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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2020

L'Art et Le Chat

Demorei mais de dois anos a terminar este livro. A explicação é, na verdade, simples; a língua. Ofereci este livro a alguém que não consegue ler francês, pelo que tive de ser eu a ler, aos poucos, e a traduzir. Antes de mais, sei que este livro não irá apelar a quase ninguém que lê este blog (ou segue no instagram, etc, etc), mas achei tão bom que não podia deixar de falar nele. Comprei este livro em Novembro ou Dezembro de 2017, numa livraria da Boulevard St Michel sobre a qual não escrevi aqui na altura, porque não me despertou grandes sentimentos:a Gibert Joseph, que é uma espécie de megastore só de livros. Na altura, tinha acabado de sair mais um livro da série Le Chat , de Philippe Geluck, intitulado À chacun son chat , e eu tinha ficado curiosa com uma série claramente tão popular na francofonia, mas que nunca vi por Portugal. Por esse motio, achei que faria uma prenda de Natal interessante (para uma pessoa que não lê francês). Este livro é hors série , não faze

Poesia Grega: De Hesíodo a Teócrito

Quando saiu este livro, soube imediatamente que o queria. Especialmente com o recente reavivar da minha paixão pelos gregos - foi um timing  perfeito. Confesso não ter grande conhecimento do trabalho de Frederico Lourenço, nunca tendo lido nem o seu romance (em wishlist ) nem as suas famosas traduções, que admiro. Não sendo eu grande adepta de poesia em geral - como será mais que sabido pelos poucos que lêem o que se escreve por este estaminé -, talvez não fosse este livro a opção mais óbvia para retomar os gregos (especialmente quando tenho ainda a Oresteia na estante por ler); gosto muito dos poucos dramas e comédias que li, mas poesia em si acaba por não me despertar grandes sentimentos em geral. No entanto, o rol de nomes aqui apresentado acabou por ser convincente, por trazer uma miríade de autores dos quais pouco ou nada conhecia sem ser o nome (quando tanto). Dois nomes, para mim, destacaram-se: Hesíodo, cuja Teogonia quero, há muito, ler, e Safo, que estava ta

Fora da Estante #1

O primeiro episódio! Podem comprar aqui os livros mencionados: The Sailor Who Fell from Grace with the Sea, Yukio Mishima | inglês | esgotadíssimo em português A Passage to India, EM Forster | português | inglês The Adventures of Augie March, Saul Bellow | português | inglês The Book of Monelle, Marcel Schwob | inglês | não está traduzido para português The Glass Bead Game, Hermann Hesse | português | inglês Novamente: disponível no  Spotify  na  Apple  e  noutras plataformas . O próximo será daqui a duas semanas.

Druuna, Vol 1: Morbus Gravis - Delta

Ora, a isto é que se chama sair da zona de conforto. O meu respectivo adquiriu este primeiro volume de Druuna  no Amadora BD de 2018 , sendo que voltámos na semana seguinte para ele poder adquirir o segundo - gostou assim tanto. E desde então que insistia para eu ler, não obstante eu já ter vislumbrado algumas páginas e ter alguma noção (preconceito?) que não seria para mim (a cueca reduzida na capa já mo dava a entender). Este primeiro volume compila as duas primeiras histórias, Morbus Gravis, de 1986, e Delta, de 1987, e inclui algum material extra no fim. Druuna é o nome da personagem principal, e conhecemo-la logo no início de Morbus Gravis, deitada na sua cama a folhear livros - que descobrimos estarem há muito banidos. Também nos apercebemos da presença de algo estranho e algo ameaçador chamado Shastar, a quem Druuna promete arranjar "soro". A acção decorre na "Cidade", um ambiente urbano, futurista, extremamente degradado e decadente, onde o

Criminal, vol. 1 - Cobarde + Lawless

Não acredito que só agora comecei a ler esta série! Após ter lido The Fade Out , obra que traz ao clássico Hollywood um ambiente noir extremamente adequado, tinha ficado já com a dupla Brubaker/Phillips debaixo de olho. Assim, esta série, que consta ser do melhor que eles já fizeram, seria, para mim, leitura obrigatória. Este volume combina os dois primeiros arcos da história de Criminal, intitulados Cobarde e Lawless . Os dois volumes interligam-se, com cenários e personagens em comum, mas retratam momentos e protagonistas diferentes. O protagonista de Cobarde é, precisamente, um cobarde: Leo Patterson é brilhante a planear crimes, mas ainda melhor a planear a sua fuga e a sair de más situações. Leo foi criado, no fundo, para ser criminoso, carteirista, qualquer coisa, pelo seu pai. É criminoso profissional, o que era já negócio de família. Mas desde que o seu pai morreu na prisão que Leo procura evitar ao máximo ser apanhado; para isso, tem duas regras fundamentais, não tr

