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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2017

El Túnel

Peguei neste livro porque o Le Rouge et le Noir me exasperava e precisava de uma pausa. E se um livro numa língua na qual não somos fluentes nos exaspera - que melhor solução senão pegar num outro livro, também ele escrito numa outra língua na qual não somos fluentes? Já li um Pablo Neruda , já li um Vila-Matas , e esta foi a vez de El Túnel , comprado em Madrid em Janeiro.  El Túnel é a história do como e do porquê de Juan Pablo Castel ter matado María Iribarne, a sua amante. Isto não é spoiler : é a primeira linha do livro. Bastará decir que soy Juan Pablo Castel, el pintor que mató a María Iribarne; supongo que el proceso está en el recuerdo de todos y que no se necesitan mayores explicaciones sobre mi persona. Conseguem pensar num início que prenda mais que este? Lembra-me imediatamente de Camus e do seu " Aujourd'hui, maman est morte. Ou peut-être hier, je ne sais pas ." - e todo o livro me acabou por lembrar um pouco de L'Étranger , à sua manei

Leituras de férias

Estou de férias! Como no ano passado , decidi fazer uma pequena lista de livros que gostava de ler nestas duas semanas que legalmente sou obrigada a tirar seguidas, embora muito menos ambiciosa, e diria mesmo quase exequível. Quase porque, loucura das loucuras - tenho outro projecto em mãos (um segundo mestrado) e decidi preparar-me antecipadamente, ir estudando.  Sim, ensandeci de vez.  Esta foi uma decisão estranha que há muito tempo ponderava e tomei este ano. Vou voltar ao sítio onde fiz a minha licenciatura, e onde pensei nunca querer regressar. Obviamente, esta decisão impactou a minha decisão de não comprar mais livros até o ano que vem - mas acho que é uma boa causa. Isto vai também, obviamente, impactar um pouco o ritmo deste blog - a não ser que alguém queira uma review do Oxford History of the Twentieth Century ou do Complete International Law ? E claro que esta decisão impacta também o ritmo futuro das minhas leituras. Adiante. Da lista do ano passado, li,

autores de estreia

Creio que há, regra geral, dois tipos de leitor: o que lê (maioritariamente) clássicos e autores já estabelecidos, e o que lê (maioritariamente) novidades e livros da moda, porque livros também têm modas. E isto cria um pequeno vazio: os autores recentes, que, não conseguindo grande publicidade para o seu trabalho, não conseguem chegar ao grande público. Há autores cujo primeiro livro tem já uma audiência: figuras públicas, bloggers, etc (eu li o livro que a Mónica Sintra lançou em 2007: história que poderei elaborar, a pedido). Mas depois há os outros. E estes autores, quem os irá ler? Há quem considere que escrever/publicar um livro pode ser um trabalho de vaidade - daí a expressão vanity publishing  -, mas qualquer pessoa gosta de se orgulhar do seu trabalho, e que o seu trabalho seja, de alguma forma, reconhecido. Enquanto blogger , o reconhecimento passa por ter seguidores e pessoas que comentem as publicações; editoras que me dizem que, não obstante não ter grandes n

David Bowie: uma biografia sentimental

Quiçá se devesse chamar uma biografia sexual. David Bowie foi um nome incontornável no mundo da música, e continua a sê-lo, mesmo depois da sua morte. Teve uma carreira enorme, e devo infelizmente admitir que nunca ouvi toda a sua música, embora me proponha a fazê-lo. E, no meio de tudo isso, foi extremamente influente, não só enquanto músico, e para outras bandas (como para os Placebo), mas para o mundo em geral. Influenciou o rock, e o glam rock, e o folk, e a música electrónica, e o pop, apareceu no Twin Peaks, influenciou a moda, desafiou questões de género e permitiu que inúmeras pessoas pudessem ser quem sempre quiseram ser. David Bowie foi um ícone, um herói. E tudo isto me fazia ter mais vontade de aprender sobre o artista, o homem. Nunca li muitas biografias. Gostava de ler mais, na verdade - e apelo a que me deixem recomendações nesse sentido. Tenho uma mente aberta. Mas quiçá não tenha uma mente aberta o suficiente para uma biografia que praticamente lis

