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A mostrar mensagens de 2020

The Complete Tales, Beatrix Potter

Uma leitura há muito aguardada. O imaginário de Beatrix Potter está comigo há muito; em garota, via uns desenhos animados baseados nas suas histórias. Talvez seja curioso mencionar que a história que mais me marcou, na altura, não foi a de Peter Rabbit (o seu nome mais sonante), mas as aventuras de Tom Kitten na história de Samuel Whiskers (uma verdadeira história de terror, acrescente-se). Vou, aliás, elaborar esse ponto: as histórias de Beatrix Potter não são necessariamente doces e repletas de finais felizes, como as histórias infantis a que a Disney nos tem habituado. A sanitização de histórias infantis por parte da Disney é, aliás, já muito conhecida - e é de conhecimento comum que os irmãos Grimm não escreveram as histórias mais felizes do mundo. Assim, e se nos identificarmos, de algum modo, com os personagens de Beatrix Potter, é normal que estas histórias tomem contornos amargos para o leitor. Se na história de Samuel Whiskers, é Tom Kitten, como personagem principal, que enfr

Mulheres sem Medo

Não-ficção em forma de arte sequencial? Contem comigo. Esta obra é uma excelente referência enquanto introdução ao feminismo, bem executada em termos informativos e estética. Uma espécie de história abreviada do movimento feminista nos últimos 150 anos, abreviada, claro está, em vários momentos, porque é difícil de compilar tanta informação em 120 páginas. É uma imagem muito decente dada essa limitação, com vários ícones do feminismo diferentes, numa abordagem tão interseccional quanto possível. Pode-se talvez chamar de uma história ilustrada e resumida dos movimentos feministas mundiais desde o século XIX. É impressionante como a autora, Marta Breen, consegue fazer de 150 anos de lutas uma leitura rápida mas importante. Aqui, aprendemos sobre mulheres fortes de países diferentes a travar batalhas importantes - mulheres às quais devemos ser gratas se hoje podemos trabalhar, estudar, votar... não esquecendo a autonomia sobre o próprio corpo e o direito a amar quem se quer. Este é o tipo

Síul, Epilif e o Grande Zigomático

O que é que nos faz rir? Este livro de título enigmático fala de dois meninos: Luís, que tinha tudo para ser feliz, mas nunca ria (e com "nunca", quero mesmo dizer nunca, não é só "raramente"); e Filipe, com uma vida familiar instável e motivos para tristeza, mas que estava sempre a rir. Dois meninos diferentes, e com gostos muito diferentes: ao passo que Luís gostava muito do universo e do espaço, da ciência, Filipe adorava fazer truques de magia e via a magia em tudo. Os dois tornaram-se amigos, e foram capazes de transformar a vida um do outro, como a amizade faz. O que é que nos faz rir? O que é o universo? A amizade acaba por se mostrar como aquilo que de mais mágico há no mundo (mas ter um cão não fica atrás); e o universo, apesar de misterioso, tem mesmo muita magia para oferecer. 3,5/5 Podem comprar esta edição na  wook  ou na  Bertrand

fora da estante #12

 O décimo-segundo episódio! Podem comprar aqui os livros mencionados: O Homem que Confundiu a Mulher com um Chapéu, Oliver Sacks | disponível em  português  | disponível em  inglês Memória de Elefante, António Lobo Antunes | disponível em  português A Criação do Mundo, Miguel Torga | disponível em  português Nómada, Barreto Guimarães | disponível em  português Peças em um acto, Anton Chekhov | disponível em  português Contos Completos, Graça Pina de Morais | disponível em  português Novamente: disponível no  Spotify  na  Apple  e  noutras plataformas . O próximo será daqui a duas semanas.

Ficções

Uma dupla tentativa de participar no Outubro Hispanoamericano da Ana Lopes e, posteriormente, no #nestórias da Mafalda . E a leitura prolongou-se tanto que acabou por entrar também nas leituras prévias à leitura conjunta d' O Nome da Rosa da Ana . Li esta nova edição da Bertrand (com a capa lindíssima do Bosch) em vez da edição em espanhol que me aguarda na estante desde a Feira do Livro de 2016 ; terá eventualmente sido a melhor opção para a minha primeira experiência com Jorge Luis Borges, uma leitura que se revelou mais morosa e difícil que aquilo que esperava. Eu afirmo que a biblioteca é interminável. Os idealistas argumentam que as salas hexagonais são uma forma necessária do espaço absoluto, ou pelo menos da nossa intuição do espaço. Consideram que é inconcebível uma sala triangular ou pentagonal. Na verdade, não sabia bem que tipo de leitura esperava; as pessoas que conheço que já se tinham aventurado com Ficções  diziam ou ter adorado, ou não ter percebido nada. Ficções e

Frango com ameixas

Como ler Marjane Satrapi após ter lido Persepolis ? Em Frango com Ameixas , Marjane Satrapi apresenta-nos um relato da vida e da morte (especialmente da morte) do seu tio, o célebre músico Nasser Ali Khan, que nunca conheceu. A vida de Nasser Ali Khan é-nos contada lentamente ao longo da sua última semana de vida, numa procura de significado repleta de melancolia. É o desistir da vida pela música e pelo amor. Teerão, 1958. Quando o tar  (um instrumento de cordas) de Nasser fica irremediavelmente partido, este procura um novo instrumento que o substitua, sem sucesso, pois tudo lhe soa mal. Faz longas viagens, adquire a elevado custo a versão tar  de um Stradivarius, mas nada é capaz de o satisfazer. A única solução possível parece ser renunciar ao mundo e, durante oito dias, Nasser deseja morrer. Ao longo desta semana, vemos flashbacks vários (e mesmo flash-forwards ), encontros com amigos e família, peças que compõem o puzzle da sua vida e que se encaixam na sua decisão de desistir da

fora da estante #11

O décimo-primeiro episódio! Podem comprar aqui os livros mencionados: O ano da morte de Ricardo Reis, José Saramago | disponível em  português Crime e Castigo, Fyodor Dostoevsky | disponível em  português  | disponível em  inglês Um quarto que seja seu, Virginia Woolf | disponível em  português  | disponível em  inglês A Amiga Genial, Elena Ferrante | disponível em  português Manhã, Adília Lopes | disponível em  português Novamente: disponível no  Spotify  na  Apple  e  noutras plataformas . O próximo será daqui a duas semanas.

