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Feira do Livro de Lisboa 2018

O post em que vos mostro a desgraça do ano - e com direito a guest post!


Se decidi juntar tudo num só post, foi porque tenho imensos em atraso e assim fica mais fácil (e também fica mais fácil para o querido leitor julgar-me pela quantidade de livros comprada). Fui três vezes à Feira do Livro de Lisboa este ano. A Hora H é agora mais cedo, pelo que me vi forçada a gastar também dinheiro em comida. Preferia a Hora H 22-23h, sem vergonhas.

Digo também desde já que, entre o meu post e o do meu namorado, que se junta a mim para mostrar as suas compras, esta leitura é ENORME. Não julgo se apenas virem as fotos e comentarem as compras em si, e não a experiência.


28/Maio

Primeira ida à Feira do Livro, primeira prospecção. Fui com o intuito de despachar a LeYa e quiçá outras bancas; fui um pouco mais cedo para fazer um breve estudo, ver o que eu queria da Porto Editora/Bertrand com a etiqueta laranja, que livros podia comprar sem esperar pelas 21h, etc.

Perguntei na FNAC se tinham Hora H, como dizia no site da Feira do Livro, e se sim, como funcionava, e descobri que afinal não. Primeira desilusão do dia.

Na Babel vi preços aterradores de bons. Comprei (não-planeado) O Imperador de Portugal, de Selma Lagerlöf, primeira mulher a receber o Nobel da Literatura, e fiquei a pensar nos clássicos portugueses a 1-3€. Estavam abertas as hostilidades, bem como a minha carteira. Olhei de surra na Porto Editora/Bertrand, para ver onde (ou se) estavam alguns dos meus eleitos, se teriam Hora H, etc. Foi breve (e ficou por ver o lado da direita quase todo). Mais acima, na Cotovia, planeado e sem Hora H aplicável, agarrei logo em AGAMEMNON: Fui ao supermercado e dei porrada ao meu filho e outras peças, de Rodrigo García.

 

Alguns desencantos: Europa-América desprovida do Jorge Amado do fundo de catálogo (talvez na Feira do Livro de Belém, já confirmada para o fim de Agosto?), Presença sem Lygia Fagundes Telles (que eu me apercebesse), e na Pato Lógico | Orfeu Negro folheei e não adorei o livro da Hilda Hilst que tinha pensado adquirir.

Fui ver onde estavam os objectos do meu desejo na LeYa, antes de o meu namorado e co-autor deste post chegar para comermos um hamburger pré-Hora H. Confesso que o hamburger estava melhor do que eu esperava.

Da LeYa, alguns planeados vieram, outros ficaram: vieram os dois volumes de Blacksad ainda vendidos por cá (ficam a faltar o #1 e o #3 que tenho de importar de Espanha), Perguntem a Sarah Gross de João Pinto Coelho (e descobri agora que vai sair este mês edição BIS e eu podia esperar dois anos e comprar ainda mais barato - damn it!), A Costa dos Murmúrios de Lídia Jorge, O Outro Pé da Sereia e As Areias do Imperador de Mia Couto (posso finalmente ler a trilogia!) e, não planeado, O País do Carnaval, de Jorge Amado. Os outros livros decidi que, ao contrário do I volume d'Os Subterrâneos da Liberdade, não iriam esgotar em breve, e ficam para o ano.


Na Relógio d'Água cumpri a tradição anual de comprar um livro de Clarice Lispector; após, no ano passado, ter ficado numa fila para posteriormente ouvir que A Hora da Estrela estava do lado dos fundos de catálogo (a espera fora em vão), este ano tinha espreitado antes para ver o eleito para compra, Perto do Coração Selvagem, do lado "normal"; sabia, assim, que tinha Hora H. Não estava era à espera de comprar o último exemplar disponível (o de exposição)!

Passei na Penguin Random House Portugal mas ainda fiquei a pensar-duas-vezes na compra de João Tordo, e descobri que se calhar quero muito ler Ricardo Adolfo, porque Mizé - Antes Galdéria do que Normal e Remediada é um título demasiado bom.

