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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2019

The Fade Out

Adoro um bom noir , embora seja um género que leio e vejo pouco. Li Farewell, My Lovely , e é o único Chandler que li. Gostei de Nathanael West. Recentemente, vi o Gilda . Adoro o Laura . Ainda assim, desde que vi a capa deste livro fiquei com uma enorme vontade de o ler. A capa é lindíssima, a estética dos anos 40, um crime em Hollywood... toda a ideia me apelou. Tenho um interesse um bocadinho mórbido acerca destes assuntos: não só Elizabeth Smart (a Black Dahlia), mas o desaparecimento de Jean Spangler, o homicídio de Georgette Bauerdorf, ou a teoria sobre a morte de Marylin Monroe ser parte de uma conspiração do governo. Tendo em conta os muitos demónios do sistema de Hollywood que estão hoje a ser enfrentados e revelados, não choca que muitos problemas datem já do início da história do cinema; assim, Ed Brubaker e Sean Philips contam uma história fictícia, nos anos 40, que mostram o lado negro de Hollywood após a II Guerra Mundial. Segredos de Hollywood envoltos n

Alice num mundo real

A viagem de uma Alice para um mundo que não é das maravilhas. Quando comprei este livro , foi-me dito que era "um livro estranhíssimo"; não sei se por terem sido homens que mo disseram, e este livro retratar uma experiência infelizmente muito comum para muitas mulheres: o cancro da mama. Alice tem uma vida à qual está habituada: workaholic , tem uma série de amigas, uma ex-namorada, uma amante, um gato. Um dia, descobre que tem cancro da mama, e a sua vida sofre reviravoltas, que acabam por a ensinar que a vida depois do cancro, como diz a capa, "nunca mais é igual... mas vai dar ao mesmo". É, portanto, uma história de luta, de alguém que dá a volta à situação, não obstante a doença, os tratamentos agressivos, a cirurgia.    Nada retira o sentido de humor de Isabel Franc, que nos mostra a sua história sob a personagem de Alice, sem grande dramatismo, de modo muito real. São-nos apresentadas as suas amigas, a sua rede de apoio, é-nos mostrado com

Just Kids

Jesus died for somebody's sins but not mine Adoro a Patti Smith. Para bem da verdade, o único álbum que conheço bem (e que ADORO) é o Horses, e tive também a honra de a ver ao vivo a interpretá-lo em 2015. Há anos que queria ler esta memória, que incide sobre a sua relação longa, complicada e íntima com Robert Mapplethorpe. Why can't I write something that would awake the dead? That pursuit is what burns most deeply. I got over the loss of his desk and chair, but never the desire to produce a string of words more precious than the emeralds of Cortes. Yet I have a lock of his hair, a handful of his ashes, a box of his letters, a goatskin tambourine. And in that folds of faded violet tissue a necklace, two violet plaques etched in Arabic, strung with black and silver threads, given to me by the boy who loved Michelangelo. Também a bem da verdade: não conhecia de lado nenhum o nome de Robert Mapplethorpe. E o central neste livro é, de facto, a relação de ambos, que

Afirma Pereira (GN)

Li o romance no qual esta obra se inspirou no Verão. Altura ideal para ler o livro, acrescente-se. Rapidamente, tornou-se um favorito. A vontade de ler esta adaptação a Novela Gráfica (pela mão de Pierre-Henry Gomont) já era grande: verdade seja dita, foi o lançamento, por parte da G.Floy, desta adaptação, que me deu nova vontade de ler o romance, que não fazia sequer parte das minhas estantes (mas que, graças ao meu namorado, rapidamente lá chegou). A narrativa de Antonio Tabucchi, portanto, já era minha conhecida: Pereira, o anti-herói, o jornalista gordo e apolítico, a cidade de Lisboa deserta no Verão, como sempre, sob um sol abrasador e um calor opressivo - opressivo como o regime político. Pereira sente o calor, mas, até conhecer Monteiro Rossi, não conhece o regime.   A alguns KMs de distância, no país vizinho, a Guerra Civil espanhola, um pano de fundo nunca presente, mas que serve de mote às acções de Monteiro Rossi e da sua namorada Marta, recordando-nos

