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Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2022

Os Anos

Annie Ernaux é um nome que eu já tinha debaixo de olho há algum tempo, e o lançamento em Portugal deste seu livro que é, no fundo, uma memória colectiva de um país e de uma geração ao longo de décadas não me passou ao lado; já o tinha, aliás, na estante, desde então, mas a ansiedade pandémica afastou-me um pouco desta leitura durante algum tempo. Foi este Agosto, com o #womenintranslation, que decidi finalmente que chegara a hora. Os Anos  é uma narrativa/colagem do período entre 1941, quando a autora nasce, e 2006. Não é necessariamente uma autobiografia ou um livro de memórias - é, aliás, um livro de memórias, mas mais que pessoais, colectivas: impressões, eventos, hábitos, músicas, filmes, moda, política, electrodomésticos. Estes são narrados de forma cronológica, na pessoa colectiva do "nós", com algumas memórias pessoais e referências a fotos antigas pelo meio, mas a autora acaba por se desligar de si mesma narrando estes detalhes particulares na terceira pessoa (a sua f

Red Comet: The Short Life and Blazing Art of Sylvia Plath

Como fã de longa data de Sylvia Plath, tive de comprar este livro, não mal soube dele, mas mal saiu em versão capa mole. Red Comet: The Short Life and Blazing Art of Sylvia Plath , de Heather Clark, tem a proeza de ser um livro de quase 1000 páginas sobre uma mulher que morreu aos 30 anos. Já tendo lido The Bell Jar , os Diários completos e a grande maioria da sua poesia antes de ter começado este blog, podem encontrar aqui apenas a minha opinião (antiquíssima) de Ariel e a de Mary Ventura and the Ninth Kingdom , um conto apenas recentemente publicado. Fugi sempre das biografias de Sylvia Plath, porque todas elas me pareciam, até agora, ter sido escritas sob a premissa de que tinha sido Ted Hughes que a levara ao acto derradeiro do suicídio; Heather Clark, no entanto, assume desde logo a sua postura neutra, compondo um livro fascinante e compreensivo sobre a vida de Sylvia, as suas influências, relações (amizades, amorosas, familiares) e saúde física e mental, combinando para esse efei

Feira do Livro de Lisboa 2022

Foi com muito pouco entusiasmo que assisti ao início da Feira do Livro de Lisboa deste ano. Devo, no entanto, começar por adiantar que, ao longo das minhas três visitas (não exactamente na última, que foi feita na missão única de comprar livros do dia específicos para o meu respectivo, num sábado ou domingo - já nem sei - à tarde, a altura em que a Feira se torna impenetrável e agorafóbica). Uma amiga fez também uma visita na qual me comprou um livro do dia - A Época das Rosas , de Chloé Wary, livro do dia da Planeta Tangerina num dia no qual eu não pude ir à Feira - que ainda não tenho comigo. A minha primeira visita foi num sábado - no primeiro sábado de Feira, com o motivo explícito de adquirir, também eu, um livro do dia - Cozinha Vegetariana Rápida e Prática , de Gabriela Oliveira, cujos livros ando lentamente a coleccionar (nunca desiludem). Por insistência de uma amiga, comprei um outro livro do dia para mim no Espaço Porto Editora/Bertrand: Ensaio sobre a Cegueira , de José Sar

Urusei Yatsura, Vol. 1

Aos 15 anos, devorei o anime no qual este mangá se baseia. É muito bom poder ler Urusei Yatsura  tantos anos volvidos. Este é o primeiro volume de 17 (!!!) que a Viz anda a reeditar, deste mangá clássico (começou no final dos anos 70). Do que me recordo do anime, é bastante fiel aos livros - a premissa é que Ataru, um rapaz louco por mulheres, conhece Lum, princesa alienígena que, por um pequeno mal-entendido, fica convencida que estão noivos. Urusei Yatsura  é uma série de humor: a vida do azarado Ataru piora consideravelmente com a chegada de Lum e de todos os alienígenas que ela traz consigo, e há imensas referências culturais japonesas que já no anime me interessavam muito. Os capítulos são episódicos, e julgo que, aparte a introdução sistemática de novos personagens que vão ficando (e há vários que não apareceram ainda neste volume dos quais senti muita falta!), estes não terão grande sequência cronológica. Apesar de algum do humor desta série ter envelhecido mal, com rapazes tara

Bordados

Marjane Satrapi foi o primeiro nome que me ocorreu quando me apercebi que estávmos em Agosto, o mês do #womenintranslation. Já tendo lido Persepolis  e Frango com Ameixas , tinha ainda este por ler na estante, da última colecção Novela Gráfica da Levoir. Parti para este livro já com a ideia de que se tratava de mais um pedaço da vida real da autora, mas que seria uma obra menor que as outras duas que eu já tinha lido. Bordados  é um livro de leitura rápida, relatado pelos olhos das mulheres da vida de Marjane - avó, mãe, tias, vizinhas, amigas - enquanto bebem chá após o almoço, momento em que os homens se retiram e as mulheres aproveitam para ter conversas mais íntimas.   Todas elas contam histórias de momentos das suas vidas, ou de outras mulheres que conhecem, sem qualquer inibição: histórias sobre injustiças, esperanças, sonhos de vida, desilusões, frustrações,  segredos, casamentos mais ou menos realizadores, por amor, conveniência ou até dinheiro. Apesar das muitas restrições que

2022 | Julho e Agosto

Mais um par de meses demasiado longo e, ao mesmo tempo, demasiado lento. Comprados & Recebidos A notícia mais entusiasmante em termos de parcerias é que recebi alguns ebooks para opinião de parte da Little, Brown Book (que não consegue enviar cópias físicas para fora do Reino Unido).  O Apartamento de Paris , de Kelly Bowen, também deu entrada, mas está ainda na minha morada alternativa. Chegaram cá a casa também os muito desejados Urusei Yatsura , de Rumiko Takahashi, Richard III  de William Shakespeare e Crying in H Mart  de Michelle Zauner. Post dedicado à Feira do Livro e suas aquisições virá a seu tempo. Lidos Em Julho li quatro livros, todos eles imensamente diferentes uns dos outros: The Railway Children , de E Nesbit, Tiny Pretty Things , de Sona Charaipotra e Dhonielle Clayton , My Sister my Love  de Joyce Carol Oates, Polina de Bastien Vivés e ainda comecei o The Hitchhiker's Guide to the Galaxy , de Douglas Adams. Mais diverso que isto seria complicado, julgo. Já em