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A mostrar mensagens de março, 2019

Uma Aventura Secreta do Marquês de Bradomín

Há anos que estava para ler Teresa Veiga. Há anos -  a sério . Por recomendação de um amigo, cujos gostos levo muito a sério. Não desiludiu, como eu sabia (é claro!) que não ia desiludir.  Uma Aventura Secreta do Marquês de Bradomín  é um pequeno livro com três contos algo longos, vencedor do Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco em 2008 (prémio que a autora já ganhara em 1992). Outros autores que já ganharam este prémio: Maria Isabel Barreno , Maria Judite de Carvalho , José Jorge Letria , Teolinda Gersão , Urbano Tavares Rodrigues, Ondjaki .... Além daquele que lhe dá o título, temos os contos  As Parcas , a abrir o livro, e O maldito, Marianina e o feitiço da Rocha da Pena , para terminar. O conto que dá título à obra passa-se na década de 1920, com um jovem que lê, na biblioteca do avô, as longas memórias em três volumes do Marquês de Bradomín, soldado, político, aventureiro, amante da arte, Don Juan da Espanha das guerras civis carlistas. Inspirado pela his

PASSATEMPO | Nancy Mitford

Depois de ter lido e adorado o segundo volume da trilogia, e apercebendo-me da fraca popularidade de Nancy Mitford no nosso país... (vencedora anunciada nos comentários) Decidi fazer um passatempo com as edições de ambos os livros em português:  A Procura do Amor e Amor num Clima Frio  (links para os meus posts de opinião)! Ressalvo duas coisas: primeiro, o terceiro livro, que eu ainda não li, não existe por cá (e dá para ler cada livro independentemente). Segundo, este passatempo não tem qualquer afiliação - saiu do meu bolso. Estou a sentir-me generosa, e/ou decidi fazer algo diferente. Como quiserem. Para participar, devem comentar este post  dizendo qual a vossa autora (mulher) favorita, e o porquê.  Este comentário será a participação. Passatempo aberto até dia 3 de Abril. Aberto para residentes em Portugal apenas, e para seguidores do blog, seja no Instagram ou no Facebook , devendo, no comentário, identificar onde me seguem e com que nome (se não seguirem nas

Flores ao Telefone + Os Idólatras + Tempo de Mercês

O terceiro volume da Obra Completa de Maria Judite de Carvalho é o primeiro do qual eu não tinha ainda lido nada. Assim, parti com total desconhecimento para os três conjuntos de contos aqui apresentados (o volume IV está prestes a sair, e é outro do qual não li nada até agora - mas já sei que são crónicas!), tendo apenas como ponto de partida as expectativas extremamente elevadas, dada a qualidade a que a autora já me habituara. Mais uma vez, estas expectativas não saíram goradas; houve, no entanto, uma enorme surpresa: Os Idólatras . Mas já lá chegarei. O primeiro conjunto, de 14 contos, inicia, precisamente, com Flores ao telefone , um conto muito curto (sete páginas apenas) sobre uma mulher, Flores, que procura ao telefone três pessoas: uma colega de trabalho, o ex-marido e a suposta melhor amiga. O telefone, que deveria aproximar  e tornar o contacto mais fácil, torna-se aqui no símbolo do distanciamento, da comunicação sem significado. E as pessoas que Flores con

Diário de Florbela Espanca

Adquiri este livro por ser muito barato e ter alguma curiosidade. Li, há alguns anos, os sonetos de Florbela Espanca e achei decentes, apesar de repetitivos e dramáticos. De facto, Florbela Espanca é conhecida pela poesia recheada de melodrama que encanta adolescentes várias. Não sou a maior fã de poesia, facto que aceito, cada vez mais, com grande normalidade. Mas escolhi este volume em jeito de celebração do Dia Mundial da Poesia. Este diário de Florbela Espanca, também conhecido como "Diário do último ano", é curto, muito, cobrindo apenas o último ano da sua vida. Há uma poetisa cujos diários consistem num dos meus livros preferidos de sempre, mas não é o caso do diário de Florbela. É sempre estranho ler diários reais, de terceiros, e apreciá-los, creio. Algo que foi escrito para o íntimo, a ser dissecado por méritos literários? Mas divago. Lê-se bem, lê-se rápido. É uma escrita confessional. Parece histriónica, narcisista, exagerada. Não é memorá

O Imperador de Portugal

Há muito que queria ler Selma Lagerlöf. Este desejo prende-se muito com o meu encanto pela Suécia, confesso, mais do que por ser a primeira mulher a ter ganhado o Nobel da Literatura; e este volume acabou por vir para minha casa como uma pechincha não planeada da Feira do Livro de Lisboa : estava a 5,00 Euros na Babel, aliado à curiosidade suscitada pelo título. Por que é que uma mulher sueca escreveria sobre um Imperador de Portugal em 1914? Suécia rural, meados do século XIX. O agricultor Jan de Skrolycka não tem grande paixão pela vida, pela esposa Kattrina (com quem casou meio que por conveniência), ou pelo trabalho, e deve-se confessar que não estava particularmente entusiasmado com o nascimento de um primogénito - mas isto muda no dia de chuva em que conhece a sua única filha, a pega ao colo, e sente que ela será especial, porque o seu coração bate mais depressa. Baptizada de Clara Bela (Jan inspirara-se no Sol), a menina faz a vida de Jan e Kattrina valer a pena