PASSATEMPO | Correria dos Pássaros Presos

 Não é a primeira vez que leio Ana Gil Campos. Conheci a autora através do seu livro anterior, As Impertinências do Cupido , um livro leve que cruza as narrativas de várias personagens num bairro de São Paulo. Mais uma vez, foi a autora a convidar-me para ler a sua obra, tendo publicado o primeiro capítulo do mesmo no seu blog, aqui . Tendo o primeiro capítulo aguçado a minha curiosidade, aceitei o convite para ler também esta obra - convido-vos a, pelo menos, ler o primeiro capítulo. É logo aqui que conhecemos a protagonista, uma jovem professora, Cândida. Cândida parece ter uma relação algo sinistra com as redes sociais, como podemos compreender a partir deste capítulo. Cândida não precisou de tirar esta fotografia num simpático momento que passou com eles. Através de uma das redes sociais que usa, e depois de aprovado o pedido de amizade que lhes enviou, escolheu uma das fotografias da família, onde se encontram todos juntos e risonhos num dia de praia, e mandou-a imprimir. Depois,

O Regresso de Telma o Unicórnio

Lembram-se da Telma ? É verdade: a adorável Telma está de volta, num livro com uma capa com ainda mais glitter ! A premissa deste livro é revelada no título, de certo modo: nesta sequela, Telma, a nossa protagonista, volta a "ser" um unicórnio, regressa à ribalta, ao barulho das luzes, etc. A verdade é que o público sentia a sua falta, e Telma reciprocava o sentimento. Claro que a fama tinha sido difícil e tinha tido momentos muito desagradáveis - algo que criara em Telma a vontade de voltar à sua vida não-unicórnio. Mas Óscar, o seu grande amigo que sempre a apoiou, estará do seu lado, a apoiá-la na sua decisão e a ampará-la nos maus momentos. O Óscar é um burrinho adorável, e gosto do seu papel de maior destaque neste livro. O seu afecto por Telma é enternecedor - ele é um verdadeiro amigo e mostra que sempre gostou dela como ela era, mas que também gosta dela se ela decidir tomar um novo rumo na sua vida. Ele encoraja-a a ser verdadeira consigo própria e a fazer o que a de

2020 | Novembro

 Cada vez mais perto de acabar este ano esquisito (não que 2021 vá começar de melhor maneira)... Comprados & Recebidos Recebi uma belíssima remessa da Bertrand, com livros infantis e a amiga toupeirinha: Abre a porta, Toupeirinha , de Orianne Lallemand, O Pedaço que Falta Encontra o Grande O , de Shel Silverstein e o muito ansiado Regresso de Telma, o Unicórnio , de Aaron Blabey. Mais para o final do mês, chegou  Síul, Epilif e o Grande Zigomático , de Nuno Artur Silva. Do último fôlego da Cotovia: Metamorfoses , de Ovídio, Paraíso Perdido  em edição bilingue, de John Milton e tradução de Daniel Jonas,  A cabra ou quem é Sylvia? + Casamento em jogo , de Edward Albee, Ao Arrepio ,de Joris Karl Huysmans, Claro Enigma , de Carlos Drummond de Andrade, O vôo da madrugada , de Sérgio Sant'Anna, Barco a seco , de Rubens de Figueiredo e O caminho da cidade , de Natalia Ginzburg. Deixámos morrer a Cotovia, amigos (mas ainda há alguns descatalogados baratos na mbooks). Por falar em desca

fora da estante #10

O décimo episódio! Eu queria ter feito algo especial e relevante para o décimo episódio. Eu juro que sim. No entanto, fica aqui um breve monólogo em que resumo os episódios anteriores, caso estejam em atraso e/ou queiram saber o que vos pode realmente interessar. Novamente: disponível no  Spotify  na  Apple  e  noutras plataformas . O próximo será daqui a duas semanas.

Ler os Clássicos 2021

A sequela do #lerosclássicos, com algumas novidades. Novidade #1: aboli a fasquia do ano. Se, por um lado, colocar um limite em que o livro teria de ter 50 ou mais anos me fez sentido, por ajudar a filtrar aquilo que se manteve firme em meio século, a verdade é que há livros um pouco mais recentes mas super conceituados. É, além de arbitrário, limitativo. Terei de confiar no discernimento dos participantes. Novidade #2: algumas das categorias. Mas continuamos nos clássicos! Novidade #3: a hashtag mudou para #lerosclássicos2021, porque de repente surgiu (especialmente no instagram) muita utilização "externa" da anterior e assim é mais específico. Ora adiante! JANEIRO | Um clássico de humor (humor é subjectivo; fica ao critério do leitor). FEVEREIRO | Um clássico europeu. MARÇO | Um clássico feminista ou com tema de interesse feminista, questões de género ou LGBT. ABRIL | Um conto ou  novella (livro algures entre as 50-200 páginas; os parâmetros