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Seta Despedida

Esta edição foi comprada na Dejà Lu, uma livraria solidária em Cascais.


Maria Judite de Carvalho é possivelmente a melhor autora que descobri no espaço do último ano (e cuja obra é um bocadinho difícil de encontrar à venda).

Seta Despedida é mais um conjunto de contos sobre a vida e como, no fundo, não estamos tão acompanhados ou felizes  como podemos julgar, como podemos parecer. Tal como em Tanta Gente, Mariana, há tanta gente mas as personagens estão sozinhas, vivem vidas nas quais tudo falhou.

Chegou a comprar medicamentos, e a verificar se havia uísque por causa do Manuel, mas, em todo o caso, tirou uma garrafa e guardou-a no fundo do armário da cozinha. Era a receita Marylin. Enfim, durante anos acreditara-se nisso. Claro que havia outras hipóteses a considerar, encontradas, ao longo da vida, quase sempre em livros mas também na realidade: o comboio de Ana Karenine, o mar (ou seria um rio?) de Virginia Woolf.
(...)
Talvez mesmo sofresse, sofria sem dúvida, coitado. "Em que livro encontrara uma pessoa assim?", pensou. Encolheu os ombros. "Li de mais e vivi de menos", pensou. "Misturo pessoas vivas e pessoas mortas com personagens de ficção, que cansaço".


Para estas personagens, a solidão é tão profunda, o silêncio tão duro. É tão difícil viver. Seta despedida não volta ao arco, e é impossível voltar atrás, é impossível combater o inelutável.

5/5

Esta obra parece ser impossível de encontrar à venda.

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