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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2017

Maison de Victor Hugo

Estando já instalada em Paris, dediquei-me a uma actividade bastante literária: a visita à casa de Victor Hugo. O autor, é claro, dispensa apresentações: escreveu, entre outras obras,  Les Misérables (que só li em versão reduzida, querendo ler o original em francês) e Notre Dame de Paris , que li há dois anos em jeito de celebração da última vez que vim a Paris.   Existem dois museus Maison de Victor Hugo: um em Paris, o outro em Guernsey. A casa de Paris situa-se no nº 6 da Place des Vosges (assim denominada desde 1800, antiga Place Royale), em pleno bairro do Marais, e é onde Victor Hugo viveu de 1832 a 1848. Já queria ter visitado este jardim antes, mas nunca se tinha dado. A Place Royale foi inaugurada em 1612, para celebrar o noivado de Louis XIII e Anne de Áustria, sendo a mais antiga praça da cidade, e contou ao longo dos séculos com vários habitantes ilustres, entre os quais Richelieu (preparem-se para outros posts sobre ele nos próximos dias) e, lá está, Victor

História Militar de Portugal

Incontornável para quem, como eu, estudou Relações Internacionais (na FCSH, ainda por cima). Apesar de nunca ter tido aulas com Nuno Severiano Teixeira, já tinha lido uma das suas obras (a sobre o Ultimatum, que, se não estou em erro, se trata do seu trabalho final de licenciatura). Este livro conta com mais dois autores: Francisco Contente Domingues e João Gouveia Monteiro, dos quais nunca tinha lido nada. Tendo recentemente voltado a estudar, senti que este livro seria uma excelente aposta. Não estava enganada. Este livro começa em 1066, antes da fundação de Portugal, cobrindo os vários acontecimentos até aos dias de hoje. Guerras de território, de expansão colonial, de defesa territorial, o impacto das intervenções militares na política interna, e as missões de paz. É um livro acessível que mostra um lado da história que não é comummente apresentado em Portugal - e esse é já um motivo excelente para o ler. E ao lado da História Militar, com detalhes sobre a evolu

Milarepa

A vida em Montmartre e o sonho que remonta ao Tibete. Tudo começou por um sonho. Começa assim esta curta obra, na qual o protagonista, Simon, se transforma de noite, no alto de montanhas e rochedos e da cor vermelha, num outro homem, com sede de vingança. Nos seus sonhos, Simon é outra pessoa. E Simon não sabe o motivo pelo qual o mesmo sonho lhe surge todas as noites, há anos, até o encontro misterioso com uma mulher, num café, que lhe diz:  - Tu és o Svastika - disse. - Tu és o tio. Tu és o homem por que tudo acontece, a pedra na qual se tropeça no início do caminho. Milarepa  é um livro que fala no budismo tibetano - como Simon vem a descobrir, após o seu misterioso encontro, Svastika é o tio de Milarepa, o tio que tudo tirou daquele que viria a ser uma grande figura, "o grande iogue do Tibete", como diz a contracapa. E Simon fora, um dia, Svastika, e sonha todas as noites o mesmo sonho porque não consegue libertar o ódio da sua alma. Na narrativa,

A Little Princess

Livro perfeito para quem quiser uma leitura de conforto, um livro infantil fofinho. Sara Crewe não é uma princesa - Sara é a filha do Captain Crewe, um jovem viúvo, que a adora e a mima e, um dia, a leva da Índia para estudar em Londres, como todas as meninas de família, para quem a Índia não seria o lugar mais adequado ou saudável onde crescer. O Captain Crewe não se quer separar da sua pequena Sara, mas sabe que é para o bem dela. Miss Minchin, a professora da escola onde Sara é acolhida, não gosta dela, desde o início; mas, por ter apreço pelo dinheiro dos Crewe, aceita os luxos que o Captain Crewe deseja para a sua filha: as bonecas, as roupas excessivas, o conforto. Sara não é a menina mimada que poderia ser - Sara é gentil, generosa, calma, madura para a sua idade. Toda a gente gosta dela, e toda a gente gosta das histórias que Sara conta, da sua imaginação incrível. Sara trata toda a gente bem: desde as suas colegas mais mimadas e crianças, à empregada-quase-escrava

Giovanni's Room

Paris, 1950s. David é um norte-americano que vive em Paris e está à procura de si mesmo enquanto a sua namorada, Hella, decide se se quer casar com ele fazendo uma viagem solitária por Espanha. David está a ficar sem dinheiro - e o pai dele cortou os fundos, na esperança que ele volte para casa, pois considera que, com quase 30 anos, já não tem idade para esses devaneios. O conflito de David reside numa voz interna que não ouve, que tenta não ouvir - a voz que o corrói por dentro, que não o deixa aceitar quem realmente é, que o obriga a ceder à vida convencional e ao falso sentido de segurança: porque, em adolescente, se envolveu com Joey, o seu então melhor amigo. David conhece Giovanni, não por estar à procura de alguém, mas porque precisa de dinheiro e o pede a Jacques, um homem de negócios americano, mais velho, cujo preço é entretenimento, companhia, conversa, ou mais, dependendo do grau de desespero. Jacques sente-se atraído por Giovanni, um barman num bar gay de Paris

Carrie

É a segunda vez que leio este livro (o primeiro livro publicado de Stephen King), tendo-me sido emprestado há anos. Lembro-me de ter visto o filme quando era ainda muito pequena, de a imagem de uma rapariga coberta de sangue no seu baile de finalistas me ter ficado na cabeça. Lembrava-me dos homicídios em massa que se seguiram. Não sou, na verdade, adepta de reler livros (tantos livros para ler, tão pouco tempo, etc), mas decidi dar a este essa chance - a verdade é que adoro o filme, que já tive oportunidade de rever. É uma história que faz parte da cultura popular, e há motivos para isso; a verdade é que há muito mais neste livro que não apenas o sangue de porco, os homicídios, a mãe fanática religiosa. O livro vale a pena mesmo já se sabendo o que se passa, até porque Stephen King introduz, no meio da narrativa, excertos de livros e artigos fictícios que tratam sobre o assunto: desde papers  sobre telecinese, a memórias e entrevistas de alguns alunos e cidadãos de Maine (