Voltando à Orfeu Negro | Pato Lógico, perguntei pela colecção Grandes Vidas Portuguesas, que descobri estar disponível na INCM. Eram 21h55 e ficou para outra visita.


31/Maio

Incorri no tremendo erro de ir à Feira do Livro em pleno feriado, querendo despachar e prospectivar algumas compras para nova Hora H quando devia era ter focado na pós-graduação. Tentei olhar para a Tinta-da-China, mas estava lá o Ricardo Araújo Pereira a dar autógrafos e a área estava intransitável. Tentei ver se a Letra Livre tinha livros da Mariposa Azual, mas não fiquei entusiasmada.

Belíssimas promoções na E-Primatur, conjuntos do Dickens, conjuntos de Bambi + Lassie (esta extremamente apelativa), conjuntos Prémio Nobel! Já o livro do dia era o do Mário-Henrique Leiria que comprei no ano passado (como livro do dia!) e ainda não li... as edições estão cada vez mais bonitas, mas não trouxe nada.


Voltei à Babel, e trouxe comigo, pela soma de 5€, uma antologia poética de Bocage e Eurico, o presbítero, de Alexandre Herculano. Voltei a só ver metade da Porto Editora/Bertrand (a mesma metade da outra vez, note-se), porque o nível de gente estava atroz. Fui à INCM e comprei (tinham 50% de desconto e, novamente, ao contrário do que o site da Feira informa, não tinham Hora H) os Grandes Vidas Portuguesas planeados: Aristides de Sousa Mendes e Ana de Castro Osório. Quero muito fazer esta colecção!

Comecei a sentir-me quente, afogueada, terrível. Feira do Livro em feriado, nunca mais.


07/Junho

Melhor ida à Feira do Livro possível: estava a chover, embora não torrencialmente, e havia jogo da selecção. A Feira estava praticamente vazia! O jantar foi, desta vez, cachorro quente, bom mas não memorável, comido à chuva, de pé, porque as mesas e cadeiras estavam encharcados. Ainda a comer, ouvimos o anúncio da Hora H, mas não ficámos particularmente preocupados, porque não havia muita gente e o plano estava delineado.

Primeira ronda: Bertrand/Porto Editora. Decidi trazer dois livros da Helena Vasconcelos, a 2,5€ cada (pechincha!), A infância é um território desconhecido e Humilhação e glória. Também trouxe, por recomendação da Alexandra, As coisas que os homens me explicam, de Rebecca Solnit. De índole mais infantil, Os Mauzões: Episódio 2, de Aaron Blabey, Avozinha Gangster de David Walliams e Romance da Raposa Ilustrado, baseado na obra de Aquilino Ribeiro e com ilustrações de Artur Correia. Destes, apenas o último era planeado; o de Aaron Blabey veio comigo para dar continuidade à leitura da série, até porque a Porto Editora me cedeu gentilmente o Episódio 3, e simplesmente não consegui resistir ao título de David Walliams. Destas compras, apenas o de Aquilino Ribeiro (bem como os Mauzões, este dado ser muito recente) não tinha Hora H.

 

A segunda paragem foi para O livro dos gatos, de TS Eliot, na Nova Vega. A edição é bilingue e ilustrada, dois factores que me chamavam a atenção. Toda a banca da Nova Vega pareceu fascinante, na verdade, e é um catálogo que quero conhecer melhor. O saco com padrão de zebra em que veio o livro acrescentou à curiosidade.

Fomos à Cavalo de Ferro pois, no primeiro dia, o meu companheiro pediu Pan, de Knut Hamsun, mas trouxe, por engano, Fome; durante a troca, fui abordada pela Sílvia, do Boas Leituras - O Dia da Liberdade, que me reconheceu por causa do blog - algo que nunca me tinha acontecido e nunca esperei que viesse a acontecer.


