I think I want to be in love with you but I don't know how.
E aqui está o livro que redimiu a Angela Carter para mim após o The Passion of New Eve. Parece uma história simples: Melanie tem 15 anos e uma vida feliz, rica, com os seus pais felizes, que a adoram e aos seus irmãos e vivem todos numa bonita casa no campo.
Melanie apercebe-se de que já não é uma criança. Durante este verão, na ausência dos pais que viajaram, passa os dias a olhar para si e para o seu corpo sem roupa, sonhando com o homem perfeito, e sente-se atraída pela ideia do vestido de noiva da sua mãe, uma quantidade abismal de cetim e rendas brancas. Uma noite, veste-o, sai de casa, e dá por si trancada fora de casa. Acidentalmente, destrói o vestido, e tem de subir por uma árvore para poder voltar a entrar. Ao entrar, procura o conforto do seu urso de peluche para poder adormecer.
Melanie apercebe-se de que já não é uma criança. Durante este verão, na ausência dos pais que viajaram, passa os dias a olhar para si e para o seu corpo sem roupa, sonhando com o homem perfeito, e sente-se atraída pela ideia do vestido de noiva da sua mãe, uma quantidade abismal de cetim e rendas brancas. Uma noite, veste-o, sai de casa, e dá por si trancada fora de casa. Acidentalmente, destrói o vestido, e tem de subir por uma árvore para poder voltar a entrar. Ao entrar, procura o conforto do seu urso de peluche para poder adormecer.
E na manhã seguinte, quando acorda, descobre que os seus pais morreram num acidente, e que vai viver para Londres com um tio do qual apenas tem uma vaga recordação assustadora.
O tio Philip tem uma loja de brinquedos meio vintage e com um aspecto tão real e perfeito que são assustadores, em cima da qual mora com a sua mulher muda, Margaret, e os dois irmãos desta, Francie e Finn, todos ruivos e irlandeses, numa casa delapidada e sem água quente. O tio Philip é um tirano que aterroriza a família de modo a que estes ajam como bonecos sem vida.
Melanie tem de aprender a viver nesta nova casa, nesta nova família, com falta de limpeza, com pobreza, e com os seus sentimentos conflituantes por Finn.
She remembered the lover made up out of books and poems she had dreamed of all summer; he crumbled like the paper he was made of before this insolent, off-hand, terrifying maleness, filling the room with its reek. She hated it. But she could not take her eyes off him.
Em pouco tempo, Melanie é obrigada a crescer, de várias maneiras. Aprende que a sexualidade não é aquilo que idealizara, que lera nas revistas para mulheres (como Finn goza com ela com frequência). Ela apaixona-se por um homem que é longe de perfeito, que é desajeitado, sujo, e os avanços dele são perturbadores porque ele é masculino, real, não o que ela idealizara ou sonhara - mas o que ela afinal quer.
E Melanie tem de crescer porque o tio Philip não a deixa ser mais criança. Tem regras rígidas sobre horários de refeições, fá-la trabalhar, não a deixa ir à escola. Pior, faz teatros de fantoches especialmente para a família - e decide fazer um em que Melanie é o fantoche principal.
Red plush curtains swung to the floor from a large, box-like construction at the far end of the room. Finn, masked, advanced and tugged a cord. The curtains swished open, gathering in swags at each side of a small stage, arranged as a grotto in a hushed, expectant woodland, with cardboard rocks. Lying face-downwards in a tangle of strings was a puppet five feet high, a sulphide in a fountain of white tulle, fallen flat down as if someone had got tired of her in the middle of playing with her, dropped her and wandered off. She had long, black hair down to the waist of her tight satin bodice.
O tio Philip quer encenar a história de Leda, sendo Melanie Leda num vestido semelhante ao com que a sua mãe se casou, com um cisne-marioneta gigante e aterrador. Na verdade, o tópico do incesto é tão corrente nesta história como se fosse um acontecimento rotineiro em qualquer família.
Sexualidade, incesto, feminismo, magia, simbolismo, todos juntos neste livro. E funciona.
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