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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2019

Novas Estórias Açorianas

Novas Estórias Açorianas  é um conjunto de contos que acaba por não o ser. Isto porque cada estória é um relato quotidiano, um retrato de costumes, de comportamentos, de pessoas (mais ou menos) banais pelos Açores. E é já o segundo volume de estórias açorianas escrito por Carlos Alberto Machado. (confesso que não li o primeiro) Assim, estas estórias revelam as vidas de pessoas da vizinhança, através de memórias, documentos, de forma muito humana, demonstrando a importância da comunidade. Acompanhamos emigrantes (Canadá e Estados Unidos) regressados ou de férias, grupos de amigos, autarcas, um professor vindo de fora, personagens locais... todos eles vistos como que de fora, mas por quem está, na realidade, dentro. Todas as personagens têm um nome e uma identidade, sendo mais importantes que os acontecimentos, na sua maioria corriqueiros e passíveis de acontecer noutro local que não nos Açores - em qualquer lugar em que haja vida em comunidade, talvez. Fica uma vontade

The Awakening and Selected Stories of Kate Chopin

Um clássico feminista que aguardava na estante há mais anos do que tenho coragem de revelar. Tratando-se de uma edição combinada, romance e contos, decidi começar a minha leitura de Kate Chopin pelos contos. Começo, assim, por falar dos contos, destacando alguns. Estes contos são retratos de algumas das complexidades de ser mulher no Sul Norte-Americano no final do séc. XIX, incluindo as relações com os homens, como o amor romântico pode não correr da melhor maneira, ser incompreendido, não passar de um ideal. Aqui, os casamentos nunca são totalmente estáveis e podem mesmo ser vistos como uma prisão. Mães que se permitem a indulgência em si próprias, o egoísmo, mulheres que têm de confrontar o mundo, mulheres que acabam por descobrir algo sobre si mesmas. Todas estas mulheres procuram a sua felicidade, no fundo - e esta procura acaba por se prender com o racismo, inferioridade, sofrimento, independência, realização pessoal. Destaco três contos. Desiree's Baby  - um

Tangerina

Quando a Escorpião Azul anunciou este livro, eu sabia que tinha de o ter. Eu tinha adorado absolutamente No Caderno da Tangerina ; assim, esta sequela foi a minha grande e planeada aquisição no Festival Internacional de BD de Beja, onde o livro foi lançado. Assim, evitei, a início, ver a exposição da artista, no Festival, com medo de eventuais spoilers . Além de minha primeira compra em Beja, também foi a minha oportunidade de conhecer a Rita Alfaiate, que é de uma simpatia imensa e me autografou o livro, fazendo uma bonita ilustração no interior (ver mais abaixo!). Ver o seu processo criativo foi mágico - e reitero, aqui, o quanto gostei de conhecer a Rita e falar um pouco com ela. Nessa mesma noite, no hotel, e sem conseguir esperar mais, debrucei-me sobre Tangerina . Não sei se já deu para perceber o quanto eu estava entusiasmada. Este novo capítulo da história apresenta-nos o ponto de vista da própria Tangerina, e é um livro sem dúvida feito para quem já tenha li

Um Beijo Dado Mais Tarde

Uma das leituras mais ansiadas - e mais estranhas. Queria ler Llansol desde que a descobrira, há não muito tempo - na Feira do Livro de Poesia de 2018 , muito por acaso. Ficou, então, a promessa (ainda por cumprir...) de visitar o Espaço Llansol, e uma enorme curiosidade acerca do trabalho da autora. Confesso que fui cativada por este título, mais do que uma recomendação concreta ou alguma noção de ser um bom sítio para começar a conhecer a obra de Maria Gabriela Llansol. De facto, e como o posfácio me deu a entender, possivelmente este não era o melhor ponto de partida. A título de referência, ficam as recomendações que o _marianomariano me deu, no Instagram, e que poderão ser melhores sítios para começar: - O Livro das Comunidades - Lisboaleipzig - Casa de julho e agosto - O começo de um livro é precioso (poesia) Este livro parece ter algo de autobiográfico, sem se conseguir perceber exactamente o quê; a escrita e a narrativa são confusas, dispersas, quase

