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A mostrar mensagens de novembro, 2018

Lucas Scarpone

Bárbara Ferreira lê livros infantis. O autor português (e não só) que provavelmente mais li em toda a minha vida é Álvaro Magalhães. Devorei a série Triângulo Jota até os meus 15 anos e, descobri recentemente, só não li os dois últimos livros da série. A magia especial de Triângulo Jota era o facto de as personagens - Joana, Jorge e Joel - envelhecerem ao longo da série, serem bastante realistas (muito mais que os protagonistas de outras séries infantis), ao mesmo tempo que as situações em que se metiam roçavam o paranormal e assustador sem serem totalmente absurdas. O meu livro preferido dessa série - que desejo reler - é Sete Dias e Sete Noites , e aceito opiniões  discordantes em defesa dos restantes. O autor, portanto, não me era desconhecido, mesmo nunca tendo lido mais nada do seu (incrivelmente vasto) trabalho - ou seja, desconhecia a sua obra para um público alvo mais infantil, como é o caso da série Lucas Scarpone. Lucas Scarpone não é um rapaz adolescente

Ms. Marvel, Vol. 1: Fora do Normal

Não sou particularmente bem versada no que respeita a super-heróis. Nunca lera nada da Marvel, nunca li nada da DC, vi vários filmes do Batman (que adoro) e sinto que a minha experiência se pode resumir a isto. Pesquisei um pouco antes de me dedicar a Ms. Marvel, tendo partido para esta leitura com entusiasmo. Pelo que compreendi, houve outrora uma outra Ms. Marvel, Carol Danvers, que se estabeleceu como Captain Marvel, abrindo assim a "vaga" a Kamala Khan, uma adolescente de origem paquistanesa a viver nos Estados Unidos, que idolatrava Carol Danvers. Algumas coisas a destacar: mesmo sendo um livro de super-heróis, é também um livro sobre Kamala; e mesmo para quem, como eu, se admite leiga neste mundo, é um livro de muito fácil leitura. Transparece que o universo é maior que aquele mostrado, mas ao mesmo tempo, sendo acima de tudo a história de Kamala Khan, não extrapola particularmente para lá da vida íntima da protagonista. Também de destaque são as relaçõ

O Pátio Maldito

Ivo Andrić é um autor acerca do qual tinha muita curiosidade. Nomeadamente, confesso, acerca da Ponte sobre o Drina; mas, tendo encontrado este, mais curto, na biblioteca, decidi arriscar. Antes de mais, também a vida pessoal do autor tem o seu quê de interessante: era amigo próximo de Gavrilo Princip, tendo por isso chegado a estar preso. Sendo Princip uma personagem histórica que me desperta muito interesse, este facto também me trouxe mais curiosidade quanto à obra deste autor. O Pátio Maldito  segue as memórias do falecido Frei Petar, cujos bens os frades inventariam, sobre uma malograda ida a Constantinopla, onde fora enviado por causa de uns negócios difíceis e complicados . Em Constantinopla, Frei Petar viu-se numa situação onde estava no local errado, à hora errada, vítima de uma confusão na sua identidade - e é encarcerado durante dois meses, "sob investigação" e sem interrogatório, no Pátio Maldito. O Pátio Maldito é onde ficavam presos os culpados, o

Midnight's Children

Debati-me com este livro ao longo de três meses. Fui ver Salman Rushdie falar ao Folio, em Outubro de 2016 , sem nunca ter lido nada do autor. Essa lacuna prolongou-se até este ano, vergonhosamente. Dois anos volvidos, li Midnight's Children , o seu primeiro grande sucesso e um dos livros mais aclamados de sempre. E a sensação que retiro é que o livro é demasiado para mim, enquanto leitora. Não sei se demasiado bom - demasiado complexo - apenas demasiado . What's real and what's true aren't necessarily the same. Para começar, esta não é uma leitura rápida, de todo; é uma leitura quase desagradável de tão lenta, devido à multiplicidade de personagens, à densidade da prosa, e à frustração de um narrador que salta de ponto em ponto, frisando coisas que julga serem importantes mas que parecem meros detalhes, negando-se a revelar aquilo que é, de facto, importante. O personagem principal, Saleem Sinai está a escrever uma história sobre a sua vida, ao mesmo tem

Paisagem sem Barcos + Os Armários Vazios + O Seu Amor por Etel

Mais um volume com o trabalho maravilhoso de Maria Judite de Carvalho. Lembrar-se-ão que li Os Armários Vazios ainda este ano, numa outra edição; assim, aqui, saltei a mesma, dedicando-me apenas aos outros textos. Ao contrário deste, que é um romance (ou novella, se preferirem, dado o seu tamanho relativamente diminuto), os outros textos são, como a autora me tinha já habituado, conjuntos de contos. Novamente, vou-me focar nos contos que dão título aos conjuntos; mais uma vez, são os mais longos, mas também (e talvez por esse motivo) os que mais se destacaram. O Seu Amor por Etel foi, na verdade, o meu favorito: a personagem principal é Vitorino, um homem profundamente apaixonado por uma mulher que crê estar além das suas possibilidades. Vive anos obcecado por ela - até que, enriquecendo, decide pedi-la, por telefone, em casamento. E dá-se o profundo desencanto de quem finalmente tem aquilo que sempre quis, mas nunca julgou alcançável. De quem perdera anos a pensar num o