As compras (e a Feira) deram-se por terminadas na Tinta da China. Queria comprar O tempo das criadas, de Inês Brasão, e tinha ficado com Racismo em português, de Joana Gorjão Henriques, na ideia; acabei por só trazer o primeiro, porque nenhum deles tinha Hora H, e o da Inês Brasão era o último exemplar - e o único verdadeiramente planeado dos dois.

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Balanço do plano: Republicanas quase desconhecidas, de Fina d'Armada, não chegou à Feira, assim como As Meninas de Lygia Fagundes Telles, Feminismos de Manuela Tavares e creio que Cruz das Almas de Patrícia Reis. O Memorial de Aires deixei para o ano, bem como vários da lista da LeYa. Trouxe, no entanto, outros livros, que não planeava: todas as minhas compras da Babel (três livros que ficaram pela módica quantia de 10€), o do Jorge Amado e várias das compras na Bertrand/Porto Editora. Sinto que nunca exploro muito bem os catálogos destes dois grupos antes de idas à feira, porque todos os anos penso que vou lá comprar apenas um livro e venho com compras totalmente diferentes.

Trouxe, pela primeira vez, catálogos de várias editoras: da Pato Lógico, da Cavalo de Ferro/Elsinore, da Fábula, da BookSmile, da Livros Horizonte, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, da Tinta da China e da Antígona. Os dois últimos são particularmente cuidados, com uma grossura considerável e, portanto, a estudar com calma. O da Pato Lógico encantou-me e quero comprar basicamente os livros todos.

Ideias para o próximo ano (porque isto se vai aprendendo de ano a ano, e só no ano passado comecei a visitar mais a fundo o espaço da Porto Editora/Bertrand, por exemplo): explorar o catálogo da Assírio & Alvim inteiro, 2019 será ano de poesia, sinto. Explorar os fundos de catálogo da Relógio d'Água. Ver estes catálogos que vieram comigo e planear compras mais diversas!

Ainda de notar que vi a Sandra duas vezes, e a Sónia outras duas.



O post do Diogo

A minha namorada perguntou-me se queria escrever sobre o que comprei na feira do livro deste ano para juntar ao post dela e eu inocentemente disse que sim. E por isso cá estamos.

Devo dizer que gosto muito deste blogue e admiro imenso o que a Bárbara faz aqui mas, não voltando atrás com a palavra, aqui vai a minha parte e por isso peço desculpa.

Para começar e para afastar já possíveis leitores poupando-me o embaraço começo com o que comprei para O MEU ESCRITÓRIO (alguns vão perceber, apesar de não seguirem o blogue, e por isso ninguém vai perceber), ou seja, livros de Direito. Que interessante não é? Bem para mim sim, visto ser jurista. Comprei na minha quarta e última visita à feira do livro deste ano (parecem e são muitas visitas mas cada uma tem as suas nuances) um Dicionário Jurídico da Ana Prata, um dos poucos livros de Direito que me interessava que entrava na Hora H. Livros de Direito como livros técnicos que são, são em geral mais caros que livros não técnicos e estando o Direito em constante mutação são poucos os livros que entrariam em Hora H que me interessariam por isso já sabia que ia largar umas boas notas aqui mas a feira do livro compensa sempre, sejam livros em Hora H ou não e por isso este calhamaço (há pior, muito pior) ficou a metade do preço e era um manual que queria há algum tempo já (há outros volumes mas como irão ver foi uma noite focada no processo civil). Nessa mesma noite aproveitei para comprar, também na clássica Almedina, um manual que versa sobre petições iniciais preparado por Pedro e Luísa Pinheiro Torres, vou presumir (embora não goste de o fazer) que quem esteja a ler isto não queira saber o que raio sejam petições iniciais por isso não me vou alongar no assunto e, pese embora tenha muitas feitas e lidas, este manual vai-me ajudar na elaboração de melhores petições iniciais com certeza.


Como último livro de Direito da noite mas não do total dos que adquiri na feira do livro deste ano comprei Introdução ao Processo Civil: Conceito e princípios gerais à luz do novo código, de José Lebre de Freitas; dei os meus primeiros passos neste ramo antes do novo código por isso é importante continuar a estudar todos os dias.