Un peu de Paris

Já tinha este livro em wishlist  há algum tempo quando finalmente o adquiri, na livraria L'Écume des Pages . Num momento de profunda nostalgia, finalmente agarrei neste livro de ilustrações. Sempé é mais conhecido por ilustrar Le Petit Nicolas  (obra que também adquiri em Paris e que, igualmente, ainda não li...). Este livro não tem texto: é um conjunto de desenhos e esboços de Paris, demonstrando a cultura da capital francesa. Cada peça é capaz de fazer esboçar um sorriso, mesmo para quem não tenha a maior familiaridade com a cultura em França. Sendo uma obra recente, pega também nos contrastes e "choques" tecnológicos perante o modo de vida mais tradicional. Temos baguetes debaixo do braço, inúmeras bicicletas, e cenários fáceis de reconhecer, desde a Tour Eiffel ao Café de Flore. Na grande maioria, estes desenhos são a preto e branco, capturando de forma magnífica os cinzentos desta cidade. A atenção ao detalhe - cada personagem é única, mesmo n

2019 | Junho

(não incluirei aqui as  compras da Feira do Livro, já aqui documentadas ) Comprados & Recebidos Junho foi um mês que começou, muito quente, em Beja, no Festival Internacional de BD. Comprei, imediatamente, Tangerina , de Rita Alfaiate e, após a conversa com o ilustrador, Tyler Crook, acabei por comprar o primeiro volume de Harrow County . Já em Lisboa, adquiri, em promoção, os volumes 2 e 3 da série na Kingpin Books, e o 4 na Feira do Livro. No Porto, em visita à Flâneur, comprei um Little Black Classic da Penguin: The Steal Flea , de Leskov, autor que já tinha conhecido e apreciado. As últimas aquisições da Feira do Livro foram, a par do já mencionado  Harrow County 4 , da E-Primatur: Bambi e Lassie , ambos em wishlist há que tempos. A Rita ofereceu-me A Piada Infinita , de David Foster Wallace, um colosso que deverei ler ainda este ano. Por último, da G Floy, recebi uma remessa maravilhosa: o quinto e até agora último volume de Harrow County , Reborn/Rena

Stranger Things - Mentes Inquietas

Preparada para a terceira temporada de Stranger Things ! A série ficou de tal modo popular que agora até há livros. Não é a primeira vez que leio ficção que pretende dar um pano de fundo a séries, como podem comprovar pela vez em que li o Diário de Laura Palmer (e quero muito ler mais livros de Twin Peaks ). Este é o primeiro livro de ficção de Stranger Things , e fala um pouco sobre Terry Ives, a mãe de Eleven, e as experiências MKULTRA em que esteve envolvida, no ano de 1969. Tal como o diário de Laura Palmer, este livro funciona melhor (embora não tão exclusivamente) para quem tenha visto e conheça bem a série. Sendo uma prequela, acaba por não acrescentar imenso à história de Stranger Things , mas é bom entretenimento e é bom acompanhamento para a série. É uma narrativa fácil, e Terry e os seus amigos, namorado e irmã são personagens fáceis de gostar. O enquadramento histórico da Guerra do Vietname proporciona alguns twists interessantes, e a ligação com a série torna

Hilda e o Grande Desfile

Segundo volume desta série adorável. Inicio o post confessando que ainda não vi a série da Netflix, mas continua nos meus desejos e actos a rectificar para breve. Assim, não consigo (ainda!) comparar a série animada com estes livros, que continuam encantadores. (a série estará para breve) Neste segundo volume, temos três aventuras interligadas: o Grande Desfile do título, que procura homenagear um certo pássaro; o confronto com os elfos ostracizados; e a exposição escolar sobre as maravilhas de Trolberg. Sim, porque Hilda e a sua mãe estão agora (semi-)estabelecidas em Trolberg, a cidade que se orgulha de ter tirado território aos trolls. Ou seja, o novo livro começa no ponto em que o anterior terminou: Hilda e a sua mãe acabam de chegar à aborrecida cidade de Trolberg, e a adaptação de Hilda a este novo ambiente é dura. Hilda é uma free spirit, e sente-se confinada na cidade, na escola, na casa, longe da natureza e da liberdade que a floresta lhe davam. E como falar