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A mostrar mensagens de fevereiro, 2023

My Sister, My Love

A minha primeira leitura de Joyce Carol Oates. A minha ideia da obra da autora é que, também devido à sua carreira ridiculamente prolífica, a par de livros verdadeiramente bons, alguns dos outros são medíocres na melhor das hipóteses. Tenho alguns dos seus títulos em casa, há vários anos, e decidi debruçar-me primeiro num cuja temática me fascinava. Joyce Carol Oates é conhecida por fazer algumas obras que são, digamos, ficções disfarçadas - narrativas nas quais pega, de algum modo, pessoa real, conhecida por algum motivo, e dá uma história alternativa a uma história real. Escreveu Blonde , sobre Marylin Monroe, Zombie , sobre Jeffrey Dahmer e, em My Sister, My Love , escreve, inegavelmente e de forma indirecta, sobre JonBenét Ramsey. Embora não seja pessoa de ler true crime , é algo que me fascina. E foi esse fascínio que me levou a este livro sobre uma família suburbana disfuncional, narrada por Skyler Rampike, irmão de uma criança prodígio da patinagem no gelo que apareceu morta de

Amok - suivi de Lettre d'une Inconnue

Em que circunstâncias leva o amor à loucura? Muitos poder-se-ão perguntar por que motivo decidi ler Stefan Zweig, autor austríaco, em francês. Retirando logo essa questão do caminho: tinha a ideia de que as traduções para francês são muito boas. Adianto já que não me arrependi. Estas edições da Livre de Poche são também muito bem prefaciadas, explicando aqui também o porquê de se terem juntado, neste pequeno volume, estes três contos/ novellas : a temática do amor enquanto força irresistível e destruidora que não difere muito da loucura, de várias maneiras. Zweig foi um autor muito prolífico e juntar tematicamente a sua obra parece-me um feito interessante. Amok achei muito interessante - é um conceito malaio e a obra de Zweig levou, no fundo, à ocidentalização da ideia. É a história de um médico que acaba por enlouquecer, isolado nos trópicos, com elevada carência de contacto humano, que acaba por permitir que as suas emoções se sobreponham à razão. É uma novella  curta, mas forte -

Mexican Gothic

A premissa de Mexican Gothic intrigou-me desde o início. Gosto de gótico - talvez até mais em filmes que em livros - e o facto de este livro retirar o gótico de Inglaterra e o colocar no México foi muito apelativo. A protagonista é Noemi Taboada, uma jovem socialite no México dos 1950s (julgo), filha de um empresário, e ocupa os seus dias em festas, namoros, tocar piano e a tentar descobrir o curso que deseja para prosseguir os seus estudos (muito moderno, dada a época) - actualmente, está a ponderar antropologia. É teimosa, decidida e tem resposta para tudo; e, quando a sua prima, Catalina, envia uma carta misteriosa a pedir ajuda, o pai decide enviar Noemi para ver se está tudo bem. "He is trying to poison me. You must come for me, Noemi. You have to save me." Reminiscente de My Cousin Rachel ! Catalina tinha casado com Virgil Doyle, um homem de ascendência britânica após uma relação fugaz, e desde o casamento vivia numa mansão remota numa vila mineira, tendo limitado o con

Flush

Além da biografia de Orlando, Virginia Woolf escreveu também a biografia de Flush, um cão real. Não sendo eu versada em Virginia Woolf (li The Waves  há alguns anos, Orlando  há mais anos do que devia - carece de releitura - e tenho ali o A Room of One's Own à espera), achei Flush  um livro muito peculiar, seja na temática escolhida, seja na forma como os seus capítulos estão organizados. Devo também admitir que, até à edição desta obra pela Porto Editora (edição, já agora, belíssima, com capa dura, papel de qualidade e ilustrações de Iratxe López de Munáin), nunca tinha ouvido falar da mesma. Trata-se, aparentemente, de uma obra que a própria Woolf teria em menor consideração, uma espécie de projecto "mais simples" após ter escrito The Waves . Neste livro, sobre Flush, o cocker spaniel de Elizabeth Barrett Browning, Virginia Woolf reúne o seu amor por cães, pela literatura e pelo que é britânico. Imagem retirada do site oficial da ilustradora Aqui, através dos olhos de F

Housebreaking

Haverá melhor maneira de confrontar os fantasmas do passado do que desmantelando a nossa casa de infância? Em Housebreaking , de Colleen Hubbard, seguimos Del, de 24 anos, que vive uma vida sem grande rumo ou sentido, vivendo quase por favor com um dos amigos do seu falecido pai, após um escândalo, o divórcio dos pais e a morte da mãe terem colocado a família contra ela e a terem levado a afastar-se da sua pequena terra natal. Subitamente, as circunstâncias de Del mudam - Tym, com quem vive, quer começar a viver com o seu actual namorado, e Chuck, irmão da mãe de Del, quer vê-la e falar sobre negócios relacionados com a herança, após anos sem contacto. Chuck quer comprar a casa onde Del cresceu, para a demolir e utilizar o terreno para outro desenvolvimento imobiliário. Mas Del, talvez mais por vingança que outra coisa, diz querer manter a casa - ainda que tenha de vender o terreno. Assim, Del faz um acordo com o tio, segundo o qual irá, sozinha, desmantelar a casa, não para a reconstr

