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A mostrar mensagens de abril, 2019

O Mistério do Quarto Amarelo

Como já aqui tinha revelado , a Colecção Vampiro nunca me apelou particularmente. Será, eventualmente, defeito meu: não sou a maior fã do género policial, ou de mistério. No entanto, este lançamento entusiasmou-me particularmente: por ser da autoria de Gaston Leroux, autor do Fantasma da Ópera , entusiasmou-me no imediato. Adoro a Opéra Garnier e ando há ano e meio a prometer um post  sobre a mesma, bem sei. Fiquei impressionada quando descobri que o autor do drama gótico de que tanto gosto tinha sido importante escritor de mistérios. Aliás, a narrativa de O Mistério do Quarto Amarelo  é extremamente influente num subgénero que desconhecia: o "Locked Room Mystery", que é como quem diz, mistério num quarto fechado. Este é um subgénero que, na verdade, já tinha lido (os Murders in the Rue Morgue  de Edgar Allan Poe são um outro exemplo do género) - um crime cometido num cenário aparentemente impossível, um quarto fechado, sem aparente acesso possível a partir d

Mouschi, O Gato de Anne Frank

Prenda da querida Paula, precisamente em vésperas de viagem à Holanda . (onde, como já saberão, não visitei a casa de Anne Frank ) Anne Frank e o seu diário não precisarão de qualquer introdução; é um dos livros mais lidos no mundo, e está traduzido numa miríade de línguas. Não aprecio particularmente o Diário de Anne Frank, por motivos vários, mas aprecio José Jorge Letria (um dos melhores escritores portugueses para crianças e jovens, se não o melhor) e acredito que este seja fã de gatos - afinal, comprei, na Festa do Livro de Belém do ano passado, o seu livro Versos com Gatos , que ainda não li. Ou então, é só coincidência ter escrito também sobre Mouschi. Mouschi existiu mesmo, tendo sido levado para o anexo onde os Frank viviam por Peter van Pels. Este pequeno livro mostra, pelos olhos de um gato, o dia-a-dia das famílias que durante dois anos se refugiavam da guerra e esperavam pela liberdade no anexo. Assim, em 36 páginas apenas, resume, numa terceira pessoa, o

Hilda e as pessoas escondidas

A leitura celebratória do Dia Internacional do Livro Infantil. Hilda  está na minha lista de séries a ver no futuro (séries a ver neste momento: Arrested Development e Game of Thrones). A série é baseada num conjunto de novelas gráficas, e este livro é baseado na adaptação televisiva. Confuso, certo? Ou seja, este pequeno volume pega na série (que pega nas novelas gráficas) e compila e reordena as histórias de modo a contar o início, onde tudo começa, pegando em várias narrativas - se, por um lado, junta num só volume um sumário de Hilda, por outro lado, é claro que se vai perder alguma profundidade da narrativa, dada a condensação necessária. Esta é uma belíssima introdução a Hilda. Tem texto, e o texto não é por Luke Pearson, o criador original de Hilda, mas sim de Stephen Davies, que fez a adaptação. Hilda é uma menina aventureira, admirável, energética, observadora e encantadora, que adora desenhar. Tem cabelo azul e um cachecol amarelo, uma renaposa (uma raposa co

Librería Mujeres

Para mim, ano em que não vá a Espanha não é ano. Assim, na necessidade de uma "escapadinha" de fim de semana, escolhi ir a Madrid, por ser mais fácil, rápido e mesmo mais barato que outros destinos em Portugal. Não foi a minha primeira viagem à capital espanhola, mas foi a primeira vez que fui a esta livraria. Se, na primeira viagem, tinha ido à feira da Cuesta de Moyano, à Casa del Libro da Gran Vía e à La Central , desta vez foquei-me numa só livraria: a Librería Mujeres, livraria feminista fundada em 1978, na Calle San Cristóbal, a meio caminho da Puerta del Sol e da Plaza Mayor.   Apanhei a livraria já perto do horário de encerramento (20h30, à Sexta), para minha muita pena. No entanto, o meu objectivo era específico: Nada , de Carmen Laforet, livro que tinha já debaixo de olho. Gosto de planear as minhas compras de férias, no fundo. É um lugar inspirador, com muita escolha (tivesse eu mais tempo para vasculhar...!). A selecção de novelas gráficas par

