Entre o atraso típico nos meus posts, e o facto de serem contos (logo, textos de dimensão reduzida), decidi fazer um único post para esta colecção.
Macau Noir, de Clara Ferreira Alves
Comecei a colecção por este conto. Foi interessante - deu algumas luzes sobre a cultura macaense, que desconheço; falou-se de pastéis de nata, de casinos, da máfia. Soube, porém, a muito pouco - sinto que podia ser desenvolvido para um texto maior, não sei se um livro, mas uma novella. Fiquei curiosa, queria mais.
O Mal dos Outros, de Bruno Vieira Amaral
Tinha muita curiosidade pela obra de Bruno Vieira Amaral. Aliás, tinha muita curiosidade acerca do trabalho de muitos destes autores - nunca tinha lido nenhum dos autores da colecção, acrescente-se. Bruno Vieira Amaral apresenta uma situação algo mundana, uma relação suburbana, o traidor patológico e a mulher que deixa andar, não obstante saber. A ideia de que se calhar tinham um futuro mais promissor pela frente. Não foi particularmente memorável, mas gostei, tanto do enredo como do desfecho. A ler mais do autor.
O Abençoado, de Afonso Cruz
Afonso Cruz é um autor que vejo mencionado em tudo quanto é blog como sendo excelente. Estive, aliás, para comprar um livro dele na Feira do Livro de Lisboa de 2017, mas tal não se deu porque fiquei confusa com a sua elegibilidade para Hora H. As expectativas eram altíssimas, mas confesso que não adorei. Gostei do tom, gostei da história, mas achei algo confusa e, de certa maneira, cansativa, algo que não esperava num conto tão curto. Há autores que não foram feitos para contos (não adoro os do Fitzgerald, nem os do Hemingway, por exemplo). A investigar mais.
As Súplicas, de João Tordo
Outro autor para cuja leitura parti com expectativas elevadas, e que as superou. O conto passa-se no Japão, e relata não só problemas de sociedades estratificadas, mas a luta do homem contra a natureza, a ambição, as suas próprias vontades. Foi um dos meus contos favoritos da colecção, e é um autor de quem quero ler mais.
Chave De Entendimento Para Uma Sinfonia Perdida, de Patrícia Reis
Nunca tinha ouvido falar de Patrícia Reis, e este conto foi uma bela surpresa. Retrata os sonhos de uma rapariga com uma relação condenada à partida, por ele ser mais velho, mais rico, casado, uma pessoa pertencente a um mundo completamente à parte; um conto com uma forte presença de música, com uma narradora que faz da arte profissão, como muitos dos outros contos que li posteriormente nesta colecção. Mais uma autora a investigar.
Dores, de Maria Teresa Horta
Este foi, sem qualquer sombra de dúvida, o meu conto favorito - e o meu livro favorito da colecção. Foi um dos meus primeiros encontros com a escrita de Maria Teresa Horta: já tinha ouvido excertos serem lidos em encontros, mas nunca lido - tenho agora três livros dela (vá, as Novas Cartas Portuguesas não são só dela) na estante e estou ansiosa por lhes pegar.
O conto lembrou-me muito desta entrevista de Maria Teresa Horta, de Agosto do ano passado. Senti que tinha muito de autobiográfico - como ela aliás diz que faz em toda a sua escrita. Lindíssimo - não vale a pena adiantar mais.
A minha curiosidade relativamente a este conto era também muita: o autor é da minha idade, e já ganhou um prémio LeYa. O conto versa sobre a vida da avó do narrador, moribunda, a filha que teve para ter companhia, pássaros vários, e a implicação de todos esses elementos na vida do narrador. A escrita era poética, gostei do conto - mas também sinto que o autor precisaria de mais espaço para expandir o texto.
O Meu Tio, de Isabela Figueiredo
Outro que se destacou, da colecção. A narradora, mulher de meia idade, é escritora e tem um filho adolescente cujos gostos tem dificuldade em sustentar. Mora na margem Sul, perto da mãe e de uma tia que ficou com a família após o marido (irmão da mãe da narradora) a ter abandonado e fugido do país. O tio era Pide. O tio era uma entidade abstracta na família e, padrinho de baptizado da narradora, dera-lhe um nome algo infeliz. Um dia, o tio, emigrado, decide voltar - e acha que tem direito a viver com a narradora.
Onde nos Viemos a Achar, de Nuno Camarneiro
Começo por dizer que não adorei. Seis pessoas encontram-se confinadas ao mesmo espaço, após terem sido todas sequestradas por um grupo rebelde num país em conflito, todas em circunstâncias diversas. Não se percebe o porquê, o objectivo, é demasiado curto para parecer ter um propósito. É interessante pelo facto de cada personagem ter ido lá parar com uma história de vida diferente - isto, quando percebemos a sua história de vida -, mas gostava de ter podido saber mais.
Os Invernos em Paris, de Isabel Rio Novo
Retrato de uma doutorada em Belas-Artes que enfrenta uma depressão, tendo sido confrontada com perdas várias ao longo da sua vida. Algumas das cenas passam-se em Paris e falam de quadros do Musée d'Orsay (o meu museu preferido), o que me apelou imediatamente; mas toda a sensibilidade, estética e não só, da narradora, o relato da sua vida, das suas relações não só com homens, mas a ideia do irmão e da mãe, tocaram-me profundamente.
O Mistério da Beleza, de Nuno Júdice
Poesia! Não estava nada à espera, após vários livros com contos. Não sou grande apreciadora de poesia, até porque sinto que não compreendo. Foi bonito, foi diferente, foi inesperado.