O outro livro de Direito que trouxe comigo aborda um tema bastante actual pelo que, tal como o de José Lebre de Freitas, não entrava em Hora H: o novo Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, da Ana Fazendeiro e comprei-o não na minha última visita à feira do livro mas num dia de semana, depois de almoço, aproveitando a minha caminhada habitual para dar um passo na feira do livro visto trabalhar perto do metro do Saldanha e chegar ao Marquês num piscar de olhos, em menos de 10 minutos estava lá. Melhor altura para ir à feira do livro, num dia de semana a meio do dia, não estava quase ninguém, tão bom para passear e ver com calma, pena não ter muito tempo para isso e o livro era urgente porque temos um caso no escritório sobre o assunto. No entanto, super rebelde que sou aproveitei para dar uma vista de olhos na feira com relativa calma e comprei mais dois livros. Um deles foi para a minha anfitriã já que sabendo da minha ida repentina à feira do livro pediu-me se lhe podia comprar O que aprendemos com os gatos, da Paloma Díaz-Mas e eu comprei claro. Com ele veio um grátis da Colecção Vampiro da Livros do Brasil, já há dois anos tinham oferecido livros dessa mesma colecção e percebo porquê.

 

Antes de voltar passei pela banca da Fundação Calouste Gulbenkian para comprar um livro que tinha visto aquando de uma outra visita num outro dia. É, dos livros que comprei nesta edição, o qual estou mais ansioso por ler. Acerca do Infinito, do Universo e dos Mundos do Giordano Bruno. Giordano Bruno morreu na fogueira. Sei que não é um facto que se deva dizer ao de leve sem mais, mas pensem nisso e na vossa vida.


Trouxe comigo também mais um livro do Calvin & Hobbes: Há tesouros por toda a parte. Costumava comprar um todos os anos numa mini feira do livro que costuma haver por alturas do Verão em Monte Gordo, mas nos últimos anos não tenho tido férias por essa altura então continuei a tradição de comprar um por ano mas na feira do livro de Lisboa. Estes livros são deliciosos, são cómicos mas tão inteligentes, respect imenso pelo Bill Watterson. Tanto o Calvin & Hobbes como o Acerca do Infinito, do Universo e dos Mundos vão ser lidos nas noites estreladas de Monte Gordo de certeza.

Por falar em noites estreladas (não foi planeada mas sim é uma transição óbvia que tinha de acontecer) e continuando a minha veia infanto-juvenil deste ano na feira do livro, comprei o resto da colecção que me faltava da Livros Horizonte relativa a pintores. Digo resto da colecção como se tivesse imensos mas só tinha um, que tinha trazido comigo o ano passado quando andava a passear precisamente pela feira do livro e reparei no Um rapaz chamado Giotto – achei que podia ser interessante, gosto bastante de pintura mas dos nomes que figuram na colecção era, juntamente com Marc Chagall, um nome desconhecido para mim e por isso arrisquei e gostei tanto. Só de estar a escrever sobre esse livro dá vontade de ler imediatamente os outros quatro, mas tudo a seu tempo. Quando em 2017 fui visitar a Bárbara a Paris fomos ao Louvre novamente claro, e o que achei mais curioso nessa ida foi o facto de, enquanto conversávamos e percorríamos o museu, ter avistado um quadro ao fundo do corredor onde nos encontrávamos e no meio de tantos outros quadros e tão longe ainda me pareceu avistar um quadro do Giotto, seria? Isto pelo que tinha visto no tal livro (tem ilustrações lindíssimas e ainda narra a história do pintor) e, surpresa, era mesmo. Foi surreal e fiquei super feliz e gostei imenso de todo esse momento. São as pequenas coisas percebem?


