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A mostrar mensagens de agosto, 2018

Há Gente em Casa

Quem me conhece, sabe que leio pouca poesia - e que gostei muito do pouco que li de Ondjaki. Assim, abracei esta oportunidade de ler o seu mais recente lançamento, Há Gente em Casa . O meu namorado já leu vários livros do autor, incluindo a sua poesia, dizendo que gosta muito mais da prosa, mas dei total oportunidade a esta obra. as feridas falam dos dias na solidão, e da extensão do percurso. trago esse pouco que é quase nada. arrasto ruídos para anunciar a minha vez. chego como quem está ainda por chegar. Não sei muito sobre poesia - não sei falar sobre poesia. Quantas vezes tenho de dizer isto? Mas as palavras de Ondjaki são bonitas, muito bonitas. É um livro pequeno, com poemas pequenos, de rápida leitura; são poemas de liberdade, mas também de solidão. E da vida. Às vezes há gente em casa - mas estamos sozinhos. 4/5 Podem comprar esta edição  aqui .

Contos Exemplares

Regressando a Sophia de Mello Breyner. Sophia é sempre um regresso, mas nunca o regresso mais ansiado: li, na escola, a sua poesia e o Cavaleiro da Dinamarca ; li, por recreação, A Fada Oriana . Se gostei muito do último, o que dei na escola não me disse rigorosamente nada. Assim, com a nomeação desta obra para o Clube dos Clássicos Vivos, perguntei à minha mãe se este livro existia na biblioteca da escola onde ela trabalha. Estudei naquela escola dois anos e, graças às funções da minha mãe, li os livros daquela biblioteca durante muitos mais. Lembro-me em particular de, no 6º ano, ter demorado cerca de dois meses a devolver um livro da Alice Vieira, que tinha na mochila, mas simplesmente esquecia-me de lá voltar. Também me lembro que, em 2000, era membro tão assíduo da biblioteca que fui escolhida para uma visita de estudo especial ao Amadora BD. Trouxe de lá o Diário de Anne Frank, o primeiro Harry Potter, do qual desisti a meio (nem a meio), e foi lá que descobri Milo Ma

Le tour du monde en 80 jours

Confissão: li este livro meio a contra-gosto. Foi o eleito do Clube dos Clássicos Vivos para Maio/Junho, e era um livro no qual eu tinha pouco interesse. Porquê? Porque conhecia a história, por exemplo. Porque sabia que era a história de um tipo que fazia a volta ao mundo em contra-relógio por uma aposta, sabia o seu desfecho (vi os desenhos animados do Willy Fogg em pequena, e confesso que desses gostei e muito)... e não me sentia particularmente cativada. Mas cedi. Li o livro em francês; Verne é um bom autor para quem tem algumas noções de francês, pois escrevia para um público juvenil, logo, sem grandes floreados ou complicações. Do autor, já tinha lido Voyage au centre de la terre , do qual gostara bastante e que já me tinha confirmado esta noção. Phileas Fogg é a pessoa mais apática e pontual do mundo; tudo na sua vida está medido, até as suas emoções, o que é um pouco aterrador. Assim, até a sua viagem está calculada, ao minuto, de modo a saltar de comboio em barco em

Os Armários Vazios

Anuncio desde já a minha total devoção a Maria Judite de Carvalho. Por que é que demorei tanto para pegar neste livro? Tendo já lido Tanta Gente, Mariana , e Seta Despedida (e tendo convencido várias pessoas a ler a autora, especialmente o da Mariana, que é o mais fácil de encontrar), demorei demasiado a pegar neste. Maria Judite de Carvalho tem lugar cativo no meu coração. Fiquei surpreendida, desde início, na leitura desta obra, por se tratar de um romance - a autora tinha-me "habituado" a colectâneas de contos. Mas isso é bom, porque os contos deixam sempre aquele desejo de algo mais. A protagonista é, mais uma vez, uma mulher sozinha em Lisboa: Dora Rosário, viúva há dez anos. Tendo empobrecido rapidamente após a morte do marido, Dora arranjara um emprego num antiquário, e contava com o apoio dos sogros na educação da sua única filha, Lisa. Dora era uma mulher de rotinas: casa, trabalho, uma mulher algo triste, sem tempo para pensar em si. Tudo isto, até ao

Novas Cartas Portuguesas

Mas o que pode a literatura? Ou antes: o que podem as palavras? As palavras podem muito, a atentar na história desta obra. As suas três autoras foram julgadas, em 1973, por terem escrito um livro com teor pornográfico, atentando assim contra a moral pública. Será de pensar que, à época (o livro foi publicado em 1972, na Primavera Marcelista), o livro seria escrito ou publicado já censurado, sendo o dito conteúdo obsceno já filtrado ou subreptício - mas não. O livro foi escrito explícito, e foi publicado explícito. Natália Correia recusou-se a alterar qualquer palavra, mesmo tendo sido instada a editar o livro (já Snu Abecasis tinha passado por problemas semelhantes com a obra de Maria Teresa Horta). Poucos dias depois, o livro era apreendido e enviado à PJ para processo crime. Sendo a obra composta por 120 textos, nenhum deles assinado, muito do processo consistiu em tentar compreender qual das três teria escrito certos excertos, considerados mais obscenos; no entanto, e até