Ringue, de Matilde Campilho
Por falar em inesperado: o "espaço" de Matilde Campilho foi uma amálgama de poemas e textos soltos. Não senti um fio condutor, não gostei muito. Algumas referências literárias interessantes pelo meio, nada que me prendesse a atenção.
O Meu Tio, de Isabela Figueiredo
Outro que se destacou, da colecção. A narradora, mulher de meia idade, é escritora e tem um filho adolescente cujos gostos tem dificuldade em sustentar. Mora na margem Sul, perto da mãe e de uma tia que ficou com a família após o marido (irmão da mãe da narradora) a ter abandonado e fugido do país. O tio era Pide. O tio era uma entidade abstracta na família e, padrinho de baptizado da narradora, dera-lhe um nome algo infeliz. Um dia, o tio, emigrado, decide voltar - e acha que tem direito a viver com a narradora.
Onde nos Viemos a Achar, de Nuno Camarneiro
Começo por dizer que não adorei. Seis pessoas encontram-se confinadas ao mesmo espaço, após terem sido todas sequestradas por um grupo rebelde num país em conflito, todas em circunstâncias diversas. Não se percebe o porquê, o objectivo, é demasiado curto para parecer ter um propósito. É interessante pelo facto de cada personagem ter ido lá parar com uma história de vida diferente - isto, quando percebemos a sua história de vida -, mas gostava de ter podido saber mais.
Os Invernos em Paris, de Isabel Rio Novo
Retrato de uma doutorada em Belas-Artes que enfrenta uma depressão, tendo sido confrontada com perdas várias ao longo da sua vida. Algumas das cenas passam-se em Paris e falam de quadros do Musée d'Orsay (o meu museu preferido), o que me apelou imediatamente; mas toda a sensibilidade, estética e não só, da narradora, o relato da sua vida, das suas relações não só com homens, mas a ideia do irmão e da mãe, tocaram-me profundamente.
O Mistério da Beleza, de Nuno Júdice
Poesia! Não estava nada à espera, após vários livros com contos. Não sou grande apreciadora de poesia, até porque sinto que não compreendo. Foi bonito, foi diferente, foi inesperado.
Ringue, de Matilde Campilho
Por falar em inesperado: o "espaço" de Matilde Campilho foi uma amálgama de poemas e textos soltos. Não senti um fio condutor, não gostei muito. Algumas referências literárias interessantes pelo meio, nada que me prendesse a atenção.
É uma colecção que parece muito interessante, gostava de a ler um dia!
ResponderEliminarGostei do post, da ideia de juntar todos os contos no mesmo post visto serem uma colecção e não um post para cada conto :p
O Musée d'Orsay também é o meu museu preferido :D
Musée d'Orsay :D
EliminarSão muitos contos e demasiado curtos para terem o espaço de um post, eu acho :p mas gostei muito de alguns! Hei de te emprestar, ora :D
Já tropecei várias vezes com a referência a estes "Inéditos" e agora fiquei com muita curiosidade, ainda para mais porque alguns dos autores são-me muito queridos, como João Tordo e Patrícia Reis, de quem lá li praticamente tudo e aconselho vivamente!
ResponderEliminarAdmito que o gosto por contos vem crescendo - sempre me pareceram como um doce que nos arrancam da boca quando estamos a começar a desfrutá-lo - e espero realmente poder ler algum dos que mencionas, sobretudo aqueles que mais te caíram no goto!
E já está mais um post arrumadinho! Venha o próximo ;) Cá estarei para saboreá-lo!
Que bom saber que gostas desses autores - o que recomendas, de ambos? Do João Tordo vejo muitas recomendações (e quase tudo aponta para o Luto de Elias Gro), mas da Patrícia Reis não vejo grandes referências!
EliminarPercebo isso sobre os contos - muitas vezes é quando começamos a entrar na história que ela acaba, e sabe a pouco - mas também é uma maneira agradável de passar o tempo e um compromisso mais pequeno :)
E muito obrigada! Tenho conseguido despachar uns quantos :)
Do Tordo aconselho e muito Biografia involuntária dos amantes - AMEI!!!
EliminarSe quiseres, passa pelo meu cantinho e dá uma espreitadela à opinião que escrevi do mesmo.
Quanto à Patrícia Reis, gostei muito de todas as suas obras, sobretudo as mais antigas. Tenta ler "Antes de ser feliz", "Cruz das almas" ou "Morder-te o coração", mas qualquer um deles que ela escreveu é mesmo bom!
Beijinhos!
Irei ver, é claro :) e vou anotar os nomes para a Feira do Livro que está quase quase aí! Beijinhos e obrigada :D
EliminarMuito interessante, Bárbara.
ResponderEliminarEm relação ao João Tordo, diria que, com todas as imperfeições de uma estreia, o premiado "3 Vidas" seria um bom começo. Também gostei de "Ano Sabático" por um lado negro e absurdo. Mais desses dois do que dos últimos...
Muito obrigada, José! Irei anotar as suas recomendações e procurá-las na Feira do Livro que se aproxima. O meu namorado tem "O Bom Inverno" (que ainda não leu), e possivelmente começarei por esse livro. Já o leu?
EliminarO "Bom Inverno" tem algumas coisas muito interessantes e imaginativas. Mas está longe de ser dos melhores. Lembrei-me de outro. O 1° que li dele foi "Hotel Memória". E esse achei arrebatador. Foi uma grande surpresa, na altura. (Nota-se bem a influência do Paul Auster nesse...)
ResponderEliminarA anotar. Muito obrigada!
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