Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de 2025

Abrigo

Em rescaldo de Depressão Martinho, e em jeito de desafio #Marçoilustrado, Abrigo , escrito por Céline Claire e ilustrado por Qin Leng parece-me extremamente adequado. Os animais da floresta preparam-se para uma tempestade que se aproxima, cada família reunindo comida e preparando o seu abrigo. Aparecem dois ursinhos polares - pai e filho -, que ninguém conhece e que vêm pedir abrigo, batendo porta a porta sem qualquer sorte. Uma raposa amigável oferece-lhes uma lanterna, num pequeno gesto de gentileza, e este gesto fraterno não passa despercebido quando as raposas passam também necessidade, perante uma ameaça ao seu lar no momento em que a tempestade piora.   É um bonito livro sobre generosidade, e a história é simples e directa, bem comunicada e acessível para crianças.. As ilustrações têm um aspecto "analógico", suave, como que pintadas à mão, e os vários abrigos e roupas dos animais são adoráveis, em tons de terra e de inverno que conferem ao livro a atmosfera perfeita. Co...

Género Queer

Género Queer  foi o livro mais banido de 2023 da American Library Association. O mundo está especialmente tenebroso ultimamente no que respeita a liberdade expressão e liberdade de simplesmente ser e estar, portanto achei que era a altura ideal para requisitar na minha biblioteca. Nesta obra, Maia Kobabe detalha a sua vida e o seu crescimento, com foco especial na sua viagem em torno da sua sexualidade e identidade de género - claramente um livro escrito com propósitos de catarse, com a evolução do seu sentimento de "eu" e a muita confusão que daí advém, especialmente quando não se encaixa facilmente nas "caixas" definidas pela sociedade. Maia questiona desde cedo o que lhe é ou não permitido fazer tendo em conta o género que lhe foi assignado à nascença e, com a puberdade, a relação com o corpo tem contornos mais confusos que o habitual. Na juventude, começa a conhecer novos temas e termos que levam as suas questões mais longe e ajudam a que possa formar uma melhor...

2025 | Fevereiro

Mês curto e duro de leituras, como de costume. Comprados & Recebidos Duas novidades entusiasmantes na estante:  Carta Aberta aos Animais (e aos que os amam) , de Frédéric Lenoir, da Quetzal, e a reedição de O Corsário Negro , de Emilio Salgari, da Clube do Autor. Também recebi (de prenda)  Sleeping Beauties , adaptação a novela gráfica do livro de Stephen King e Owen King por Rio Youers e Alison Sampson, e Canto Vol. 1: If I Only Had a Heart , de David M Booher. Do La Kube, La nuit tombée de Antoine Chopin. Lidos Em Fevereiro, terminei Las Primas , de Aurora Venturini, para o Clube de Leitura Iberoamérica em Livros, da Biblioteca de Belém. Para o meu próprio desafio, li Mrs. Dalloway , de Virginia Woolf, review  e podcast já disponíveis . Li também O Acontecimento , de Annie Ernaux. Em novelas gráficas, li a adaptação de Ana dos Cabelos Ruivos  de Mariah Marsden (e tenho de colocar opinião deste e do original aqui no blog), Sleeping Beauties , adaptação de R...

Mrs Dalloway

No livro de Fevereiro do FOMO Challenge 2025, Virginia Woolf convida-nos a seguir um dia na vida de Mrs. Dalloway. Apesar de nunca ter lido Mrs. Dalloway, o mais conhecido dos livros de Virginia Woolf, esta não foi a minha primeira experiência com a autora: em adolescente, li Orlando  (que carece de releitura, mais de meia vida passada), dez anos depois li The Waves  e, mais recentemente, li Flush , que sai muito do âmbito da restante obra. Mrs Dalloway  é, como eu disse, um dia na vida de Clarissa Dalloway, uma mulher de alta sociedade em Londres no pós Primeira Guerra Mundial ( circa  1925). Neste dia em particular, Clarissa Dalloway vai dar uma festa - uma de muitas que costuma dar. As suas preocupações habituais prendem-se com relações, ligações e sociedade (note-se o título - a identidade que lhe é conferida pelo casamento) e, desta vez, é indirectamente assombrada por fantasmas do passado, quando um interesse romântico de há mais de 30 anos resolve aparecer. Cl...

Si tu passes la rivière

Si tu passes la rivière , de Geneviève Damas, foi o primeiro livro que recebi com a La Kube e um dos meus favoritos de 2023 (não, não me enganei a escrever o ano). Como poderão saber, o meu pedido na La Kube é de livros francófonos de leitura fácil. Este livro foi-me recomendado assim pela livreira que mo escolheu: Bonjour Bárbara. J'ai choisi pour vous ce roman riche d'émotions et très bien écrit, dans lequel le narrateur raconte son enfance, son apprentissage, sa sensibilité étonnante et les secrets de sa famille. Un récit beau et lumineux qui, je l'espère, vous plaira :) François Sorrente vive numa zona rural de França ou talvez da Bélgica (a autora é belga, o lugar é indefinido). Sabemos que é novo, é analfabeto, cuida dos porcos, vive com o pai e os irmãos na quinta onde cresceu e da qual raramente saiu e, desde sempre, desde que era uma criança muito pequena, o pai proibiu-o de atravessar o rio ao lado da quinta, em cuja outra margem há uma outra quinta, queimada e d...