Portanto, os quatro outros livros da colecção são: Como me tornei Marc Chagall – estou bastante curioso; Apresento-vos Klimt – gosto do Klimt, tanto que costumo comprar todos os anos um calendário para pendurar no meu quarto e este ano o calendário é com pinturas dele; Gauguin e as cores dos trópicos – a Bárbara diz que gostou tanto de uma exposição dele em Paris que até deve ser o primeiro dos quatro que leio, até para lhe emprestar depois!; and last but definitely not the least, Vincent Van Gogh e as Cores do Vento – ah, Van Gogh, dos meus pintores favoritos, enough said. Por acaso até tenho algo a dizer, recomendo a todos verem o filme A Paixão de Van Gogh, que retrata uma investigação por um jovem aos últimos dias de Van Gogh na terra onde acabou os seus dias, face o pleonasmo, mas o filme, a história é nos contada através e somente dos quadros dele, pintados a óleo, muito bonito, completamente diferente de tudo o que já vi, dos meus filmes preferidos (que vi, precisamente, com a Bárbara :p).

Continuando a tal veia infanto-juvenil trouxe comigo, também em mais uma tradição, um livro do Astérix. Desta vez, Astérix entre os Bretões. Tenho ganho o gosto pela BD e afins no último ano, talvez o grande impulsionador tenha sido a tal viagem a Paris para visitar a Bárbara, a banda desenhada francófona tem tanto para oferecer e é tão rica mas não é caso único, pelo que tenho vindo a descobrir a italiana também é muito boa. Mas são gostos claro. E o Astérix é um gosto que já tem uns anos, e espero que continue por muitos mais. Gosto de ler o Astérix em francês com a Bárbara, no fundo ela lê para mim que o meu francês é fraco mas queria referir isso, que gosto muito. Este que comprei é em português.

Por último, no que toca a livros mais infantis, claramente a minha temática deste ano, comprei dois livros de um dos meus autores preferidos, Ondjaki. Uma escuridão bonita e A bicicleta que tinha bigodes, para quem conhece Ondjaki sabe que este tipo de títulos é clássico Ondjaki. É uma tradição também comprar Ondjaki e/ou Pepetela na feira do livro mas este ano só veio Ondjaki, no dia em que os comprei andava a ler precisamente um livro dele, Sonhos azuis pelas esquinas, percebem o que quis dizer em relação aos títulos?

 

Conheço pessoas que não gostam de Ondjaki, como é que é possível pensei eu, mas gostos são gostos claro, não podemos todos gostar de amarelo. Eu não admiro propriamente a sua poesia mas tudo o resto, tão tão bom, por favor leiam se nunca o fizeram, e mesmo que já o tenham feito e não gostado, se já leram e gostaram não preciso de vos incentivar a nada. As minhas razões para comprar certos livros são muitas vezes random e aqui, para além de gostar imenso do autor claro, foram os títulos pois havia mais por onde escolher dele que quero ler no futuro. Uma escuridão bonita tinha ilustrações tão bonitas, não podia não trazer, e A bicicleta que tinha bigodes trouxe porque gosto muito de andar de bicicleta.

Para fazer uma transição sem nenhum sentido trouxe comigo Mein Kampf. Porquê? Porque não gosto de ler só o que acho que vou gostar, gosto de me confrontar, de tentar perceber melhor o ser humano, o seu discurso, o porquê de certas coisas. Se isso vai acontecer aqui? Provavelmente não, mas quero ler.

Em contraponto, num dos poucos momentos de espontaneidade desta edição, comprei mais uma BD: Democracia, de Alecos Papadatos, Abraham Kawa e Annie Di Donna. Foi até mais a Bárbara que me convenceu a comprar o livro por achar ser a minha cara, mas não era difícil convencer-me aqui. Estou bastante curioso e deve ser uma leitura para breve, tal como o Mein Kampf e aliás todos os livros que comprei para mim nesta feira do livro.