As Pupilas do Senhor Reitor

Daqueles livros que, surpreendentemente, se lêem de uma rajada. Em As Pupilas do Senhor Reitor , Júlio Dinis presenteia os leitores com mais uma narrativa clássica, rural e, de algum modo, previsível. Conhecemos, no início do livro, Daniel, filho mais novo do agricultor José das Dornas, e Margarida, órfã, ambos com cerca de 12 anos. Daniel tem um irmão, Pedro, que parece talhado para herdar o negócio do pai; e Margarida tem uma meia-irmã, Clara, filha da sua madrasta. Margarida é uma espécie de Cinderela, indo tratar das cabras, lavar a roupa no riacho e cuidando das lides da casa enquanto Clara é protegida, e Daniel, mais delicado que Pedro, vai estudar latim com o reitor. O Reitor, personagem central da obra (não fosse o título), começa a estranhar quando ouve relatos de que Daniel chega tardíssimo a casa, em horas incoerentes com o final das lições. É aqui que o segue e se apercebe das longas conversas de Daniel com Margarida, acabando por aconselhar José das Dornas a enviar o filho

Fora da Estante S02 E01

O primeiro episódio da segunda temporada, assim denominada não só pelo hiato de ano e meio, mas pelo novo molde. Podem comprar aqui os livros mencionados: A Caminho de Jesus Cristo, de Joseph Ratzinger | indisponível em  português The Don Rosa Library, Vol. 1 - Son of the Sun, de Don Rosa The Evenings, de Gerard Reve The Crimson Petal and the White, de Michel Faber | disponível em  inglês Dracula, de Bram Stoker | disponível em  português  | disponível em  inglês The It-Doesn't-Matter Suit and Other Stories, de Sylvia Plath | disponível em  português  | disponível em  inglês A Casa Golden, de Salman Rushdie | disponível em  português A Confederacy of Dunces, de John Kennedy Toole | indisponível em  português  | disponível em  inglês Ele e o Outro, de Herman Hesse | disponível em  português Disponível no  Spotify  na  Apple  e  noutras plataformas . O próximo será, como o ouvinte atento saberá, no primeiro Sábado de Março.

Pretty Soldier Sailor Moon, vols. #6 #7 e #8

Ora aqui está um publicação na qual faz todo o sentido juntar estes três livros, não só porque são da mesma série, mas porque compõem o mesmo arc  - o Infinity Arc. (se bem que no último livro começa o Dream arc, o que inspira aqueles filmes que a Netflix lançou há pouco mais de um ano, mas lá chegaremos). Tentarei assim fazer uma opinião sobre o Infinity arc, incluído nos vols 6, 7 e 8 de Pretty Soldier Sailor Moon , de Naoko Takeuchi, tentando dividir por volume e entrando um pouco no arc  seguinte, do qual li apenas o que se encontra no vol. 8. No vol. 6, continuamos a acompanhar Chibi Usa no seu treino para ser uma sailor senshi , enquanto as outras sailors  investigam uma escola de prestígio, apenas para a elite: Mugen Academy, construída num terreno com uma intersecção triangular bizarra, na qual obviamente coisas ainda mais bizarras acontecem. Elas estão constantemente a encontrar-se com duas alunas da Mugen Academy, uma piloto de carros de corrida, Haruka (que não se identifica

2023 | Janeiro

Vamos, a pouco e pouco, recuperando ritmo neste blog. Comprados & Recebidos Todos os anos faço a mim mesma votos e promessas que é desta que me irei dedicar a melhorar os meus conhecimentos em determinada língua. Isto leva a que tenha vários livros em francês, espanhol e até italiano que vou adquirindo, acumulando e nos quais tenho receio até de tocar. Desta feita, decidi comprar a série completa (vejam lá o meu entusiasmo!) La Passe-miroir , de Christelle Dabos. O site onde adquiri coloca estes livros na categoria dos 10-12 anos, pelo que, apesar das cerca de 600 páginas de cada um dos quatro volumes, julgo conseguir estar à altura (e que talvez seja esta a alavanca para consolidar as minhas fracas capacidades linguísticas). Fora isso - o meu respectivo ofereceu-me um manga de volume único, She and her cat , de Makoto Shinkai e Tsubasa Yamaguchi, que ainda não li (aguardando o dia de colinho perfeito com a Mimi para esse efeito), e recebi, da editora, A Árvore da Dança , de Kiran