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A Long Way Down

Descobri por acaso que vão fazer um filme a partir deste livro com o Pierce Brosnan e pessoas de quem nunca ouvi falar.


Também estou a tentar despachar leituras mais fáceis, pelo que Nick Hornby era uma escolha óbvia. Can I explain why I wanted to jump off the top of a tower block? é uma óptima primeira frase; infelizmente, o restante não corresponde totalmente a tais expectativas.

O livro começa com uma coincidência, quatro pessoas que se decidem suicidar atirando-se do topo do mesmo edifício, na mesma noite (na noite de Ano Novo): Martin, antigo apresentador de televisão que foi preso por se meter com uma miúda de 15 anos, Maureen, mãe solteira de um filho deficiente, Jess, miúda idiota de 18 anos que se acha rebelde, e JJ, que queria ser rockstar e falhou. A narrativa é feita dos pontos de vista de cada um destes quatro indivíduos.

A partir do momento em que reparam na presença uns dos outros, o facto de haver audiência é suficiente para os dissuadir, ainda que momentaneamente, de tal plano. O problema começa aqui - por algum motivo estas quatro personagens perfeitamente esquecíveis decidem ir à procura do ex-namorado da Jess que ela anda a stalkar e, quer dizer, a sério? Porquê? E como a partir daqui seria de esperar, o resto foi parvo. Eles tornam-se numa espécie de grupo de auto-ajuda, exceptuando a parte em que na verdade se odeiam uns aos outros e praticamente se obrigam a aturar-se. 3/4 do "grupo" raramente quer lá estar. Tentam fazer dinheiro às custas do sucedido. Têm todos pena da coitadinha da Maureen. Vão de férias juntos só porque. Combinam encontrar-se periodicamente para verificar se ainda se querem matar e, adivinhem - já não querem!!

Portanto, a premissa é boa, o resto do livro not so muchOutro problema do livro é que não há uma única personagem gostável. Isto vem da pessoa que adora o Wuthering Heights. Estas não conseguem ser desprezíveis a esse ponto sequer, ficam só no "meh não gosto de ti".

A qualidade redentora do livro é, como na maioria dos livros do Nick Hornby, o facto de ter passagens boas:

We all spend so much time not saying what we want, because we know we can't have it. And because it sounds ungracious, or ungrateful, or disloyal, or childish, or banal. Or because we're so desperate to pretend that things are OK, really, that confessing to ourselves they're not looks like a bad move. Go on, say what you want. ... Whatever it is, say it to yourself. The truth will set you free. Either that or it'll get you a punch in the nose. Surviving in whatever life you're living means lying, and lying corrodes the soul, so take a break from the lies for just one minute.

You're fucked. You thought you were going to be someone, but now it's obvious you're nobody. You haven't got as much talent as you thought you had, and there was no Plan B, and you got no skills and no education, and now you're looking at forty or fifty years of nothing. Less than nothing, probably. That's pretty heavy. That's worse than having the brain thing, because what you got now will take a lot longer to kill you. You've got the choice of a slow, painful death, or a quick, merciful one.

Queria gostar mais do livro, mas não consigo. Mas gostei que o final não fosse um final feliz, de ai que tontos que somos, há três meses queríamo-nos matar e agora somos pessoas tão felizes e bem resolvidas. Na verdade, nenhum deles milagrosamente cresceu ou mudou ou aprendeu ou melhorou algo na sua vida.

3/5

Podem comprar uma nova edição aqui ou em português aqui.

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