Fora da Estante #0

E no momento que nunca ninguém esperou que chegasse... Criei um podcast . Eu, dona de dicção horrível que muito me embaraça, obviamente após muita reflexão, decidi levar o que faço por aqui um bocadinho mais longe. Sei que estão todos tão chocados quanto eu. A verdade é que, após sete anos a partilhar aquilo que leio, e tendo descoberto a beleza desta partilha, achei que seria engraçado ter outras pessoas a partilhar directamente comigo - e com quem mais queira ouvir - as suas recomendações de leituras. O formato é simples: converso com pessoas que me indicam o seu top 5 de livros favoritos. Foi algo decalcado do podcast da FFMS, e descobri depois que há já formatos semelhantes disponíveis, mas aquela que julgo ser a grande diferença é que os meus "convidados" (credo, que linguagem) são pessoas comuns e que gostam de livros. Pessoas normais a falar dos livros que, de algum modo, as marcaram. Porquê? Porque acho que há, algures, um livro para toda a g

Cry, the Beloved Country

Desafio para Julho : ler um clássico africano ou asiático, fugindo assim ao cânone Ocidental. A minha escolha para o desafio deste mês recaiu em Cry, the Beloved Country , livro de 1948 de Alan Paton por ser um dos dois livros que eu tinha, ainda por ler, elegíveis para o desafio. Foi um dos poucos que escolhi de antemão para o efeito (o de Setembro é outro). Comprei este livro por uma ninharia no Awesome Books há já alguns anos, e estou muito feliz por me ter finalmente dedicado a esta leitura. Talvez seja um livro especialmente interessante de ler à luz dos eventos recentes; fala-nos da África do Sul de imediatamente antes de o Apartheid ter um nome oficial, mas quando o regime de segregação já existia na prática; era já a minoria branca que detinha o poder, a terra, o dinheiro, a justiça. A narrativa acompanha a viagem de Stephen Kumalo, pároco numa terra pequena, rural e extremamente pobre da África do Sul, que recebe uma carta de um colega pároco de Johannesburg,

Descender, vol. 5 - Ascensão das Máquinas

Na recta final. A história arranca precisamente no momento em que ficáramos no quarto volume, com acção a ritmo estável e o sentimento de fim a aproximar-se (as histórias começam a convergir). Tim-21 começa a ter mais iniciativa, e o seu papel está delineado de forma interessante. Aos poucos, os personagens que vimos a acompanhar começam a chegar ao misterioso planeta oceânico Mata (menos o Broca - continuo a adorar o Broca) para o confronto final. Todo este volume serve, de certa forma, de transição para aquele que será o grande evento final, com grande build-up e, como já estamos habituados, termina num impasse.   Tal como na obra de Karel Capek , que viria a inspirar inúmeras histórias, temos aqui o confronto do homem com o robot. É a revolta dos robots, planeada há muito; há grandes momentos neste volume, numa escala interplanetária, mas continuamos a ver o lado pessoal do conflito através dos dois TIMs. É difícil saber que lado estará certo. Continuamos se

2020 | Junho

Junho foi um mês marcado pelo sétimo aniversário deste estaminé , bem como pelo reconhecer que as leituras não vão lá muito bem . Comprados & Recebidos Um único livro deu entrada cá em casa, e já no final do mês; aliás, para poucas leituras, não se justificam muitas compras, certo? O eleito foi  Poesia Grega: De Hesíodo a Teócrito , edição bilingue belíssima em capa dura, com tradução de Frederico Lourenço, acabado de reeditar pela Quetzal. Quem por cá tiver andado em 2013 (ou quem quiser ir aos arquivos) saberá que já tive toda uma fase de ler gregos; aqui, o ímpeto foi retomado com a leitura de Circe . (fiz uma encomenda à Presença que ainda não chegou) Lidos Sei que isto vai soar terrível e ofensivo para quem por norma lê menos do que eu, tendo em conta que eu me queixei de andar pouco motivada para a leitura, logo, a ler pouco - verdade seja dita, e muito graças a arte sequencial, consegui encaixar algumas leituras neste mês. A leitura para o #leroscláss