Nada

Faço sempre questão, em viagem, de comprar um livro. (algo que não aconteceu em Paris 2010, Salamanca 2015/2016 ou Paris 2015, únicas excepções) Sendo o objectivo literário da minha curta passagem por Madrid a visita à Librería Mujeres, era claro que a obra contemplada como recuerdo  seria um livro escrito por uma mulher. Não tendo, ainda, lido o livro de Almudena Grandes comprado em Sevilha (perdoa, Ana ! Mas fica este para o teu projecto de ler espanhóis em Abril), achei que deveria optar por uma autora diferente; e foi assim que a escolha caiu sobre Carmen Laforet. Carmen Laforet não era uma autora que eu conhecesse de antemão. O livro é sobre Andrea, uma rapariga de 18 anos, órfã, que vai viver para Barcelona com a avó e os tios maternos, na década de 1940, após a Guerra Civil Espanhola, na Calle de Aribau. A Barcelona que Andrea encontra está pobre, com a guerra; e mesmo a casa familiar da qual tinha vagas memórias está transformada numa casa degradada, num cenári

O Eterno Efémero

Esta é uma review  muito especial. O motivo é simples: o livro foi-me dado e recomendado pessoalmente pela neta do autor, a Inês. Foi a minha primeira experiência a ler Urbano Tavares Rodrigues, sendo este um livro curto, e dos últimos que escreveu numa longa carreira literária (cerca de 60 anos). O Eterno Efémero  desenrola-se em torno de um crime, o homicídio do influente Miguel Ruiz Fernandes. Os suspeitos são cinco: quatro mulheres e um homem, que com Miguel Ruiz Fernandes participavam de orgias e jogos sado-masoquistas. A investigação é entregue ao inspector Moura Prata, que acaba por tomar interesse pessoal pelas mulheres integrantes do grupo. Sandra fora a primeira a conhecer Miguel, num chat  na internet; posteriormente, apresentara-lhe três das suas colegas de trabalho, todas elas engenheiras. Três das mulheres (incluindo Sandra eram casadas, e começaram por apreciar o que Miguel Ruiz Fernandes tinha para lhes oferecer; rapidamente, as quatro tinham-se tornado esc

Jessica Jones, vol. 1: Sem Limites

Se Jessica Jones neste volume está sem limites, eu fiquei sem palavras. Peguei neste livro sem conhecimento prévio sobre a personagem que dá o nome ao título: a série da Netflix ainda por ver (mas na minha lista de interesses), e sem nunca ter lido as séries Alias ou  Pulsar . E prendeu-me, ao ponto de, agora, querer entrar a fundo no universo da personagem. Sem Limites , um volume que junta Jessica Jones 1-6, é uma história em estilo noir  que nos traz a história de uma mulher com um passado obscuro e um segredo. Acompanhamos a raiva, a miséria de Jessica Jones, outrora avenger, agora investigadora privada na Alias Private Investigations, em NYC, da qual é dona e única funcionária. Jessica acaba de sair da prisão e escondeu a sua filha do marido, Luke Cage; fá-lo por estar numa missão secreta, que não pode revelar ao marido. Durante metade do livro, não sabemos desta missão, e em toda a obra nunca descobrimos o que afastou Jessica e Luke.   Jessica está pert

