fazes entre leitores que lêem maioritariamente literatura clássica vs novidades há uma distinção em quem lê maioritariamente ficção vs não ficção (eu estou claramente neste último :/)

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    1. Isso é verdade! O que escrevi aplica-se apenas à ficção: a distinção do autor reconhecido vs autor da moda não existe na non-fiction. Existe? Quero dizer, sei que há autores "populares" no non-fiction (o que talvez se acabe por enquadrar mais no autor reconhecido que no da moda), mas suponho que esta categoria se divida mais por géneros...

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