Recolha De Alexandria

O primeiro volume da "Enciclopédia da Estória Universal" de Afonso Cruz. Após o meu falhado primeiro encontro com o autor, a Paula, cujas frequentes visitas a este burgo me deixam sempre feliz, recomendou-me que tentasse uma obra um pouco diferente: recomendou, precisamente, Enciclopédia da Estória Universal - Recolha de Alexandria . A colecção (será?) da "Enciclopédia da Estória Universal" tem vários volumes, e, segundo compreendo, a Alfaguara Portugal tem lançado um por ano desde 2012. Este primeiro volume tem um "ambiente" mais oriental: sultões, governadores otomanos, Torre de Babel... tocando também em temas como a origem da criatividade de Charles Dodgson, escritores russos, antiguidade grega ou um coleccionador húngaro. Apresenta uma relativamente extensa (dada a dimensão do livro) bibliografia no fim, mas fica difícil separar factos de ficção. Na verdade, é essa a diferença entre "história" e "estória" - e esta

Os Mauzões #4 O Ataque dos Zatinhos

Aparentemente este livro saiu em Julho e eu não dei por nada. Como??? Mas vamos sempre a tempo de retomar esta série magnífica. Deixo desde já a referência ao título deste livro na Austrália, que infelizmente, por motivos que desconheço, não foi utilizado no restante mundo anglófono: Apocalypse Meow . Este livro continua precisamente onde o #3 nos deixou: o Dr. Marmelada ameaça o mundo com um ataque de gatinhos zombies! Mas a Agente Raposa tem uma solução: com a ajuda da Avozinha Jararaca, talvez haja um antídoto para esta terrível ameaça. É preciso levar um espécime para ela avaliar! Há apenas um problema: a Avozinha Jararaca insiste em chamar o Sr. Víbora de "Paparoca"... Mais uma vez, a equipa dos Bonzinhos separa-se de modo a enfrentar o mal de modo mais eficiente: enquanto que o Patas, o Sr. Víbora e o sr. Lobo atacam de frente os zatinhos, o Sr. Piranha e o Sr. Tubarão vão em busca do Dr. Marmelada. Vão ser necessários disfarces e muita paciência - para

Persepolis

Aprendendo um pouco mais sobre o Irão.  Quando a minha madrinha, há uns meses, me contou que ia fazer uma viagem de duas semanas pelo Irão, cuja cultura a fascinava, apercebi-me que não sabia absolutamente nada sobre o país. Pérsia, Golfo, petróleo, guerras contra o Iraque, insurgências recentes, nada mais.  De facto, especialmente depois do 11 de Setembro, o Irão e os iranianos são pintados como "os maus da fita" no mundo ocidental. Mas o Irão não é um sítio mau - são as pessoas que lideram o país que o são. Os iranianos, como todos os outros, fazem parte do mundo e, tal como o resto do mundo, querem ouvir música, ter amigos, sair, ir a festas, usar calças de ganga (e não uma burqa). E é isso que aprendemos neste livro, que nos mostra uma experiência, em primeira mão, de como foi crescer no Irão, precisamente na altura em que as coisas começaram a piorar: fundamentalismo religioso, segregação por género, direitos das mulheres cada vez mais reduzidos, ver vizinho

The Thirteenth Tale

Vi o filme disto muito por acaso há uns anos e adoro cenas góticas. Logo, tive de comprar o livro. Por algum motivo, voltou recentemente o entusiasmo para esta leitura, e chegou finalmente a hora de lhe pegar. Havia um senão: tendo o filme bastante na memória, o plot twist estava igualmente presente. No entanto, e finda a leitura, devo dizer que isso não estragou a experiência de leitura. Comecemos pela protagonista. Margaret Lea trabalha na loja alfarrabista do pai, e é uma jovem introvertida que adora livros e tem a hipótese (ou o privilégio) de passar bastante tempo entre livros e leituras. Margaret não é a personagem mais fácil de gostar de sempre - é enfadonha, o pai dela idolatra-a, a mãe dela parece não lhe ligar nenhuma, a vida da moça parece passar 100% pela loja do pai, sem amigos, sem vida social, sem nada que não seja livros e o pai que lhos fornece. Mas Margaret passa pela vida um bocado como um fantasma, aparentemente apática mas na realidade presa a uma ir