Purple Hibiscus

A minha primeira experiência a ler Chimamanda Ngozi Adichie não foi a mais favorável. Tinha este livro na estante há mais anos do que me orgulho de dizer, e todos os anos dizia que era desta que me ia estrear a ler a autora; no entanto, e ironicamente, quando Querida Ijeawale  se cruzou no meu caminho e deixou um leve sabor a desilusão, decidi que devia mesmo ler a sua ficção. De facto, todos elogiam grandemente Adichie como uma excelente escritora - mais pela sua ficção, pelo que compreendo. E decidi começar pelo início, pelo seu primeiro livro. A narradora é Kambili, uma adolescente de 15 anos, que vive com o irmão Jaja, a mãe Beatrice e o pai Eugene. Eugene é um industrial rico que vive na cidade de Enugu, um homem extremamente católico, muito generoso com a comunidade, alimentando os pobres, financiando os estudos e pagando tratamentos caros aos vizinhos e amigos, um patrono na igreja de St. Agnes, que frequentam, um homem que apregoa a justiça no seu jornal. É um

O Estrangeiro

Uma segunda leitura, numa segunda língua. Li este livro originalmente em 2011, aquando do meu mestrado. Li em inglês, porque na altura fazia-me sentido ler livros franceses em inglês. Em 2017, em Paris, adquiri uma adaptação desta obra, em novela gráfica . Quando a minha irmã me ofereceu esta edição, senti que era uma deixa para reler, já este ano. Mersault é um modesto homem trabalhador, que vive em Algiers. O seu dia-a-dia é vivido com indiferença e incapacidade de manifestar quaisquer emoções - e é com essa mesma apatia que recebe a notícia da morte da sua mãe, que vivia num lar há já alguns anos, como aprendemos numa das aberturas de livros mais famosas de sempre. (a par de Lolita, 1984 ou Moby-Dick, por exemplo) Hoje, a mãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. A partir daí, Mersault, neste curto livro, passa por várias situações: tem de lidar com o chefe, de modo a poder ir ao funeral da sua mãe (pedindo desculpa, alegando não ser sua culpa, num momento de

Dylan Dog: A Saga de Johnny Freak

Dylan Dog! Dylan Dog estreou-se em Portugal em 2017, numa colecção Novela Gráfica da Levoir, tendo posteriormente visto dois volumes sair na Colecção Bonelli. Agora, é a G. Floy que vai lançar mais obras deste universo, tendo começado com dois lançamentos no Coimbra BD: O Velho que Lê , e Até que a Morte Vos Separe . Este livro é da Colecção Bonelli, lançada há um ano. Dylan Dog é um detective privado que, juntamente com o seu amigo, Groucho, lida com situações sobrenaturais em Londres. Era esta a informação que tinha antes de partir para a leitura - fiquei, no entanto, surpreendida, quando a narrativa de Johnny Freak não apresentou contornos sobrenaturais. É uma história passível de decorrer no "mundo real", apesar das várias coincidências, a um ponto quase absurdo. Ainda assim, o caso com que Dylan Dog se depara, está longe de ser normal. Ora vejamos: o caso que envolve e atormenta Dylan Dog, nesta obra, é o de um rapaz surdo-mudo, com pernas amputadas, ape

2019 | Março

Já vamos em 1/4 do ano. Comprados & Recebidos Começando pelo chocante: recebido da Livros do Brasil, um livro da Colecção Vampiro. Não sou fã da colecção, mas trata-se d' O Mistério do Quarto Amarelo  de Gaston Leroux. E eu adoro o Fantasma da Ópera ... Recebi uma caixa maravilhosa da G. Floy. Conteúdo: Jessica Jones: Sem Limites, de Michael Bendis e Michael Gaydos; Ms. Marvel Vol. 2 Geração Perdida, de G. Willow Wilson; e os Volumes 2 e 3 da série Descender, de Jeff Lemire e Dustin Nguyen! Na Feira do Livro de Poesia , em Campo de Ourique, decidi regressar a duas editoras que conheci no ano passado, nesta mesma ocasião: Mariposa Azual e Douda Correria. Nesta última, e por recomendação da Gabriela, comprei O Martelo , de Adelaide Ivánova, que li imediatamente. E, em Madrid, na Libreria Mujeres , comprei Nada , de Carmen Laforet. Lidos Rescaldo do terceiro ano de #Marçofeminino: Maria Judite de Carvalho , Barbara Stok , Selma Lagerlöf  (também lida p