A Game of Thrones

Winter is coming.

Ao longo dos já mais de dois anos em que mantenho este blog, alterei hábitos de leitura - talvez não tanto alterar como alargar. Li livros young adult extremamente populares, livros que estavam a ter muita saída em filmes no cinema, livros lusófonos, séries de fantasia.

Saí da minha zona de conforto de clássicos maioritariamente vitorianos e cult classics mais recentes. Alguns surpreenderam-me pela positiva, outros confirmaram a ideia pré-concebida que eu tinha sobre o género/autor. Mas o importante é, sem dúvida, sair dessa zona de conforto e experimentar.

A mind needs books as a sword needs a whetstone, if it is to keep its edge.

Pessoalmente, a zona mais difícil para mim era a fantasia. Mesmo a minha experiência mais próxima com ficção científica ficava-se pelos clássicos distópicos e clássicos da chamada horror fiction. Aos onze anos, desisti de ler o primeiro Harry Potter na página 72. Com a mesma idade, adormeci a ver o primeiro filme do Senhor dos Anéis (culpo o streptococcus).

Também sempre tive uma péssima impressão daqueles livros de fantasia que a Fnac relega para a última prateleira na secção de literatura estrangeira, com péssimas capas e lombadas, que uma pessoa se tem de agachar ou mesmo sentar no chão (algo que adoro fazer em livrarias, confesso) para os ver.

Quando, há cerca de quatro anos, amigos me tentaram convencer a ler Game of Thrones, resisti. Mesmo a série só comecei a ver em finais de 2014, algo céptica. Mas aí rendi-me.

When you play a game of thrones you win or you die.

Eu nunca pensei que ia ler isto, e agora estamos aqui.

Com uma miríade de personagens, esta leitura é sem dúvida mais fácil após a familiarização com a série. No mesmo sentido, este livro não se desvia particularmente da primeira temporada da mesma - detalhes e personagens extra à parte. Isso ou ir consultando a parte do fim com os nomes das personagens e as casas a que pertencem e as suas lealdades (o tipo de esquema que deu muito jeito na minha edição do War and Peace). 

A leitura em si não é difícil. A escrita é quase básica. Há cenas que são difíceis de ler pela sua natureza ora brutal ora sexual, mas, novamente, é mais fácil já sabendo ao que se vai. O problema é que às vezes parece que foi escrito por um rapaz de treze anos que gosta de lutas e batalhas e sexo e distrai um bocado. Fora isso é épico e entretém, muito.

And for the first time in hundreds of years, the night came alive with the music of dragons.

As personagens são extremamente bem desenvolvidas, e os capítulos género point of view ajudam bastante a esse efeito. É engraçado ver como isto funciona em série (já comecei o segundo livro), já que muitas vezes as personagens se encontram fisicamente juntas, mas o decorrer da narrativa afasta-as. Até agora, isso funciona bem e com bom seguimento, já que através das várias personagens temos a visão completa dos eventos, e apesar da Daenerys estar do outro lado do oceano sinto que a história dela se vai juntar à dos restantes em breve. O que irrita é que a visão é tão completa que sabemos sempre o que as outras personagens têm vestido, sempre.

Swift as a deer. Quiet as a shadow. Fear cuts deeper than swords. Quick as a snake. Calm as still water.

A narrativa gira em torno de acção, acção, acção. Lá está, não é o tipo de livro que se lê pela escrita incrível, mas pela acção, e pela pletora de emoções que surgem. Quem vê a série sabe que não se deve apegar a nenhuma personagem, mas sou team Arya e espero que ela consiga chegar até ao fim da série. Também gosto da Daenerys embora me custe sempre a escrever o nome dela, e não sei se é por ela ter dragões.

4/5

Podem comprar esta edição aqui, ou em português aqui.