Os Mauzões Episódio #2 Missão Depenada + #3 O bola de pelo contra-ataca

A continuação desta saga incrível! Após ler o primeiro episódio de Os Mauzões , soube que tinha de continuar a seguir as aventuras destes vilões que decidem mudar de carreira. Este livro é tão divertido como o primeiro: neste episódio, o Sr. Lobo, o Sr. Piranha, o Sr. Víbora e o Sr. Tubarão, decididos a melhorar as suas reputações (bem - o Sr. Lobo está decidido, os outros ainda não têm totalmente a certeza), decidem resgatar 10.000 galinhas mantidas em condições super cruéis num aviário ironicamente chamado de Aviário da Felicidade. Muitíssimo reminiscente das condições dos aviários de criação para alimentação ou ovos... O Sr. Víbora fica particularmente entusiasmado com a missão - nunca nos deixando esquecer que uma das suas alcunhas é comedor de galinhas . O Sr. Lobo, dedicado como sempre, sabe que precisa da ajuda de outro mauzão: o Patas, que é hacker  e uma tarântula, e percebe imenso de informática, sendo portanto ideal para os ajudar a despistar o sistema de

A Guerra

Este post  tem o seu quê de batota, pois este livro foi lido, por total acaso, na exposição patente no Museu da Presidência da cidadela de Cascais, à qual fui também por acaso. Admiro imenso o trabalho da Pato Lógico. Conheço, infelizmente (ainda!) mal o trabalho de José Jorge Letria e André Letria, pai e filho, mas admiro imenso aquilo que conheço. Assim, e tendo reconhecido a capa da obra numa visita casual a Cascais (claro que ia à Dejà Lu  - mas saí de mãos vazias!), decidi ir ver a exposição.   A guerra toma a forma brutal de todos os medos. Há poucas coisas que admire mais do que livros infantis que conseguem cativar um adulto. A Guerra  faz isto com total mestria: as frases são curtas, simples, mas acertam onde devem; as ilustrações são minuciosas. Em poucas frases e poucas páginas, os autores mostram e dizem o que a guerra, verdadeiramente, é.   A guerra gosta de reinar entre as ruínas. Estudei Relações Internacionais. Não sou especialista em guerra

2018 | Julho

Já passou mais de metade do ano, mas que raio? Comprados Ia dizer que não comprei nada em Julho, mas comprei um livro que é uma entrevista ao Marco Paulo por 1€ no Jumbo. Foi este: Lidos Neste mês dediquei-me ao #lerosnossos, e li os seguintes títulos de autores portugueses: Clube dos Clássicos Vivos: Contos Exemplares, de Sophia de Mello Breyner   Um livro comprado recentemente: Praça de Londres, de Lídia Jorge   Um autor português recomendado por alguém: Heroínas Portuguesas: Mulheres que Enganaram o Poder e a História, de Fina d'Armada   Um título que não te parece minimamente interessante, mas vais arriscar: Pensar. Sentir. Viver., de Judite Sousa e Diogo Telles Correia  Um livro que te custou uma pechincha: Os Sensos Incomuns, de Maria Isabel Barreno  Bónus: A Guerra, de José Jorge Letria e André Letria   Também acabei de ler Le tour du monde en quatre-vingt jours, de Jules Verne , li Há gente em casa, a novidade de Ondjaki , Call Me by Your

SINtra

Mais um passo na minha conversão às novelas gráficas. SINtra foi uma aquisição não planeada, por parte do meu companheiro, no Contacto, em Abril. Comprou-o por ser da zona de Sintra, tendo inclusive trabalhado em Sintra; na mesma tarde, conhecemos os autores, o Tiago e a Inês , e prometi-lhes uma review  do livro. Na Feira do Livro de Lisboa, reencontrámo-los e eles lembravam-se da promessa ainda não cumprida.  Mas Bárbara Ferreira cumpre todas as suas promessas, mais ou menos tarde, e aqui estamos. SINtra aproveita-se da atmosfera mística da zona, que será familiar para quem a conhece; o nevoeiro, o aspecto fantástico da região, as muitas árvores e lendas. A floresta magnífica envolta em neblina e o respeito que inspira. Nunca/ainda não li O Mistério da Estrada de Sintra , mas se há zona misteriosa é sem dúvida essa. Em particular, os autores inspiraram-se numa casa abandonada, o Casal das Três Marias, nas Azenhas do Mar. Esta casa, que eu desconhecia (nunca tinha id