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A mostrar mensagens de maio, 2019

The Midnight Kittens

A suposta terceira parte da saga The Hundred and One Dalmatians . Podem verificar aqui que adorei o primeiro livro , e gostei um pouco menos do segundo , que teve, ainda assim, valor de entretenimento. Tendo-me apercebido que haveria um terceiro (embora com gatos no título...?), entrou rapidamente na minha wishlist . Vou desde já colocar aqui que é complicado compreender por que motivo é vendido como a terceira parte dos dálmatas, quando estes não figuram, de todo, no livro. É, ainda assim, um livro infantil sobre gatos, e teria muito para dar certo. Os gémeos, órfãos, Tom e Pam, de talvez dez anos, andam num colégio interno, e vão passar férias com a sua avó, no campo. A avó conta-lhes que, à noite, aparecem uns ouriços a quem ela tem deixado pão e leite, para se alimentarem, mas que os mesmos são tímidos, e recomenda-lhes que os espreitem da janela. Enquanto os irmãos aguardam, soa a meia-noite e, do nada, aparecem quatro pequenos gatinhos, que bebem o leite e desapa

Historias de adormecer para raparigas rebeldes 2

O segundo livro desta colecção de sucesso. Depois de ter lido o primeiro volume , no final do verão do ano passado, tinha ficado com muita curiosidade para ler este. A sua entrada na rede de Bibliotecas Municipais de Lisboa foi o único "empurrão" necessário para proceder à sua leitura. Já agora, a Biblioteca de Belém é um espectáculo, e recomendo muito a visita. Telefonaram a dizer que a minha reserva chegou e, nas traseiras, alojam o Corações com Coroa Café . Este volume, tal como o anterior, apresenta a história de 100 mulheres que se terão, de algum modo, destacado, mulheres de vários pontos do mundo (mas volta a sentir-se o peso do mundo ocidental, infelizmente) e de vários momentos históricos, bem como mulheres contemporâneas. Cada breve história (curta, sem permitir que se perca a atenção) tem uma ilustração, repetindo o formato de sucesso do volume anterior. A arte é um ponto muito positivo do livro, com ilustrações coloridas e apelativas. Destaco o fa

Nós Matámos o Cão-Tinhoso

Um clássico da literatura moçambicana. Tinha este livro à minha espera na estante há cerca de dois anos, numa compra motivada por Os da minha rua , de Ondjaki . Há, na obra de Ondjaki, todo um capítulo emocional sobre a leitura da obra de Luís Bernardo Honwana. O Cão-Tinhoso é, muito simplesmente, um cão tinhoso. Um cão velho, doente, moribundo. Só Isaura, uma menina, gosta dele - faz-lhe festas, alimenta-o. E, por isso, Isaura é considerada louca. Mas o narrador da história é Ginho, um rapaz que é gozado por todos os colegas, na escola, nos jogos de futebol. Ginho sente alguma empatia pelo cão, embora não consiga perceber porquê. O Cão-Tinhoso tinha uns olhos azuis que não tinham brilho nenhum, mas eram enormes e estavam sempre cheios de lágrimas, que lhe escorriam pelo focinho. Metiam medo, aqueles olhos, assim tão grandes, a olhar como uma pessoa a pedir qualquer coisa sem querer dizer. E um dia o Dr. Duarte, veterinário, pressiona e convence os rapazes a abater o Cão-

Descender vol 2. Lua Máquina + vol. 3 Singularidades

Review  conjunta - li os livros seguidos, tal o entusiasmo. Tendo adorado o vol. 1, Estrelas de Lata (para o qual tinha enormes expectativas, dadas as recomendações de muitíssima confiança, nomeadamente o facto de a maior influencer da minha aldeia adorar Jeff Lemire), foi com grande alegria que vi estes dois volumes darem entrada na minha estante. E, vendo-me com tempo, li os dois, de enfiada. Se o primeiro volume faz um magnífico trabalho a introduzir as personagens e a narrativa, o segundo volume (cuja arte é belíssima) traz desenvolvimentos empolgantes, que começam a dar mais forma e sentido à história. Também desenvolvida é a empatia do leitor com TIM-21 - que já não é o único restante da sua "espécie". Conhecemos TIM-22, que, apesar das enormes semelhanças físicas, difere muito de TIM-21 em carácter - o seu ambiente "familiar" fora muito diferente, fazendo dele um robot com motivações e inclinações díspares. Após a revelação do Dr. Quon so

Elizabeth and Her German Garden

Possivelmente um dos livros mais específicos que já li: uma mulher e o seu jardim. Como o título deixará adivinhar, o livro é sobre uma mulher e o seu jardim. Um pouco mais a fundo: é um livro semi-autobiográfico, escrito por Elizabeth von Arnim (autora de The Enchanted April, também na estante), nascida na Austrália em 1866, sobre a sua vida e o seu jardim na região de Nassenheide, na Pomerânia, onde ficava a casa do seu marido. A ideia é que a casa do marido ficaria num local bastante remoto e retirado da Alemanha, algo que, para uma mulher naquela altura, seria deprimente e reclusivo (recordemos que, em 1898, a vida de uma mulher da nobreza seria, basicamente, a sociedade). No entanto, Elizabeth encontra consolo, alegria e um enorme passatempo entre os seus livros e o planeamento do seu enorme jardim. Este livro é escrito como uma espécie de diário, no qual são descritos episódios e anedotas familiares. Entre o marido, que é denominado "The Man of Wrath" (ou tamb

