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The Door

The Door, de Magda Szabó, foi lido para o #womenintranslation de 2022, que é como quem diz Agosto do ano passado. Sim, estamos nesse ponto.



Não sabia exactamente ao que ia quando comecei este livro, no qual uma escritora, chamada Madga, é a narradora, e começa por confessar a sua culpa na morte de uma outra mulher, Emerence. Há toques de auto-ficção, quiçá não-ficção nesta obra, a começar pelo nome e ocupação da narradora, mas também outros detalhes biográficos, o marido também escritor, a obra de ambos em tempos banida pelo governo, agora libertada.

Face à possibilidade de voltar a escrever, Magda percebe a necessidade de ter ajuda no trabalho doméstico, sendo-lhe imediatamente dado o nome da maior confiança de todo o bairro: Emerence, uma senhora octagenária que limpa, cozinha, varre a neve no inverno, recebendo as suas poucas amigas para chá na entrada da sua pequena casa, da porta da qual ninguém, sem ser ela, passa.

É Emerence que decide para quem irá trabalhar, não aceitando todos os trabalhos; é Emerence que decide as horas, e a que horas, irá trabalhar para cada pessoa. E é sobre a relação de Magda com esta mulher (que aceita, sim, trabalhar para ela) que a narrativa se debruça, terciarizando todos os outros personagens, como o marido de Madga, uma espécie de sombra, à excepção do cão Viola, adoptado pelo casal mas que se apega estranhamente a Emerence. Magda adora mas, de certa forma, teme Emerence, sobre quem nada sabe, uma relação que, apesar da enorme cumplicidade entre ambas parece desigual: a mulher que limpa a casa dos outros, que ajuda a criar crianças dos outros, saberá, necessariamente, os segredos de toda a gente; mas Emerence não conta nada de si própria a ninguém, não deixa ninguém entrar na sua casa literal nem figurativa, nem sequer permite um vislumbre para lá da porta trancada.

Once again her face changed. She was like someone standing in strong sunlight on a mountain top, looking back down the valley from which she had emerged and trembling with the memory still in her bones of the length and nature of the road she had travelled, the glaciers and forded rivers, the weariness and danger, and conscious of how far she still had to go.

A forma como Emerence guarda a sua vida privada e o seu passado, bem como a sua casa, leva a Magda vinte anos a desvendar, lentamente - uma vida de tragédia, perda e actos altruístas. Mas ao longo das páginas, a personagem de Emerence, a sua estranha personalidade, o seu mistério, tornam-se enormes, transcendentes, tornando o desfecho inevitável - não obstante a presença, ou o papel que a narradora poderia ter tido se as coisas se tivessem desenrolado de outra forma.

In my student days, I detested Schopenhauer. Only later did I come to acknowledge the force of his idea that every relationship involving personal feeling laid one open to attack, and the more people I allowed to become close to me, the greater the number of ways in which I was vulnerable.

Tradução de Len Rix

4/5

Podem comprar uma outra edição em inglês na wook ou na Bertrand, ou em português, na wook ou na Bertrand.


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