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A mostrar mensagens de abril, 2018

Os Mauzões Episódio #1

Quem me conhece sabe que eu gosto de um bom livro infantil. Os Mauzões - Episódio #1  é o primeiro livro de uma série, escrita pelo australiano Aaron Blabey, que trata as aventuras de quatro amigos que são, tipicamente, mauzões. Os vilões, portanto. Li-o de rajada, em menos de uma hora. Mesmo sendo um livro infantil, ressalvo desde já que é capaz de entreter qualquer adulto, sendo ao mesmo tempo um livro bom para apresentar a crianças livros com algum texto. O Sr. Lobo, conhecido como o lobo mau dos contos de fadas, cansou-se de ser o mau da fita e decide que vai começar a fazer boas acções. Quer-nos realmente convencer que não é tão mau como o pintam, está farto da sua má reputação. Mais que isso, acha que os seus amigos também não são maus. Assim, para o ajudar a formar o clube dos bonzinhos, recruta o Sr. Tubarão, o Sr. Víbora e o Sr. Piranha. Juntos, farão feitos heróicos que limparão as suas reputações manchadas. Certo? O primeiro problema é que o Sr. Lobo é o

Moby Dick

O grande clássico americano (e por grande não me refiro só ao tamanho, não. O clássico é muito conhecido, o livro é grande, e baleias também). Não há como ler este livro sem pensar no Heathers . Não há como não ouvir o Christian Slater (quando ainda era bem parecido - aqui está um exemplo de alguém que envelheceu mesmo mal) na minha cabeça " Ah, now you're talking. I can be up for that. I've already started underlining meaningful passages in her copy of Moby Dick, if you know what I mean.... Es-ki-mo ". E isso obviamente torna o livro imediatamente melhor. Passei o livro à procura da palavra eskimo , mas aborreci-me tanto durante a leitura que, se houve esquimós, não dei por nada. A sério. Heather com a sua cópia já gasta de Moby Dick Fica, portanto, a primeira ressalva - achei grande parte deste livro infinitamente aborrecida, o que é particularmente chato quando o livro não é dos mais pequenos. No entanto, cruzei-me, ao longo da minha leitura, na vi

Cartas Amorosas de uma Religiosa Portuguesa

Em preparação das Novas Cartas Portuguesas , li as Cartas Portuguesas originais. Tinha este livro no meu imaginário há quase vinte anos: é mencionado num livro de Alice Vieira, creio que em Rosa, Minha Irmã Rosa , quando uma tia questiona a origem do nome da protagonista, Mariana, pois não conhece mais Mariana nenhuma, só a Alcoforado. A minha mãe costuma contar que no dia em que lhe disseram que eu ia chamar-me Mariana, a tia Magda virou a cabeça e resmungou: - Mariana, só conheço a Alcoforado, e que eu saiba não era da nossa família. Porque a tia Magda acha que as crianças que nascem têm de ter sempre nomes de pessoas da família, e essa Mariana Alcoforado de que ela falava era uma freira que viveu em Beja há muitos anos, e ficou conhecida por ter escrito um livro que a mãe já me prometeu dar a ler quando eu for crescida.   Após a citação de Alice Vieira, Mariana Alcoforado dispensa talvez grandes apresentações: nasceu em 1640 e ingressou no Convento da Conceição com 1

Sonnets from the Portuguese

O primeiro livro que li para o #MarçoFeminino - um livro que não tinha, de todo, planeado. Era segunda-feira e, entre trocas de malas para o fim de semana, tinha-me esquecido do Moby Dick . Pior: ia ao médico depois do trabalho. O meu amor, enquanto pessoa incrível que é, emprestou-me este pequeno livro, do qual tinha gostado muito. Comecemos, talvez, pelo título, que fez com que um colega de trabalho me questionasse por que motivo lia coisas sobre portugueses em inglês: Elizabeth Barrett Browning estava inicialmente hesitante quanto à publicação destes poemas, dado o seu cariz bastante pessoal; mas o seu marido, Robert Browning (também ele poeta), insistindo no seu valor literário, sugeriu-lhe que os publicasse na mesma, mas sob algum subterfúgio. Assim, Elizabeth publicou-os como se fossem traduções de sonetos estrangeiros. A razão por trás da escolha de "Portuguese" não é clara, mas estará algo entre a sua admiração por Camões, a alcunha carinhosa que o marido

Inéditos Expresso

Entre o atraso típico nos meus posts , e o facto de serem contos (logo, textos de dimensão reduzida), decidi fazer um único post para esta colecção. Macau Noir, de Clara Ferreira Alves Comecei a colecção por este conto. Foi interessante - deu algumas luzes sobre a cultura macaense, que desconheço; falou-se de pastéis de nata, de casinos, da máfia. Soube, porém, a muito pouco - sinto que podia ser desenvolvido para um texto maior, não sei se um livro, mas uma novella . Fiquei curiosa, queria mais. O Mal dos Outros, de Bruno Vieira Amaral Tinha muita curiosidade pela obra de Bruno Vieira Amaral. Aliás, tinha muita curiosidade acerca do trabalho de muitos destes autores - nunca tinha lido nenhum dos autores da colecção, acrescente-se. Bruno Vieira Amaral apresenta uma situação algo mundana, uma relação suburbana, o traidor patológico e a mulher que deixa andar, não obstante saber. A ideia de que se calhar tinham um futuro mais promissor pela frente. Não foi particularmen

