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Jurassic Park

Houve uma ida à Feira do Livro que culminou numa conversa de horas, passando pelo jogo do Jurassic Park para a Mega Drive, a eu mencionar que o filme foi baseado num livro, o que me levou a correr ao BookDepository logo que entrei em casa.


Passando à frente a ironia do facto de eu ter comprado um livro como consequência de uma ida à Feira do Livro, fora da Feira do Livro: toda a gente viu o filme. Até eu vi o filme (!), embora isso tenha acontecido em talvez 1995 e eu só me lembre que havia dinossauros - mas também, com cinco anos, que é que esperavam de mim? Eram dinossauros! E que criança não gosta de dinossauros?

(Aqui talvez vocês respondam que raparigas raramente gostam de dinossauros - o que significa que eu desafio papéis sociais de género desde pequena, tinha óculos de sol estilo Wayfarers vermelhos com um padrão de dinossauros, dinossauros são e sempre foram épicos, e o Em Busca do Vale Encantado é um filme do caraças)

Mas adiante. Dinossauros! A partir do momento em que isto tem dinossauros, não quero saber da ciência impossível (not surprising) ou plot holes ou o que quer que seja. Porque tipo...

Welcome to Jurassic Park. You are now entering the lost world of the prehistoric past, a world of mighty creatures long gone from the face of the earth, which you are privileged to see for the first time.

DINOSSAUROS! That's the dream!

Mais uma vez, não é o tipo de livro que eu leia com frequência (ou que leia, em geral). Mas este livro tem um ritmo do caraças, a acção avança muito rapidamente e nunca é aborrecido. É intrigante, tem suspense, tem um bom build-up. Claro que não é o melhor livro de sempre, claro que não é a mais alta literatura, mas é óptimo enquanto entretenimento. E isso também é preciso.

Uma ilha perto da Costa Rica foi comprada por um tipo rico, Hammond, que gosta de patrocinar paleontólogos, como o Dr. Grant, que sabem honestamente pouco sobre ele. Alguns dos seus protegidos (Dr. Grant, a sua parceira de trabalho Ellie, Ian Malcolm que é matemático) e um advogado são convidados para ir visitar a sua ilha privada para dar a sua opinião - e descobrem que nesta está a ser construído o parque de diversões mais avançado do mundo, o Jurassic Park. Quando chegam à ilha, há logo esta recepção incrível:

Gennaro was a stocky, muscular man in his mid-thirties wearing an Armani suit and wire-frame glasses. Grant disliked him on sight. He shook hands quickly. When Ellie shook hands, Gennaro said in surprise, "You're a woman."

Porque como todos sabemos, mulheres não podem ter lugares de destaque na ciência.

Entretanto juntam-se os netos do Hammond à festa, assim como alguns dos empregados do Jurassic Park, engenheiros, cientistas, etc. Todas estas personagens servem um propósito, cada uma delas tem um skill ou um papel, há o matemático, há o paleontólogo, há o engenheiro, há a mulher que, como podem ter visto pela citação acima, serve para pouco mais que isso, há as crianças em perigo, há o mau da fita corrompido pelo seu próprio dinheiro, etc.

Nenhum dos convidados sabia ao que ia, ou sabiam mas não tinham noção do que os esperava. Malcolm passa o tempo todo a questionar potenciais problemas que prevê, do alto das suas teorias matemáticas, muito do género "adoro dizer 'I told you so' e quero provar que tenho razão" ("There is a problem with that island. It is an accident waiting to happen."), o que a certo ponto leva a esta resposta:

"(...) We see these animals as fragile and delicate. They've been brought back after sixty-five million years to a world that's very different from the one they left, the one they were adapted to. We have a hell of a time caring for them." 

Que me lembrou imediatamente de uma referência incrível que só uma pessoa poderá possivelmente compreender:

"Quero... ir para casa"

No meio disto tudo há, relembro, DINOSSAUROS! Tiranossauros e velociraptors agressivos, compys com um nome bem mais complicado que esse, triceratops que a miúda de sete anos alcunha de "Ralph" só porque pode, cenas de perseguição e evasão a predadores aterradores e do tamanho de um prédio. Suspense, dinossauros, esquemas incríveis para sobreviver, eu leitora a torcer por que dinossauros matem mais alguém, até que voltamos ao Malcolm moralista a falar das suas teorias e em como tudo vai falhar.

Gosto do Malcolm.

As explicações científicas tanto sobre dinossauros em si como acerca da maneira como estes haviam sido clonados pareceram-me minimamente credíveis sem me confundirem muito e, juntamente com as questões éticas levantadas (clonagem, complexos de Deus a querer controlar a natureza, engenharia genética, etc), fizeram do livro um bocado menos... básico. Não que isso seja um problema, quando se tem DINOSSAUROS.

Descobri entretanto que há uma sequela, intitulada The Lost World (que me parece péssima, até porque ressuscitam uma personagem que dão como morta no final deste livro) - o mesmo título que um livro do Arthur Conan Doyle que eu desconhecia existir, também ele sobre dinossauros.

4/5 tenho vontade de ver o filme

Podem comprar esta edição aqui.

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