 

Democracia, governo, governo sombra. Sim, eu comprei um livro porque gosto muito de ouvir uma pessoa na televisão, pese embora nem sempre concorde com o que pensa. Gosto muito do Governo Sombra (programa da TVI 24 para quem não conhece e é resistente ao ponto de continuar a ler este post) e este ano queria comprar um livro de algum dos membros do programa, comprei um livro completamente ao calhas do Pedro Mexia, o meu ministro favorito. O Mundo dos Vivos, são crónicas, estou ansioso.

Num outro tópico, por norma não leio traduções portuguesas por achar que são fracas em geral, mas como em tudo, há excepções e a Cavalo de Ferro para mim é uma excepção. Já tinha lido uma tradução do Knut Hamsun deles, o livro Mistérios, que é um dos meus três livros preferidos. Por isso, equipa que ganha não mexe e lá fui eu comprar mais um livro do Knut Hamsun, Pan. História engraçada, quando em casa ia arrumar os livros reparei que se tinham enganado e metido no saco o livro Fome, um clássico do autor. Acontece e, visto ter sucedido na primeira ida à feira não houve problema em trocar noutro dia em que lá fui. Mais pressão agora sobre o livro visto o trabalho que me deu, mas por alguma razão acho que o Knut Hamsun não me vai desiludir.

Na senda de autores favoritos está Ferreira de Castro, um nome que até há pouco mais de um ano atrás nunca tinha ouvido falar. Nem ouvi se formos rigorosos. Trouxe comigo o livro A experiência, pedi à Bárbara que escolhesse porque havia mais livros dele, eu queria era trazer um, fosse qual fosse.

Descobri Ferreira de Castro no meu caminho para o trabalho. Trabalhava no Palácio da Pena e no Castelo dos Mouros, entre outros, e gosto tanto de Sintra e de passear que ia sempre a pé, não é fácil mas vale tanto a pena. E como podem ver na foto que tirei descobri o túmulo dele. Passa quase despercebido, mas não a quem conhece bem aqueles caminhos, saudades. Ferreira de Castro queria ser enterrado na serra de Sintra, "desejaria ficar ali para sempre" na serra, "onde as ervas rasteiras vivessem livremente". Ferreira de Castro escreveu a maior parte da sua obra em Sintra.

 

"Um bloco de granito cavado em forma de banco, voltado para a vereda; um banco onde pudesse descansar quem por ali subisse ao castelo ou andasse, em erradios passos, comungando com a poesia de Sintra." E eu sentava-me lá às vezes, vista magnifica, às vezes lia um pouco também. Voltei lá no meu aniversário este ano, já depois de ler A Selva, um clássico do autor, dos meus livros favoritos e que recomendo a toda a gente.

Como referiu uma vez a jornalista Raquel Ribeiro: "Parece que Ferreira de Castro na selva 'se fez homem' e à 'selva', como húmus, haveria de voltar". Não vou spoilar o livro/vida do autor.

Admiro quem tenha chegado até aqui, porque isto é mais um desabafo meu do que outra coisa, os meus pensamentos para mais tarde recordar, e sorrir.

Faltam dois people.

Tal como Mistérios, e A Selva, A quinta dos animais do George Orwell é dos meus livros favoritos. Comprei este livro para a minha mãe. Li este livro há uns anos, foi a Bárbara que me emprestou e tudo, mas em inglês, Animal Farm. A minha mãe redescobriu no último ano o gosto pela leitura e tem lido livros que lhe vou emprestando (gosta muito do Ondjaki!) mas, por uma falha minha que quero e tenho vindo a colmatar, não tenho muitos livros em português, sem ser os portugueses e lusófonos claro (os estrangeiros prefiro a língua original ou traduções em inglês pelas razões acima expostas), logo o meu leque de livros para lhe emprestar está-se a reduzir a um ritmo rápido. Ainda tenho bastantes para lhe emprestar no entanto mas queria algo diferente, queria que ela lesse efectivamente um dos meus livros favoritos. Não sei o que isso diz de mim.


Finalmente, o livro mais rebuscado que alguma vez comprei na vida, Guardas de passagem de nível, de Carlos Cipriano.

