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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2017

nostalgia

Dirigi-me recentemente a uma livraria independente e deparei-me com isto: Por onde começar? Estes livros acompanharam-me durante grande, enorme parte da minha infância. Lembro-me de estar na primária e ler um por dia. Creio que deixei de seguir a série por volta do meu 5º ano, mas não me lembro exactamente onde; segundo a lista dos livros publicados, que encontrei na Wikipedia , o meu último livro da série terá sido um destes dois: 39. Uma Aventura na Televisão (PNL) (1.ª edição, 1998; 3.ª edição, 2004) 40. Uma Aventura no Egipto (PNL) (1.ª edição, 1999; 3.ª edição, 2004) Sendo que me lembro efectivamente de ter lido o primeiro, mas não o segundo (cuja capa está, no entanto, muito viva na minha memória). Infelizmente, já não tenho os livros em minha posse (foram dados), ou quão incrível seria relê-los agora? Tenho muitas memórias destes livros, e são memórias que me têm surgido bastante nos últimos tempos. Por exemplo, ao ter ido recentemente ao Palácio da Pe

Última Paragem, Massamá

Confesso: comprei este livro com zero expectativas. Já escrevi um pouco sobre isso aqui . Há três anos atrás saía na estação de Massamá-Barcarena todos os dias (vivo e sempre vivi em Lisboa) e, na altura, não sei bem como, descobri que este livro existia. Ficou-me na cabeça durante vários anos, mas nunca o encontrei; verdade seja dita, nunca o procurei particularmente. Por causa disso, houve sempre um certo factor emocional agarrado à ideia deste livro. Houve sempre a ideia de o comprar, de o querer ler. O que há, efectivamente, a dizer sobre Massamá? No entanto, e nunca tendo ouvido falar no autor, nem lido sequer a sinopse, quando lhe peguei para o ler, tinha zero expectativas. Fui ver a biopic  do Anselmo Ralph pela piada, há uns anos. No fundo, a aquisição deste livro e subsequente leitura foram uma ideia análoga. Ora, este livro está repleto de referências à Linha de Sintra, esse colosso do subúrbio do qual milhares dependem diariamente - e começa logo com a pert

milk and honey

O livro que há que tempos ansiava ler. Comprei este livro no início do mês, em Inglaterra, conforme escrevi aqui há dias, e peguei-lhe praticamente logo. É um livro em verso livre, de uma beleza enorme, seja nas suas palavras, seja na edição - e li-o praticamente de uma assentada, num só dia. if you were born with the weakness to fall you were born with the strength to rise Cada poema, cada página, é infinitamente pessoal, e ao mesmo tempo universal, descrevendo eventos, emoções e sentimentos muito fáceis de reconhecer. O livro está dividido em quatro partes: the hurting, the loving, the breaking, the healing . Falam de perda, de amor, de ser mulher, de trauma, de corações partidos, de figuras paternas negativas, de violência. Mas de muito, muito amor. É incrivelmente bonito, é incrivelmente forte. E é também incrivelmente positivo. A parte do healing acaba por ser o final não necessariamente feliz, mas apaziguador, do livro. Esta é a viagem pessoal

Diz-lhe que Não

O blog da Helena é um blog que leio às vezes, mais pelo que ela possa ter a dizer sobre livros do que pelo restante conteúdo, confesso. Este livro é sobre o restante. No entanto, quando finalmente foi lançado o livro no qual ela mencionava há meses estar a trabalhar, fiquei curiosa na mesma. Tal como o He's Just Not That Into You , que li há anos e mencionei há dias, Diz-lhe que Não  é uma reflexão humorística sobre relacionamentos (tanto da própria Helena, como das suas amigas mais chegadas) que talvez não sejam os mais correctos, seja porque a outra pessoa em questão não é a mais correcta, porque não está verdadeiramente interessada, etc. Helena fala, ao longo dos capítulos, das dificuldades vividas nas relações amorosas, cada vez mais banalizadas, sem-futuro e exacerbadas pelas novas tecnologias que tornam tudo tanto mais impessoal, quanto mais rápido. Não me consegui exactamente identificar com a autora ou com as suas amigas, por um motivo. Para quem vive

