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Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2019

Nadar na Piscina dos Pequenos

Ainda na luta da poesia. (honestamente? Já estive mais longe de desistir) Golgona Anghel chamou-me a atenção quando li o seu poema Vim porque me pagavam, que pertence a um livro com o mesmo nome. Procurei esse livro na Mariposa Azual, na Feira de Poesia de Campo de Ourique, em Março, mas sem sucesso. Estava esgotado, a autora é agora editada por outra editora, etc. Quiçá um dia. Decidi, assim, passar para este título, mais recente, do qual já tinha reunido algumas, boas, opiniões. Golgona Anghel é de origem romena, mas está radicada em Portugal há muitos anos. A sua poesia, tal como muita da que se escreve e se faz actualmente, tem pouca estrutura - ou terá uma estrutura original, talvez. As temáticas são quotidianas, críticas da sociedade, demonstrando uma ironia e um humor fortemente agressivos. Devia escrever coisas mais divertidas, entreter as massas. Evitar, ao menos, cenas tristes, mudar de roupa uma vez por mês. Podia, decerto, afastar-me, sair do

Le Dernier Jour d'un Condamné

Senti falta de ler em francês. Algo que, aliás, devia fazer com maior frequência: estou cada vez mais convencida de que o meu francês é fraco, e que perco qualidades com o passar do tempo (especialmente do tempo passado sem ler francês). O título significa, em português, "O Último Dia de um Condenado". Neste caso, um condenado à morte - o livro é uma narrativa das seis semanas que antecedem a execução, escrito nas 24h antes do encontro com a guilhotina. Assim, assistimos à condenação de um homem, cujo nome desconhecemos, por um crime que não compreendemos qual é (mas que se pode depreender ter sido homicídio), a sua transferência para a prisão e o tempo aqui passado, junto com outros condenados à morte. A falta de um nome, ou de um crime concreto, torna o livro passível de transcender lugar e tempo; o condenado que acompanhamos é qualquer condenado, não obstante o seu passado ou crime. Acrescente-se que, durante toda a obra, sabemos que o homem em causa é culpado

Travels with Charley

John Steinbeck não estava no seu melhor quando, em 1960, decidiu fazer uma viagem à volta dos EUA. Este mal estar não era apenas físico (ele morreria oito anos mais tarde, de condições cardíacas), mas psicológico: a condição do seu país, o seu lugar no mesmo, o facto de estar a escrever sobre um país que não vê há mais de 20 anos e uma forte dose de wanderlust . A viagem, assim, começa em Long Island, New York, onde ele mora. Para alterar esta situação, Steinbeck, de 58 anos, arranja uma carrinha/caravana personalizada, com cama, frigorífico e casa de banho, à qual chama de "Rocinante", como o fiel cavalo de Dom Quixote.  O plano era reconectar com um país que tinha feito parte da sua ficção, tentar compreender o quanto os Estados Unidos da América tinham mudado ao longo dos anos. O resultado da viagem é este livro: parte memória, parte travelogue , parte ficção (foram, recentemente, descobertas discrepâncias estranhas e vastas na narrativa de Steinbeck; no enta

Pretty Guardian Sailor Moon #2

A minha (óbvia) segunda incursão em mangá! Quando me foi oferecido este volume pelo meu aniversário, soube que o tinha de ler de imediato. Continuo a rever, muito lentamente, o anime, e o ritmo dos livros continua a contrastar muito com o da série animada - mas são um belíssimo complemento um do outro. O primeiro livro acaba num tremendo cliffhanger : a revelação que Mamoru é Tuxedo Kamen, o Mascarado. Enquanto que no anime esta revelação é profundamente dramática, no livro é chocante, mas simples: estão os dois juntos e apercebem-se da verdade. Mais que isso, aqui não há transformações para Mamoru (o fato de Tuxedo Kamen é apenas isso: um fato), que não tem quaisquer poderes e tem de confiar que Sailor Moon faça realmente as coisas. Apesar de tudo, e porque o anime é muito mais longo, a relação deles aqui é estranha: é muito mais construída e desenvolvida no anime. Mas, ainda assim, este momento é muito bonito: É neste livro que começamos a conhecer a Queen

