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A mostrar mensagens de março, 2018

Sevilha: roteiro literário

Uma roadtrip  que se tornou numa bela chance de descobrir locais e autores novos. De há algumas viagens para cá, comecei a incluir livrarias no roteiro. As livrarias "de cadeia" são sempre opções seguras, mas tenho querido pesquisar livrarias independentes: como, aliás, mencionei no que escrevi sobre a Librairie Delamain , pois têm, geralmente, aquele toque acolhedor que uma FNAC nunca tem. Assim, fui com três nomes na mente para Sevilha: Casa del Libro (cadeia de livrarias que já conhecia de Madrid); Rayuela Infancia, livraria infantil independente; e Un Gato en Bicicleta, livraria-café independente. As três a distâncias muito curtas umas das outras.   O nosso encontro com a literatura começou antes, porém, no Palacio de las Dueñas, local de nascimento do poeta Antonio Machado. Confesso que desconhecia o nome; trata-se do mais novo representante do movimento literário espanhol Generación del 98, grupo de escritores, ensaistas e poetas espanhóis. A loja do Palacio

Os Loucos da Rua Mazur

Quem mais tinha imensa curiosidade para o Prémio LeYa 2017? Já conhecia o nome de João Pinto Coelho, por ter visto óptimas opiniões sobre "Perguntem a Sarah Gross", livro que, confesso, nunca li. Tendo o segundo livro do autor recebido este prémio, senti que era a hora e oportunidade de ler o seu trabalho. O autor parte de um evento histórico, real, como descreve na nota no final do livro: No dia 10 de Julho de 1941, em Jedwabne, pequena cidade do nordeste da Polónia, um grupo de cidadãos, na sua maioria cristão, reuniram à força os seus vizinhos judeus na praça principal e, num festim de violência, conduziram-nos até um celeiro próximo que incendiaram, queimando vivas centenas de pessoas, incluindo muitas crianças. Nos dias que se seguiram, sucederam-se as pilhagens e apagaram-e para sempre os traços seculares da presença judaica na cidade. Há muita ficção (e não-ficção) sobre a II Guerra Mundial; no entanto, a maioria dessa obra fala-nos apenas da dicot

Librairie Delamain

Apesar de já ter ido ao Palais Royal , foi apenas quase dois meses depois que descobri a Librairie Delamain, do outro lado da rua. E o pior é que, apesar das obras do edifício, como podem ver pelas fotos, até era bem visível. A Librairie Delamain é uma instituição - é a livraria mais antiga de Paris, fundada em 1700. Este facto levou-me a tentar perceber o porquê de não ser considerada mais antiga que a Bertrand do Chiado (que data de 1732), e creio que isto se deve ao facto da sua mudança de localização. De facto, a livraria "só" se encontra na rue St. Honoré desde 1906 - outrora, estava nas arcadas da Comédie Française.   Afirma-se como "uma livraria à antiga" ( une librairie à l'ancienne ), apesar de ter sido comprada pela Gallimard nos anos 80 - como, mais recentemente, a LeYa comprou a Buchholz e a Barata, suponho. Vende livros novos e livros usados, tem estantes altas e escadotes para ajudar. É acolhedora (como uma FNAC , por exemplo, nã

A Ilustre Casa de Ramires

Alguém ainda se lembra que este clássico foi debatido em Janeiro no Clube dos Clássicos Vivos? É verdade - já li este livro há mais de dois meses, mas têm sido uns... cinco? meses muito complicados. Torre mais velha que o reino, Torre de Santa Irenéia! Gonçalo "Gonçalinho" Ramires, protagonista desta obra, é o fidalgo da Torre de Santa Ireneia, o jovem, provinciano herdeiro da mais nobre e antiga família de Portugal, que antecede mesmo a formação do reino: os Ramires. Gonçalinho, como lhe chama quem o conhece - diminuindo, de certa forma, o grande fidalgo - é fútil, medroso, inseguro e inconstante; e acompanhamos cerca de um ano da sua vida, os seus 29 anos, ao longo da narrativa. Gonçalo, consciente das suas limitações, quer brilhar - não quer ser apenas um proprietário que vive à custa das suas rendas, quer "servir o reino", como a sua posição lhe exige, ser deputado, alcançar voos mais altos. É neste sentido que Gonçalinho aceita o convite de um c

TAG | Março Feminino

Para acompanhar o #marçofeminino, a Sandra criou esta tag  cheia de humor. Gostaria de responder a esta tag  só com livros escritos por mulheres, mas essa seria uma missão muitíssimo complicada. Fica para breve um post  com recomendações de livros escritos por mulheres. Sim, não?     1. Aqueles dias do mês - Um livro que os homens nunca vão perceber. The Handmaid's Tale , de Margaret Atwood. Eu li este livro há vários anos, e não vi ainda a série (oops) - e acredito que homens possam apreciar o livro, mas nunca irão compreender a 100% o terror que pode estar associado à perda de direitos reprodutivos, direitos sobre o próprio corpo, à ideia de pertença  subjacente em todo o livro. 2. Filha da mãe da depilação - Um livro que te arrepia só de pensar. It Can't Happen Here , de Sinclair Lewis . Porque este livro é uma sátira política, e não uma distopia, e mesmo essa classificação faz com que pareça que pode, sim, acontecer aqui, ou em qualquer outro lugar do