Heartbreak Hotel

Recebi Heartbreak Hotel , de Micol Arianna Beltramini e ilustrado por Agnese Innocente, neste Natal, e li de imediato. Heartbreak Hotel  pode começar por parecer uma história young adult  comum, mais uma de muitas novelas gráficas com temáticas adolescentes e LGBT que têm (e bem!) surgido ultimamente, mas destacou-se rapidamente para mim - a história é muito mais complexa do que deixa entender ao início, sendo também adequada para leitores mais velhos (isto vindo de mim, que adoro literatura infantil e não costumo ler young adult ). Começamos por conhecer Maya, que era amiga de Laura desde pequena, e nutre por ela uma paixão secreta. Laura faz 16 anos, tem agora um namorado, e convida Maya para a festa. Maya declara-se a Laura, e é a última vez que a vê sorrir.   Maya acorda no Heartbreak Hotel, e tem um maneki neko (eu, na ausência de um, fotografei o livro com a Mimi), e percebe que há lá três outros hóspedes, todos eles com uma história de amor que lhes causou um ...

2025 | Janeiro

Comecei 2025 cheia de motivação - tanto nas leituras como pelo blog. Espero que seja um bom augúrio! Comprados & Recebidos Em Janeiro, chegou finalmente o meu La Kube de Dezembro, Archie , de Alia Cardyn, e o de Janeiro,  Un jardin en Australie de Sylvie Tanette. Na Indie (livraria de Cascais), comprei Free Love , de Tessa Hadley, uma autora que quero muito descobrir. Da Quetzal, chegaram duas reedições de livros que quero há anos ler: O Papagaio de Flaubert , de Julian Barnes (de cujo The Sense of an Ending  gostei muito), e A Visita do Brutamontes , de Jennifer Egan.  Lidos Janeiro correu surpreendentemente bem. Comecei o mês a ler Normal People , de Sally Rooney , escolha de Janeiro para o meu FOMO Challenge, que fiquei longe de adorar, porém se lê num ápice. A seguir (ando a tentar alternar livros de prosa/poesia/etc com novelas gráficas/mangas), li o Vol. 4 de Urusei Yatsura , de Rumiko Takahashi, prenda de Natal, continuo a adorar esta série. De seguida, peguei...

Normal People

Normal People , de Sally Rooney, foi o primeiro livro do FOMO Challenge 2025 , um desafio de leitura trazido até vós por mim, e partilhado em podcast com o John (companheiro de podcasts anteriores). A decisão que tomei foi de publicar a opinião no mesmo dia em que sairá o episódio, e os episódios sairão sempre dia 1. Este mês tive sorte, porque calhou Sábado! Foi-me dito que este livro era uma óptima primeira escolha para o clube, por alguém que confessou ter lido o livro precisamente por peer pressure . Esta não foi a minha primeira experiência a ler Sally Rooney - podem encontrar aqui a minha opinião de Mr Salary , e li há uns meses Conversations with Friends , cuja opinião prometo publicar eventualmente, dado que ainda tenho muito blog por actualizar. Normal People  é sobre Marianne e Connell, que andam na mesma escola mas são de mundos bastante diferentes: a mãe de Connell limpa a casa da família de Marianne. Ele é de classe baixa mas popular, ela de classe alta mas ninguém na ...

Caderno de Memórias Coloniais

Li este livro a convite do João , na leitura conjunta que ambos dinamizámos em Janeiro, para o seu podcast Livrólicos Anónimos , sendo que podem já ouvir o nosso episódio sobre esta obra . Tinha há já alguns anos curiosidade com a obra de Isabela Figueiredo, e tinha ideia de que nunca a tinha lido, até ter sido, recentemente, recordada de que um dos seus contos integrou esta colecção do Expresso . Pelo que escrevi há data (há já seis anos), foi um dos meus contos favoritos da colecção, mas claramente não ficou para a posteridade. A minha curiosidade para com a obra de Isabela Figueiredo, confesso, dirigia-se mais a A Gorda , mas também este Caderno de Memórias Coloniais  me intrigava, mais não seja porque também o meu pai é retornado - tendo nascido em Luanda e vivido na então Sá da Bandeira até aos seus 12 anos, altura do 25 de Abril, quando voltou para casa. Apesar de ter um pai (e avós) retornados, nunca cresci com a ideia da abundância que os portugueses viviam nas ex-colónias:...