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The Marriage Plot

Gosto muito dos outros dois livros do Eugenides e este estava barato quando, há coisa de um ano, precisava de portes grátis ao mandar vir livros para a malfadada tese.


Para minha tristeza, e ao contrário do que o título dá a entender, este livro não é sobre golpes do baú. Mais que isso, ironicamente, o livro começa por falar da tese da protagonista, Madeleine Hanna, English major, ou, melhor, dos seus livros, organizados por autor e "arranged not by title but date of publication". Olha, um livro sobre livros. Mas portanto, The Marriage Plot é não só o título deste livro, como também da tese dela, que trata do facto de os livros da época vitoriana e da regência acabarem em casamentos, terem como "objectivo" do seu enredo o casamento.

Claro que este é todo um indício de uma vida amorosa mal resolvida: Madeleine está interessada num tipo arrogante e pseudo-intelectual da sua aula de Semiótica que mal conhece, Leonard, bipolar, com problemas sérios de higiene e que, honestamente, parece ter zero interesse (enquanto pessoa, embora por vezes nela também), e nem sequer soa bem parecido. Por outro lado, um tipo que conheceu numa festa da residência por acaso, o Mitchell, que estuda TEOLOGIA e é descrito ao longo do livro enquanto misógino, aborrecido e um bocado hipócrita, acha que a Madeleine e ele são mean2b:

There was a moment before Mitchell spoke again. "You can come to India with me," he said.
Madeleine opened one eye to see, through a whorl in her hair, that Mitchell wasn't entirely joking.
"It's not even about grad school," she said. Taking a deep breath, she confessed, "Leonard and I broke up."
It felt deeply pleasurable to say this, to name her sadness, and so Madeleine was surprised by the coldness of Mitchell's reply.
"Why are you telling me this?" he said.
She lifted her head, brushing her hair out of her face. "I don't know. You wanted to know what was the matter."
"I didn't, actually. I didn't even ask."
"I thought you might care," Madeleine said. "Since you're my friend."
"Right," Mitchell said, his voice suddenly sarcastic. "Our wonderful friendship! Our 'friendship' isn't a real friendship because it only works on your terms. You set the rules, Madeleine. If you decide you don't want to talk to me for three months, we don't talk. Then you decide you do want to talk to me because you need me to entertain your parents - and now we're talking again. We're friends when you want to be friends, and we're never more than friends because you don't want to be. And I have to go along with that."
"I'm sorry," Madeleine said, feeling put-upon and blindsided. "I just don't like you that way."
"Exactly!" Mitchell cried. "You're not attracted to me physically. O.K., fine. But who says I was ever attracted to you mentally?"

A sério, Mitchell? Nice guy much?

Entretanto, a Madeleine é também irritantemente descrita como incrivelmente bem parecida e floquinho de neve especial (She may have looked normal on the outside but once you'd seen her handwriting you knew she was deliciously complicated inside WHAT ABOUT NO), embora seja claramente apenas uma básica que leu romances a mais e ficou com ideias, e acho que o livro sofre um bocado com isso, melhorando claramente quando se começa a focar em personagens que não ela.

O plot avança no sentido do Marriage Plot, da vida de Madeleine entre os seus dois pretendentes, entre previsíveis referências literárias (de vitorianos a semiótica), feministas que julgam pessoas por lerem Hemingway e que acabam com os namorados por quererem experimentar mulheres, tipas que oferecem sex toys às suas irmãs de 14 anos, hippies anacrónicos, voluntariado para a Madre Teresa, etc. Destaco também o facto de o Jeffrey Eugenides inventar uma Diane MacGregor para receber o prémio Nobel que foi para a Barbara McClintock em 1983 enquanto algo que não compreendo.

Não é de todo o melhor do Eugenides (o melhor é o The Virgin Suicides, sim), mas vale pelo desenvolvimento do Leonard.

3.5/5

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