Feira do Livro 2019

Este ano a loucura foi tal que cheguei a ir no primeiro dia. Pior: fui nos três primeiros dias! Mas a justificação é simples: no primeiro dia, havia três livros do dia do meu interesse. No segundo dia, fui pela companhia (mas voltei com dois livros). No terceiro, novamente, livro do dia. Aproveitei para fazer uma missão de reconhecimento do espaço. Eu raramente cedo a livros do dia, atenção: apenas quando sei que não estarão em Hora H, ou quando não sei se estarão. Vendo-me munida de tempo e disponibilidade, e havendo três muito tentadores livros do dia logo para a abertura, desloquei-me à Feira no primeiro dia - algo que nunca tinha feito. Aproveitei a calma, única do início de tarde de um dia de semana, e fiz também o estudo das editoras que pretendia visitar mais tarde (vulgo, em Hora H). Abri hostilidades no espaço da Ponto de Fuga/Grupo Narrativa, onde tive uma maravilhosa conversa com o representante da primeira, e acabei por trazer comigo um livro da segunda: Histórias da

Manual de Prestidigitação

Prestidigitação é uma palavra incrível. Tinha curiosidade há muito tempo para conhecer o trabalho do autor; esta obra, em particular, estava na minha mira desde que vi a palavra "prestidigitação" no título de uma música, nos tempos em que eu não sabia que o B Fachada era a pessoa que parava no meio do corredor no edifício de inglês/geografia da faculdade ( esta música , mais de dez anos volvidos, parece-me horrível; na altura, o álbum esteve em alguma rodagem por estes lados...). Este volume é, na verdade, constituído de vários grupos de poemas, e não só aquele que lhe dá o título, sendo possível acompanhar várias das fases da poesia de Cesariny. Talvez por isso, houve momentos dos quais gostei mais do que de outros - infelizmente, logo o primeiro, Burlescas Teóricas e Sentimentais, não me apelou particularmente, na sua linguagem codificada e desmontagem de imaginário popular. Outros poemas, posteriores, como os de Alguns Mitos Maiores Alguns Mitos Menores Proposto

2019 | Maio

Maio foi o mês em que decidi começar a aprender italiano (e, por isso, entre outros motivos, li um bocadinho menos). Comprados & Recebidos Ui! Após uns problemas com os CTT, recebi a colecção Batman: 80 Anos, da Levoir. Destaco o profissionalismo com que agiram nesta situação menos agradável. Recebi, da Porto Editora, O Primeiro Homem , adaptação a novela gráfica da obra de Albert Camus por Jacques Ferrandez (o mesmo autor da adaptação, que tenho em francês, d'O Estrangeiro). Do meu amor, em prenda só-porque-sim, as Sonata de Otoño / Sonata de Invierno  do Valle-Inclán (referência aqui ). Da Bertrand, a reedição de Terras do Demo , de Aquilino Ribeiro. Para me preparar para dar as boas vindas a um certo gato na minha vida, adquiri The Brothers Karamazov , de Dostoevsky, na tradução Pevear & Volokhonsky. Para um clube de leitura incrível, Sabrina , de Nick Drnaso. Decidi experimentar a subscription box  Books That Matter, com a qual veio The Water

Le Storie: Sangue e Gelo

Mais um  fumetti  da Bonelli. Pelo que compreendo, este quinto volume da Colecção Bonelli da Levoir difere um pouco dos restantes por pertencer a uma série sem personagens fixos, Le Storie. Se os volumes que li anteriormente dependiam de personagens fixos em cenários diferentes (Dylan Dog, Dampyr), aqui os livros podem ser lidos isoladamente, sem qualquer tipo de sequência. Le Storie explora também diversos géneros, sem ter uma temática fixa: fantasia, terror, história, westerns... Ou seja, é uma série que dá liberdade aos seus vários autores (também eles não fixos) para relatos independentes e complexos. Estou rendida à ideia de novelas gráficas independentes de séries (ou volumes omnibus , como aquele que li de The Fade Out ) pois, tal como na ficção normal, gosto de completar uma história. Sangue e Gelo é da autoria do argumentista Tito Faraci (muito ligado à Disney) e ilustrado por Pasquale Frisenda. Aqui, encontramos o que resta do exército napoleónico do início d