A Bárbara queria ir à feira do livro num feriado (sim) e fomos. Muita gente, muito calor humano, filas para verem o Pedro Mexia e o Ricardo Araújo Pereira, descobri quando cheguei a casa que tinha estado lá o Pepetela também. Estou velho de mais para isso, só quero ver as coisas em paz, com tempo. Mas visto termos uma tarde inteira para passear na feira do livro fomos vendo quase banca a banca e parámos na Fundação Francisco Manuel dos Santos porque costuma ter livros interessantes. Comprei este livro porque quando era criança gostava muito de comboios, do cheiro deles e das linhas e das passagens de níveis. Os meus avós, tanto paternos como maternos viviam ao pé da linha de comboio, os maternos ao pé de uma passagem de nível que agora já não existe mas que recordo como se ainda ontem tivesse passado por lá, a janela da casa deles dava para a passagem de nível. Tantas horas a olhar para os comboios, as pessoas e os carros a passar. Eu também jogava futebol e jogos de vídeo mas o que mais gostava era passear pelas linhas de comboio com a minha avó materna, na altura não havia protecções nenhumas e podia-se entrar na linha just like that. Mas era tranquilo, a maior parte das vezes andava nas linhas que não tinham tanto movimento, eram das já velhinhas na altura automotoras. Que saudades, há quem goste por alguma razão de snifar cola ou do cheiro a gasolina, eu gostava e gosto do cheiro das linhas de comboio.

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Tanta, tanta coisa boa (***suspiros de inveja***)
    Vou ficar à espera das opiniões (incluindo desse do Pedro Mexia, pls)
    Boas leituras

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    1. o do Pedro Mexia não sei se o chegarei a ler, porque foi o meu namorado que o comprou e eu não tenho o maior interesse (nem conheço particularmente a pessoa) :) mas sim, veio definitivamente muita coisa :D boas leituras!

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    2. Claro que depois de o ler posso emprestar-te o livro se quiseres :p

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    3. Terás de me dizer sobre o que é :o

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  3. Que post enorme! Analisando as coisas de maneira realista sem construir julgamento algum vivemos numa época em que em geral as pessoas não têm tamanha capacidade de concentração. Mas who cares, gostei muito do convite e foi um prazer contribuir para este teu projecto que gosto tanto :p

    'Se decidi juntar tudo num só post, foi porque tenho imensos em atraso e assim fica mais fácil (e também fica mais fácil para o querido leitor julgar-me pela quantidade de livros comprada)' tens alguns em atraso sim, porque lês taanto :p btw não julgo a quantidade de livros comprada, sei que não compras por comprar, gostas mesmo de ler e vais ler todos esses livros

    'Fui três vezes à Feira do Livro de Lisboa este ano.' fui mais vezes que tu :oo toma toma

    'A Hora H é agora mais cedo, pelo que me vi forçada a gastar também dinheiro em comida. Preferia a Hora H 22-23h, sem vergonhas.' same, deviamos fazer uma petição

    'Fui com o intuito de despachar a LeYa e quiçá outras bancas' que violência Ba! ainda para mais para com uma editora que tantas alegrias nos trouxe :p

    'Perguntei na FNAC se tinham Hora H, como dizia no site da Feira do Livro, e se sim, como funcionava, e descobri que afinal não.' uma das coisas que a feira tem de melhorar

    'Fui ao supermercado e dei porrada ao meu filho e outras peças, de Rodrigo García' ahah tem sempre piada esse título

    'Confesso que o hamburger estava melhor do que eu esperava.' estava fixe mas nada que se compare aquela sandes de leitão de 2014 :p

    Quero muito ler o Perguntem a Sarah Gross de João Pinto Coelho!
    Tal como o Blacksad claro mas quando tiveres o primeiro volume :p

    'Na Relógio d'Água cumpri a tradição anual de comprar um livro de Clarice Lispector' acho piada a essa tua tradição :p

    'Mizé - Antes Galdéria do que Normal e Remediada é um título demasiado bom.' sem dúvida

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    1. 'Incorri no tremendo erro de ir à Feira do Livro em pleno feriado' yup

      'mas estava lá o Ricardo Araújo Pereira a dar autógrafos' e o Pedro Mexia!