Vincent

A vida de Van Gogh em novela gráfica! Ou vá, os últimos anos da sua vida. Eu tinha de ter este livro. Adoro o Van Gogh - fui à exposição Van Gogh Alive  na Cordoaria Nacional, fui ver Loving Vincent ao cinema, fui quase a correr à ala Van Gogh no Rijksmuseum e fui mais de uma vez ao d'Orsay de propósito para poder ver a sua obra, planeei uma viagem a Auvers-sur-Oise que acabou por não acontecer. Portanto, em visita ao Van Gogh Museum, sabia que precisava de adquirir este livro. A artista e escritora holandesa Barbara Stok é mais uma de muitos que se inspiram na vida tortuosa de Vincent Van Gogh, e leva-nos numa viagem ao período intenso que o pintor passou em França, não só em Auvers-sur-Oise mas também em Arles, no Sul, sustentado pelo irmão. Ou seja, os últimos anos da sua vida.   Vincent Van Gogh é-nos apresentado como sendo apaixonado pela arte, e sonha em criar uma casa de artistas em Arles, uma casa amarela, para si e para os seus amigos. Vemos a sua eno

The Haunting of Hill House

"It's the home I've dreamed of," Theodora said. "A little hideaway where I can be alone with my thoughts. Particularly if my thoughts happened to be about murder or suicide or--" Casas nem sempre têm reputações positivas; ora são abrigos, ora túmulos. A proposta deste livro é que a casa pode ser um lugar muito diferente. Hill House é um local que gera medo e terror, alimentando-se dos seus residentes para a sua própria subsistência. Mas Hill House também pode ser um lugar de conforto e calor - a custo da sanidade mental e da própria vida. Desde que lera We Have Always Lived in the Castle  que queria ler mais desta autora, possibilidade que a Book Depository me proporcionou através de parceria . Adianto desde já que a série da Netflix, não obstante ser muito boa, é totalmente diferente do livro, pelo que podem ler o livro e surpreender-se na mesma (e ler esta review  e levar com spoilers massivos também). A premissa deste livro é a de uma e

O Farol / O Jogo Lúgubre

Já ouvira falar sobre Paco Roca, mas este foi o meu primeiro encontro com o autor. Decidi pegar neste livro numa noite em que, não sabendo se ia ter tempo (em termos de sono) de me dedicar a um livro inteiro, este, composto de dois contos, me pareceu uma escolha sábia. Paco Roca é conhecido, em grande parte, por Arrugas , e por alterar algo na sua obra em toda e qualquer edição nova ou estrangeira. Ou seja, com Paco Roca, estamos sempre a ler uma novidade. E eu acho isso bonito. O meu namorado, proprietário do volume em causa, tinha-me alertado que as histórias eram bastante diferentes entre si, tendo gostado mais da segunda. Ambas as histórias têm como pano de fundo a Guerra Civil Espanhola, embora de pontos diferentes; e ambas têm em comum o facto de serem ilustradas a duas cores: preto e azul, no caso d' O Farol , e preto e vermelho, n' O Jogo Lúgubre . No primeiro conto, temos Franscisco, jovem soldado republicano que quer evitar os campos de trabalho para

Love in a Cold Climate

Dois anos volvidos, leio finalmente o companheiro de The Pursuit of Love . Li este livro na minha viagem à Holanda , por saber que ia fazer algumas deslocações entre cidades (e para me distrair no avião). Já tinha saudades de Fanny Logan e dos Alconleigh (Linda, infelizmente, tem muito pouco destaque nesta obra). Este volume, embora seja o "segundo" de uma trilogia (preciso de adquirir o terceiro volume, que não tenho!), não se passa após o primeiro: decorre, sensivelmente, durante o mesmo período de tempo. Se em The Pursuit of Love  Fanny nos relata as aventuras da sua prima, Linda Radlett, aqui temos a história de Lady Leopodina [Polly] Hampton, uma prima afastada de Fanny, pelo lado do pai, filha única dos muito aristocráticos e muito ricos Montdore. A Lady Montdore, Sonia, é produto da aristocracia mais baixa, e o seu casamento com o Earl Montdore é visto como um enorme feito social da sua parte. É-nos descrita como avarenta, egoísta, snob - porém encantadora

Holanda | roteiro literário

Já será suficientemente sabido que, em viagem, gosto de comprar livros e de visitar livrarias e outros pontos de relevância literária. Gosto de me preparar de antemão: listar autores conhecidos do país em causa, ou até da cidade (caso de Manchester, onde comprei Elizabeth Gaskell ), pesquisar livrarias e locais literários, fazer umas compras. Já tinha achado esta missão algo complicada com Espanha: muitos dos autores que me apelam são da América Latina, mais propriamente, pelo que costumo optar por comprar livros em castelhano , e não necessariamente livros de autores espanhóis. Mas a Holanda foi um caso particularmente complicado. O livro holandês mais conhecido é o Diário de Anne Frank , que já li há muitos anos e confesso não me despertar particular atenção. É muito complicado pesquisar autores holandeses, por algum motivo, e recorri à ajuda do público (no instagram ). Valeu-me a Sílvia , que tem acesso a informação privilegiada, e me passou algumas dicas de autores.