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A mostrar mensagens de setembro, 2018

Dampyr: Aventuras em Portugal

Abordei este livro com curiosidade extrema. Levei-o comigo nas minhas mini-férias, e foi na verdade o único em que peguei. O meu namorado fez a Colecção Bonelli inteira e, dos vários volumes, começou por me emprestar este (mas tenho curiosidade acerca de alguns outros!). A ideia de publicar duas histórias distintas que se passam em Portugal, por parte da Levoir/Público, é o tipo de coisa que costumo achar um bocadinho labrego - tipo as eternas notícias dos cães d'água portugueses do Obama  -, mas aqui apreciei. Estava bem investigado, bem desenhado, fazia o seu sentido, e talvez as histórias tenham sido escolhidas para o público sentir uma maior proximidade. Harlan Draka, a personagem principal, é Dampyr - um "dampiro", um ser que, segundo a mitologia balcânica, é fruto do cruzamento de um vampiro com uma humana (aparentemente, o contrário é raro). Estes seres têm fortes poderes, dado o seu sangue misto, e podem acabar com vampiros e outras forças do mal. Ha

Kingpin Books

Foi deambulando aleatoriamente por Lisboa com uma amiga que me deparei com a loja da Kingpin Books . A editora já conhecia, tendo lido O Baile  este ano, mas a loja eu nunca tinha visitado; a Patrícia, vendo que se tratava de uma livraria, também quis visitar, e vocês sabem que isto tem tudo para correr mal para a minha carteira, mas lá fomos nós.   Primeira impressão à entrada: espaço amplo, música dos Placebo. Mais tarde, Hole, pelo que o ambiente musical está mais que aprovado de minha parte. Uma parede de Funkos, várias paredes de comics, BD, mangás e novelas gráficas, livros da Disney/Goody que me tentaram seriamente (ai, o Fantomius...), edições portuguesas e inglesas de muita coisa. Muita, muita atenção aos autores e editoras portugueses.   Estive vai-não-vai com vários livros na mão, estive pertíssimo de ceder a toda a tentação, quis comprar a loja toda, mas comprei apenas um livro, da própria editora da Kingpin: Eu Mato Gigantes , de Joe Kelly e JM Ken Ni

Call Me By Your Name

Esta review  foi particularmente difícil de escrever. O motivo prende-se, naturalmente, com o facto de já ter visto tanta coisa escrita sobre o livro... Vi o filme em Janeiro ou Fevereiro. Fui vê-lo cheia de entusiasmo - já tinha o livro na wishlist  desde 2009, mas a saída do filme relembrou-me deste facto. Gostei bastante do filme (é visualmente muito bonito), embora não tenha ficado apaixonada. O interesse no livro voltou a despertar, mas só o li em Julho. Apesar de ter este livro na wishlist  há tanto tempo, a verdade é que este é o tipo de livro que não me apela particularmente... um romance de verão, linguagem floreada, introspecção romantizada de um adolescente. No entanto, a linguagem floreada acertou em cheio para mim, porque este é o tipo de livro que eu não apreciaria pelo conteúdo, pela história que é contada, mas sim na forma em que é narrada. Na linguagem. Que é, por vezes, um bocado pretensiosa. Call Me By Your Name  é, como toda a gente por esta altu

Pensar. Sentir. Viver.

Abordei este livro com as menores expectativas do mundo. Não desgosto de Judite Sousa, mas nunca esperei ou ambicionei exactamente ler um livro escrito por ela. Ganhei este num passatempo no grupo de Facebook (que, desde já, recomendo a toda a gente) Judite Sousa Fashion , e li-o no âmbito do #lerosnossos, como livro cujo título não me apelava por aí além. Não era apenas o título - era o conceito. Mas isto foi preconceituoso da minha parte, pois na verdade eu não fazia ideia daquilo que me esperava. E isto vindo de alguém que admite gostar de ler um non-fiction  mais trashy  de quando em vez. Diogo Telles Correia é psiquiatra, e este livro é uma espécie de entrevista que Judite Sousa faz ao médico de modo a levar temas de saúde mental a um público mais leigo, ou mais abrangente. Não quero com isto dizer que é um livro de divulgação científica - apenas que aborda vários temas importantes de modo a que o leitor comum os possa compreender. O livro divide-se em seis cap

começar a ler em inglês

Sugestões de leitura  by yours truly , Bárbara Ferreira. Esta é uma questão que me colocam às vezes: por "onde" começar a ler em inglês? Quando a minha adorada colega do lado do meu antigo trabalho me disse que estava a pensar comprar o 50 Shades of Grey  para este propósito, senti que estava na altura de fazer uma intervenção. Não sou apologista de se recorrer ao  trashy  para uma leitura fácil. Por outro lado, não sou apologista de fazerem como eu que, aos 16 anos, comprei Charles Dickens em inglês. Ficam aqui portanto algumas sugestões alternativas de leitura que não é necessariamente aterradora, não obstante a língua. Primeiro truque: ler um livro com cuja história estejam familiarizados - pontos extra se for um livro infantil ou juvenil. Ou seja, é a altura ideal de colocarem as 73 vezes que leram o Harry Potter  à prova! Um dos meus primeiros livros em francês, a título de exemplo, foi Les Malheurs de Sophie , da Comtesse de Ségur, livro que tinha lido mais