Lady Macbeth de Mtsensk

Descobri este livro quando ganhei bilhetes para a ante-estreia do filme. A personagem principal, que, de certo modo, dá o nome ao livro, é Katerina Lhvóvna Izmáilova: (...) que desempenhou outrora um drama tão terrível que os nossos nobres, a exemplo de alguém de palavra fácil, passaram a chamá-la Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk. (...) Tinham-na dado em casamento ao nosso mercador Izmáilov, de Tuskar, Gubérnia, de Kursk, não por amor ou qualquer atracção, mas simplesmente porque Izmáilov a pedira em casamento, e, sendo ela uma moça pobre, não podia escolher noivo. Confesso que, por motivos que não me recordo, acabei por não ir à ante-estreia (e, até hoje, ainda não vi o filme...); porém, o livro ficou-me na ideia desde então. O título é apelativo: a ideia de Lady Macbeth, o protótipo da vilã, a mulher que incita o seu marido a fazer o mal... e o facto de esta personagem ter inspirado um autor russo! Quando, por acaso, encontrei o livro na Biblioteca Municipal, e

Correr

Odeio correr. Na verdade, não importa, porque a actividade me está clinicamente vedada. Porquê ler um livro com este título, então? Correr  chamou-me a atenção, apesar de tudo, pelo título. Não costumo ler livros sobre desporto (apenas aconteceu uma vez , que eu tenha memória), mas o título, um simples verbo, intrigou-me.  Sou uma pessoa curiosa, suponho. Depois, vi que era sobre um atleta checo, e a República Checa é, à data, o país que mais gostei de visitar . Por último, percebi que se passava durante a Guerra Fria, "na sombra do regime comunista". O subtítulo, muito pequeno, muito discreto, diz, no entanto, romance . Ora, é um livro romanceado sobre uma pessoa real, não exactamente uma biografia; diria que os factores distintivos aqui serão o facto de, durante grande parte do livro, o nome "Zatópek" não ser pronunciado (o narrador apenas se refere ao personagem principal como "Emil"), não ter fontes citadas e não se focar em grandes po

O Anjo Literário

De onde vem a inspiração para escrever? Este livro, de Eduardo Halfon, aborda essa questão, tentando compreender o que levou autores como Hesse, Hemingway ou Nabokov (entre outros) a escrever, ao mesmo tempo que tenta compreender o que o leva, a ele próprio, a seguir a escrita. Aqui, o mundo da ficção e a vida real entrelaçam-se, bem como a vida do próprio autor com as dos autores que tenta compreender. Existe o momento da primeira inspiração literária. O primeiro golpe. Como escritor, suspeito de que todas as pessoas que decidem fazer uma incursão no mundo das letras, sem dúvida, sem dúvida alguma, têm um momento específico de génese literária. Situá-lo é diferente. Dito de outra forma: em que momento é que alguém se torna escritor? Não sei até que ponto sou fã de livros sobre livros, ou sobre outros escritores; gostei muito de Possession , de AS Byatt, e A Rapariga que Roubava Livros  é também uma leitura interessante; Livros , de Zoran Živković, foi interessante mas n

Frida Kahlo: Una biografía

Possivelmente o livro mais bonito que tenho na estante. Tinha já ficado com este livro debaixo de olho em Sevilha , e decidi comprá-lo em Salamanca . Isto, confesso, não sabendo praticamente nada sobre Frida Kahlo, mas porque as ilustrações de María Hesse pareciam lindíssimas. Seria, talvez, a oportunidade perfeita para passar a conhecer Frida - claro que há vários livros sobre ela, mas, tal como com a Marquesa de Alorna , decidi ir pela versão ilustrada. Não me arrependi. Sempre me interessara Frida Kahlo: tinha algumas noções básicas sobre a sua vida e sobre a sua arte, que também não conhecia particularmente. O livro é conciso, interessante e informativo (pelo menos para quem, como eu, não sabia muito sobre a artista). É narrado na primeira pessoa, ligando factos a excertos do seu diário, numa imagem intimista. De uma perspectiva pessoal, aprendemos sobre a sua família, o casamento dos seus pais, a sua infância, adolescência, a relação com Diego, a doença, a morte.

2018 | Outubro

Confesso que tenho gosto em fazer estes posts  de resumos mensais. Recebidos Tive várias boas surpresas este mês. Da Bertrand, recebi Mortina , de Barbara Cantini , um livro infantil super adequado ao Halloween. Da Livros do Brasil, veio A Náusea , de Jean-Paul Sartre, um livro que queria há anos ler e que estive para comprar no ano passado quando estive a viver em Paris. Da Leya, chegou cá a casa  Índice Médio de Felicidade , de David Machado. Da GFloy recebi várias e entusiasmantes prendas: The Fade Out , de Ed Brubaker e Sean Phillips, um policial noir  que tinha debaixo de olho desde o seu lançamento nas bancas; Ms. Marvel , de G. Willow Wilson e Adrian Alphona, uma adolescente muçulmana que descobre ter super poderes; Afirma Pereira , uma adaptação do romance de Antonio Tabucchi que a-d-o-r-e-i , por Pierre-Henry Gomont; e o vol. 1 da série Descender , Estrelas de Lata , de Jeff Lemire e Dustin Nguyen. Comprados Portando-me um bocadinho mal, fui ao lança