Lápides Partidas

A minha vontade de ler Aquilino Ribeiro já vinha de há muito. Foi, como já disse neste blog, o autor que me "faltou" comprar na Feira do Livro de Lisboa de 2017; foi o autor que um grande amigo meu me disse, no seu anual postal de Natal, se ter destacado dentro das suas (poucas) leituras de 2017; e foi com esta reedição que me rendi e me estreei. Este não era um título que eu conhecesse. Tinha mais em mente aquele dos lobos ou a casa de Romarigães (que, descobri por acaso, é em Paredes de Coura, terra onde ponderei regressar este ano). Também tenho curiosidade com o da raposa. E o dos faunos. Queria ler Aquilino Ribeiro, resumindo. Começo por dizer que Aquilino Ribeiro não é para qualquer um. A sua prosa é densa, muitas das palavras caíram em desuso; a aplicação Priberam instalada no telemóvel torna-se mais útil do que nunca. Mas, passada a resistência inicial, entra-se facilmente no ritmo e é um deleite ler Aquilino Ribeiro. Segundo vim mais tarde a perc

Querida Leonor

Fui ao evento de apresentação desta obra no Centro de Cultura e Intervenção Feminista (CCIF/UMAR) e não resisti a comprar o livro. Começo por falar no evento: o livro foi apresentado pela autora e historiadora Luisa V de Paiva Boleo, e pelo seu amigo, também historiador, Alexandre Honrado. Vou, infelizmente, a muito menos eventos da UMAR do que gostaria - é uma casa para mim, tendo sido lá voluntária e sempre calorosamente acolhida por pessoas que acho fascinantes e cujo trabalho admiro. Sendo a apresentação de um livro, e tendo a possibilidade de ir, não podia faltar. Ambos os apresentadores do livro se assumiram como membros da UMAR, e ambos deram perspectivas fascinantes sobre a obra e a colecção em que esta se insere, mas também sobre a mulher sobre a qual o livro versa: Leonor d'Almeida Portugal, Marquesa de Alorna, que inspirou já As Luzes de Leonor, de Maria Teresa Horta. Nunca li As Luzes de Leonor - é um livro grande e não particularmente barato, o que me dei

2018 | Março

Vamos lá recapitular. Recebidos Recebi dois livros este mês. Da Porto Editora, e num registo infantil, Os Mauzões . Este livro, de Aaron Blabey, pega em quatro animais tipicamente considerados vilões: um lobo, uma piranha, uma víbora e um tubarão. Fartos de serem os maus da história, querem agora ser heróis - resta saber se, com o seu passado, irão ser bem sucedidos. Lê-se num instante, e é super divertido (li no Domingo de Páscoa - review  virá)! Da D. Quixote, O Nervo Ótico  (custa-me tanto não escrever "óptico"!), de María Gainza. Enquanto pessoa que adora ir a museus, e não resiste àquela imagem do Museo del Prado na capa do livro, estou ansiosa para ler este relato entre história de arte e obras-primas. Comprados Este mês estava-me a portar super bem, até que chegou a Feira do Livro de Poesia e eu, como já disse aqui , conheci dois projectos e um espaço que me fascinaram: Mariposa Azual, Espaço Llansol e Douda Correria. Comprei Dez Razões para Aspirar

Feira do Livro de Poesia 2018

Dia 25 de Março, fui à Feira do Livro de Poesia. Esta Feira é uma iniciativa da Casa Fernando Pessoa, em honra do Dia Mundial da Poesia, que se celebra, tal como o Dia da Árvore, a 21 de Março. Já tinha pensado em ir a esta feira no ano passado, mas não se deu; este ano, em tom duplamente celebratório, plantei uma árvore e, posteriormente, desloquei-me até Campo de Ourique. A Feira é pequena, mas aprendi a gostar de feiras pequenas com a Festa do Livro de Belém. O vento era forte e fazia-se sentir largamente, com alguns volumes mais pequenos a chegar mesmo a levantar voo. Entre as bancas da LeYa, Quetzal e Relógio d'Água, destacaram-se, para mim, dois nomes bem mais pequenos: a Douda Correria e o Espaço Llansol (com livros da Mariposa Azual ). Destacaram-se ambas por motivos semelhantes: as senhoras que estavam em cada banca eram visivelmente apaixonadas pelos projectos que representavam, e ambas de uma simpatia inegável. A oferta de títulos completamente diferente