what's new

Novidades na estante (e não só), de lugares tão díspares como a Europa Central e a Margem Sul. Soube que o livro de Antal Szerb, Viajante à Luz da Lua , editado pela Guerra e Paz Editores, seria excelente não só através das opiniões em vários blogs, mas porque um contacto de confiança mo disse, numa troca de impressões sobre o mundo editorial português. Se, por um lado, a Hungria é um dos meus destinos de sonho, a verdade é que o mais perto que fiquei de lá ir foi lendo  Budapeste , de Chico Buarque. Nunca li autores húngaros. Tenho um fascínio enorme com a cultura da Europa Central, e sonho um bocado com a ideia de fazer um dia um roteiro no antigo grande Império. Tenho uma curiosidade enorme acerca deste livro, e espero lê-lo em breve - talvez nas minhas muito ansiadas férias. Carrie , por outro lado, é um livro que já li - um dos dois livros de Stephen King que já li, sendo o outro The Green Mile . A edição de bolso é novidade da 11x17, da Bertrand, mas foi também da Ber

Quincas Borba

O terceiro e quiçá último Machado de Assis do ano, desta feita um romance sobre sanidade, insanidade e um cão. Ao vencedor, as batatas! Quincas Borba é o filósofo amigo de Memórias Póstumas de Brás Cubas ; é também o nome que o filósofo atribuiu ao seu fiel cão. Quincas Borba,  cuja sanidade mental é debatível, agora rico, está no leito da morte; morrendo em casa de Brás Cubas, deixa todos os seus bens a Pedro Rubião, que esperava apenas receber uma lembrancinha. Rubião é seu discípulo, um antigo professor, irmão daquela que teria sido esposa de Quincas Borba, filósofo, caso tivesse sobrevivido. A condição desta fortuna é cuidar para sempre de Quincas Borba, cão. Rubião não tem o maior amor do mundo ao cão, mas, de certa forma convencido que a alma do filósofo reside no seu homónimo canídeo, decide respeitar a vontade do seu falecido amigo. E agora Rubião é rico, e com dinheiro vêm os amigos. Muda-se para o Rio de Janeiro, onde é uma presa fácil para todos os que se quei

Um rapaz chamado Giotto

Um bonito livro para crianças e para todos que apreciem arte. Vamos todos começar por ignorar o facto que esta review está cerca de um mês atrasada. Falei sobre este livro, da Livros Horizonte, neste post sobre a Feira do Livro, ainda que de passagem. É parte de uma pequena série de livros sobre artistas, havendo também (pelo menos) obras sobre Klimt e Van Gogh. Giotto nasceu há mais de 700 anos, perto de Florença. Da sua infância só se sabe que era um pastorinho e, da primeira juventude, que foi discípulo do Cimabue. Tudo o resto é lenda, como esta história. Giotto acabava por ser, dos três, o pintor do qual sabia (sabíamos, até porque, como mencionei no outro post, o livro não veio exactamente comigo) menos. Gosto muito do Van Gogh e da loucura associada à sua orelha, gosto muito do Klimt e dos seus dourados e d'O Beijo. A minha única ideia de Giotto é que seria um pintor de imagens religiosas da Idade Média (também tenho ideia que os motivos mais pintados na Idade

Machado de Assis e Cotovia

Para quem ainda não viu o vídeo (partilhei no Facebook), saiu o vídeo da Feira do Livro, que mencionei aqui : "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis lido por Bárbara Ferreira from Terra Líquida Filmes on Vimeo . Li um curto capítulo das Memórias Póstumas de Brás Cubas e, em minha defesa, há pelo menos dez anos que não lia nada alto. Foi uma experiência engraçada - sabia perfeitamente que capítulo queria ler. (dei "Blogger" como ocupação porque achei que já era exposição suficiente)