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Medea

Heaven has no rage like love to hatred turned, Nor hell a fury like a woman scorned, segundo uma peça do William (não Shakespeare) Congreve que nunca li.


Os protagonistas, Jason e Medea, eram-me já conhecidos de um filme que costuma dar na Páscoa mas onde não entra o Charlton Heston. Nesse filme, porém, e ao contrário desta peça, Medea era uma personagem secundária. Euripides pega na história no ponto em que eles são já casados e pais de dois filhos.

Jason decide abandonar Medea pela filha do rei lá do sítio. Ela fica, obviamente, furiosa, relembrando as juras que ele lhe tinha feito e o facto de ter matado o seu irmão e abandonado a sua família e terra por causa dele. Depois disso, Creon, o rei lá do sítio, vai falar com ela para a expulsar das suas terras. Ostracizada - sem jóias, carro (por acaso nem por isso, que no fim vai-se ver e tem uma carruagem com DRAGÕES), casa -, Medea não aceita tão bem como Ágata ficar só com os filhos, para quem Jason tinha planos que roçavam a bigamia (já que continuava casado com Medea, né):

(...) But - this was the main reason - that we might live well,
And not be short of anything. I know that all
A man's friends leaves him stone-cold if he becomes poor.
Also that I might bring my children up worthily
Of my position, and, by producing more of them
To be brothers of yours, we would draw the families
Together and all be happy. You need no children.
And it pays me to do good to those I have now
By having others. Do you think this is a bad plan?

Medea, como qualquer pessoa normal, acha isto uma infâmia, e então decide matar a noiva de Jason, o pai dela que a quis expulsar de Corinth (é o nível do pai desta menina) e os seus próprios filhos, por saber que isto o faria sofrer ainda mais, embora também a magoasse, pois aí ele não teria descendência, não teria noiva com quem criar nova descendência, e continuaria a viver em sofrimento.

O plano de Medea para matar a noiva é... bizarro. Envolve as suas crianças ofertarem à moça um vestido envenenado e um diadema que se prende à cabeça dela e lança chamas. Quiçá isto faça sentido em mitologia grega, mas sem dúvida apreciei o quão rebuscado o planeamento dela foi. Quando Medea sabe, através de um mensageiro, que conseguiu matar a noiva e o seu pai, retribui a informação de que virão atrás dela com:

MEDEA: The finest words you have spoken. Now and hereafter
I shall count you among my benefactors and friends.

Ao que o mensageiro pergunta se ela se está a sentir bem, claro.

Medea prossegue com o seu plano, matando as suas próprias crianças. Jason aparece posteriormente e fica horrorizado ao saber disto. Tanto Medea como Jason agem com base no seu interesse próprio, o que se reflecte no diálogo final em que se acusam um ao outro depois de todo o mal estar já feito. Dá vontade de os levar ao Maury, no fundo.

5/5

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