Fever Pitch

Bárbara Ferreira lê non-fiction  sobre futebol. Comprei há alguns anos um pack  de seis livros do Nick Hornby, e li entretanto todos (podem ler três reviews  espalhadas por este espaço; os outros dois, li antes). Gosto muito do autor: não sendo exactamente as minhas obras favoritas, a leitura é sempre fácil e agradável, e em momentos de maior "desinspiração" para a leitura, foi a quem recorri. Mas houve um motivo para este ter ficado guardado até agora, e o motivo foi precisamente tratar-se de uma obra sobre a experiência de um fã de um clube da Premier League . Agora, não me interpretem mal. O motivo pelo qual Fever Pitch  ficou na estante não é aversão a futebol: é que, menos de um ano depois da aquisição dos livros, conheci alguém que mudou a minha vida por completo (se tornou na minha vida) e cujo sonho era ir a Old Trafford. E levá-lo a Old Trafford tornou-se num dos meus sonhos, e achei que seria giro ler este livro para a ocasião, não obstante o facto de N

O Artesão

Lido a convite da Capital Books, terminado ainda antes da minha viagem. Esta foi a minha segunda experiência com um eBook . A primeira foi, há talvez dez anos, a ler o He's Not That Into You  (memória que será engraçada para umas reviews  mais à frente, para verem o quão em atraso estou nisto). Essa primeira tentativa foi, como quiçá seja sugerido pela data, num portátil, algo que, especialmente com as crescentes horas fora de casa, se torna pouco prático; desta vez, o suporte foi o tablet do meu amor. O Artesão , primeiro livro da autora, Carla Antunes, é um romance na verdadeira acepção da palavra: centra-se numa história de amor forte, entre Nina e Simão, tornado (ou descoberto) impossível, amor que acompanhara as duas personagens desde crianças e que nunca as largou. Nina nunca soubera por que motivo Simão a pedira em casamento e não voltara a aparecer, mas ambos continuaram a pensar um no outro, a viver em função um do outro, pese embora não estarem mais juntos.

Oh, Manchester

Voltando de uma viagem idealizada há muito: York, Liverpool e Manchester. Na lista de compras iam o Milk and Honey , de Rupi Kaur, por tudo o que tem sido dito acerca desta obra; algum que me faltasse de Elizabeth Gaskell (tinha em mente o  Ruth  ou o  Sylvia's Lovers ; optei pelo primeiro), por ser a grande autora de Manchester (é também de uma obra dela uma das primeiras reviews  que escrevi neste blog ); e um de dois livros sobre a história da zona: The Wars of the Roses , de Alison Weir, ou She-Wolves: The Women Who Ruled England Before Elizabeth , de Helen Castor. Tive esperança quanto aos dois últimos numa loja de livros novos e usados, cheia de descontos, perto da York Minster: Mas, embora visse vários dos livros de Alison Weir, só encontrei o que pretendia na Waterstones de Deansgate, em Manchester, e aí, exercendo um enorme controlo, pensei que já tinha os outros dois da lista na mão e seriam suficientes. A lindíssima biblioteca municipal de Liver

La mariée mise à nu

Leitura feita numa espécie de celebração tardia do Dia Mundial da Poesia. Tendo visitado o blog a gun in the garland , onde Madalena de Castro Campos escreve poemas, fiquei com uma enorme curiosidade acerca desta obra, o seu segundo livro publicado (acabado de lançar, inclusive). Não sou a melhor a escrever sobre poesia; já tentei, neste espaço, escrever sobre poemas de autores como Sylvia Plath, Pablo Neruda ou, mais recentemente, Florbela Espanca, e sinto que falho sempre em me expressar. Não é um género que leia com frequência, e, no fundo, é mais fácil escrever sobre uma narrativa mais longa - sobre prosa. Os poemas de Madalena de Castro Campos não têm o romance de Neruda, nem a melancolia de Florbela. Não têm a beleza muitas vezes associada à poesia, mas provocam emoções fortes: são poemas crus, duros, cínicos, violentos, femininos e marcadamente sexuais, com imagens e palavras explícitos, roçando por vezes o vulgar. Exploram, na sua maioria, o papel e o "