O Martelo

Cheguei a esta obra sem saber ao que ia. Foi-me indicado O Martelo  como a sequência lógica por ter gostado de Um útero é do tamanho de um punho , de Angélica Freitas ; também me foi dito, pela Gabriela, que estava na Feira do Livro de Poesia e mo recomendou, que a presença da autora, Adelaide Ivánova, no Instagram, era forte. Comprei o livro, segui a autora e dirigi-me a um café, para começar a ler. É poesia - e vocês já saberão a minha relação complicada com o género. O Martelo  é um livro sobre sexualidade feminina e violência (violência sexual incluída), narrado por uma voz feminina anónima. O livro está dividido em duas partes, inspirado, segundo a própria autora, no primeiro Imperador Romano Cristão (Constantino), que estabelecera que a violação e o adultério eram ambos crimes semelhantes, cometidos pela mulher. Sim, precisamente. É um livro violento, é certo, mas é um livro que mostra que a autora não tem receio em se exprimir. E a violência nunca é dire

A Disciplina do Amor

A minha vontade de ler Lygia Fagundes Telles era já antiga. No entanto, aparentemente, a autora encontra-se maioritariamente esgotada , tendo a sua obra sido editada pela Presença. Assim, ao encontrar um dos seus livros na Dejà Lu , a hesitação em trazê-lo comigo foi pouca (e deveu-se ao facto de eu já ter dois livros na mão). Mesmo sem saber nada sobre o livro - e sem ser um dos "principais" na minha wishlist (a saber: As Meninas, ou Ciranda de Pedra). Esta obra, de 1980, surge, aliás, quando Lygia Fagundes Telles era já conhecida pelos seus romances - mas é uma obra de ficção curta, ou, aliás, uma obra que derruba barreiras entre ficção e realidade, ao juntar ao conto o relato autobiográfico e a memória. O livro abre com Os Gatos, um texto sobre, bem, gatos - e sobre Iracema, a gata (ou gato - nunca descobrimos) que surge na vida da narradora, e cujo nome se deve ao facto de ela, no momento, estar a ler e a estudar o romance de José de Alencar. Como se de uma

2019 | Abril

O muito atrasado resumo do conturbado mês de Abril. Comprados & Recebidos No dia 2 de Abril, Dia Internacional do Livro Infantil, recebi Hilda e as Pessoas Escondidas , de Luke Pearson e Stephen Davies, novidade infantil da Porto Editora que me deliciou. Recebi, de seguida,  25 de Abril, Corte e Costura , de João Cerqueira, como oferta do próprio autor. Vieram, do Book Depository, dois livros que estavam na minha wishlist há muito tempo, e que baixaram de preço sensivelmente na mesma altura: The Threepenny Opera , de Bertolt Brecht (compreendam no resumo do mês anterior o porquê de eu ter cedido a esta aquisição) e The Street of Crocodiles and Other Stories , de Bruno Schulz ( ver aqui a vez em que eu achava ter comprado esta obra e correu mal), que comprei por recebido a notificação que o livro tinha desconto, ficando 7 Euros mais barato (livro absurdamente caro para os meus padrões, ainda assim). Comprei mais um livro da Escorpião Azul, novamente recomendado pela

The Following Story

Sabem aquele livro do homem que adormece humano e acorda insecto? Este é um livro sobre um homem que adormece em Amesterdão e acorda em Lisboa. Comprei este livro, aliás, precisamente por essa premissa. Herman Mussert, escritor de livros de viagem sob um pseudónimo, antigo professor de literatura clássica (gregos e latinos), adormece na sua casa e acorda não num quarto qualquer, mas num quarto de hotel; naquele que, vinte anos antes, tinha sido cenário do seu caso com uma mulher casada, Maria Zeinstra, professora de biologia na mesma escola em que Herman trabalhava. Herman não sabe como chegou aqui - não sabe como é que está num país diferente, como é que tem escudos na carteira (o livro é dos anos 90), como é que o pessoal do hotel não estranha a sua presença. Mussert, o escritor Dr. Strabo, o professor "Socrates" (pela sua semelhança com o filósofo), são todos o mesmo homem. O mesmo homem, que não sabe se está morto, se viajou no tempo, se está a alucinar, se há alg

O Chão dos Pardais

A minha estreia (tardia) com Dulce Maria Cardoso. Já ouvira falar maravilhas da autora, nomeadamente do seu livro mais recente, Eliete , e d' O Retorno . Sobre este, não sabia nada - fora a opinião da Alexandra , que gostou menos deste do que de outros que leu da autora. Assim, as expectativas, elevadas, tinham alguma moderação. O livro inicia com Alice, uma senhora de meia idade com "cabelos louros de boneca", que prepara a festa do 60º aniversário do marido, Afonso. Rapidamente compreendemos que a família é rica, muito - e a grande dificuldade de Alice é pensar na prenda perfeita, em algo que o marido, efectivamente, não tenha (o eterno dilema de saber o que dar a quem já tem tudo). Alice é tão rica que nunca teve de trabalhar, vivendo do que o marido leva para casa; a sua única preocupação é que tudo seja perfeito. Nesse dia, tem um grande choque emocional com a notícia do acidente da Princesa Diana, em Paris. Mas este livro não é sobre Alice; e não é