Os Sensos Incomuns

Lendo a segunda das três Marias. Maria Isabel Barreno será mais conhecida pela sua participação nas Novas Cartas Portuguesas , mas, tal como as outras autoras do livro, tem a sua própria obra. Os Sensos Incomuns estava estupidamente barato na WOOK e comprei-o, no ano passado, por menos de 1€. Trata-se de um muito curto livro de contos, daqueles a ler facilmente no decorrer de um dia. Aparentemente, em 1993, ano da sua publicação, foi largamente premiado. A meu ver, merecidamente; não sou a melhor pessoa a avaliar contos, dada a sua reduzida dimensão, tudo o que deixam por dizer naquilo que dizem - tenho lido vários livros de contos este ano e cada vez sinto mais essa dificuldade (veja-se tudo o que li em Abril, e a minha leitura seguida de livros de contos, agora, com Lídia Jorge e Maria Isabel Barreno). O que posso dizer é que gostei, e muito. As amigas terá sido talvez o meu conto preferido - o segundo do livro, pronto para cativar o leitor -, mas muitos outros houve

Praça de Londres

O meu segundo encontro com Lídia Jorge. Ou quiçá terceiro - além de O Vale da Paixão , fui a uma conferência que ela deu no Centro de Estudos Judiciários em Junho. Mas não sei se conta. Nunca lera Lídia Jorge na versão contista; nunca li muito de Lídia Jorge, aliás, só li estes dois, e tenho ali ainda por ler O Belo Adormecido  e a Costa dos Murmúrios , que me foi descrito como livro essencial. Mas ainda não lá cheguei. Praça de Londres  é, como nos indica a capa, um conjunto de cinco contos situados . Talvez esta descrição se deva ao facto de todos eles terem uma localização geográfica precisa - seja a Praça de Londres, seja a Rue du Rhône, seja a zona de Entrecampos... Li grande parte deste livro (curto, muito curto) no muito trânsito que apanhei num dia de greve dos professores. É sempre interessante ler sobre Lisboa quando se está num eléctrico, símbolo tão típico da cidade. Mas adiante. O meu conto preferido foi Viagem para dois , onde um gato dá à dona o s

Heroínas Portuguesas: Mulheres que Enganaram o Poder e a História

A primeira leitura do Ler os Nossos , na categoria de livro recomendado. Este é um livro para o qual eu tinha elevadas expectativas (apesar de quem mo recomendou não o ter adorado por aí além) - e que clarifico desde já que saíram um bocadinho goradas. Houve tempos em que as heroínas eram as que morriam em defesa da sua fé. Nasceram assim as santas. As “minhas” heroínas não estão em paralelo com os heróis. São outras. Não sei se as heroínas selecionadas para esta obra serão heroínas para toda a gente. Mas são as “minhas” heroínas, aquelas que considero valorosas em nosso tempo. Fina d'Armada foi historiadora e mestre em Estudos sobre as Mulheres, tendo escrito diversos livros sobre o papel das mulheres na história de Portugal. Note-se o papel fraquíssimo que é dado às mulheres nas narrativas históricas, em geral, excepto quando é para fazer delas uma versão de Lady Macbeth - destacarei Marie Antoinette , ou Erzsebet Báthory, vilificadas como ambiciosas ou cruéis, 

Salamanca literária

Após ter partilhado convosco um roteiro literário de Sevilha e várias livrarias de Paris , chegou a vez de Salamanca. Salamanca é uma cidade que já visitei algumas vezes e que adoro, mas na qual nunca tinha comprado um livro. Calhou que, desta vez, e sendo que quero melhorar o meu español, quis conhecer algumas livrarias também. Na minha lista de livrarias a visitar (note-se que planeei ir a Salamanca com talvez três dias de antecedência) iam apenas duas: a Letras Corsarias e a Librería Victor Jara. Elaborei também, em cima do joelho, uma lista de quatro modestos títulos: Patria, de Fernando Aramburu Frida Kahlo, de María Hesse Últimas tardes con Teresa, de Juan Marsé La ridícula idea de no volver a verte, de Rosa Montero Note-se, antes de mais, que qualquer bibliómano que se preze (ou mesmo qualquer turista) deve parar obrigatoriamente na Casa de las Conchas, biblioteca pública e edifício icónico da cidade...   E foi aí que começou o roteiro literário,