      As edições da E-Primatur são lindissimas sim

      'Quero muito fazer esta colecção!' parece bem interessante!

      'Melhor ida à Feira do Livro possível: estava a chover, embora não torrencialmente, e havia jogo da selecção. A Feira estava praticamente vazia!' ter a feira do livro tão calma é um dádiva

      'De índole mais infantil, Os Mauzões: Episódio 2, de Aaron Blabey, Avozinha Gangster de David Walliams e Romance da Raposa Ilustrado, baseado na obra de Aquilino Ribeiro e com ilustrações de Artur Correia.' parece tudo tão prometedor :p

      Quando irás ler O livro dos gatos? :D

      'Sinto que nunca exploro muito bem os catálogos destes dois grupos antes de idas à feira, porque todos os anos penso que vou lá comprar apenas um livro e venho com compras totalmente diferentes.' e aí está uma grande parte da piada :p

      Mais uma ida à feira do livro, vale sempre a pena, só tenho pena que tenham mudado a hora H como referiste mas não se pode ter tudo! Para o ano antes da feira do livro devias fazer um post sobre que livros leste desta feira do livro que tal? :p
      Obrigado pelo convite mais uma vez e cá estarei no teu próximo post como leitor assíduo :p

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    2. É verdade, o texto junto ficou enorme e por isso mesmo convidei, a bold, os possíveis leitores a verem apenas as fotos que ilustram as nossas compras :p obrigada por aceitares o convite :$

      O atraso é mesmo porque a vida não tem sido fácil neste último ano, como sabes :( já tive alguns atrasos no blog mas nada de tão agressivo ou crónico como desta vez!

      Julgas siiiim :$

      Pois foste :ooo

      Não sei se iria funcionar, se calhar este horário levou realmente mais visitantes, é algo que eles verão estatisticamente se resultou ou não, I guess :/ :(

      Não é violência :o a LeYa foi tratada como prioridade, fui lá primeiro sabendo o tempo que ocuparia e sem saber quando iria voltar à feira!

      Sim, houve mais de uma banca que supostamente teria Hora H (segundo o site), mas presencialmente disseram o contrário :/ o sistema de pesquisa do site é também fraco...

      Muito bom título sim :p

      Melhor que a sandes de leitão foi a companhiaaaa :p

      Também quero ler ambos :p tenho de tratar dos Blacksads restantes :$

      Tradição mais súbita de sempre, mas tenho cumprido e tem resultado muito bem para mim :p

      Esse livro vai tão acontecer para o ano :o

      Erro sim :(

      Oh, mas sabes que o Ricardo Araújo Pereira chama bué gente mesmo :$

      Os livros são super bonitos e educativos! Ainda não li nenhum destes dois, mas adorei o outro!

      Super calmo ainda por cima em Hora H :p

      Haha, já li Os Mauzões como sabes, restam agora os outros :p

      Em breve, espero :o

      Sim, grande parte da piada é essa, sem dúvida, mas também gosto de planear a feira, como sabes :p

      Boa ideia :o agradeço imenso tudo, e espero um dia vir a ser assídua leitora do Gâteau Raquete :$

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  4. Inveja da boa, sobretudo porque dificilmente terei acesso, seja o ano que for, à hora H, pois a gente que "bai" do Norte não tem muitas hipóteses de o fazer à semana e à noite... Não me desgracei tanto como tu, mas se pudesse aceder à hora H a história seria outra...
    Fico à espera das correspondentes opiniões!

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    1. Compreendo, Ana! Ainda por cima sendo professora, a possibilidade de ter férias em Maio/Junho, tirar nem que fossem dois dias durante a semana, é muito diminuta, bem sei...
      Quero muito conhecer as tuas desgraças da Feira do Livro, de qualquer modo :) beijinhos!

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