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Estante #1

Estou a pensar começar a falar das revistas Estante, da FNAC. Aqui fica uma primeira tentativa.


De distribuição gratuita, é o segundo número que acompanho.Acho uma excelente iniciativa por parte da FNAC, e gosto da variedade de conteúdos, tendo sempre como base os livros. O número anterior, focado em literatura young adult, não me apelou tanto como este. De destaque, o Especial "Utopias e Distopias" e a lista dos 12 melhores livros portugueses dos últimos 100 anos.

Deste último tema, ressalva-se logo no editorial: É uma escolha contestável pelas ausências, inevitáveis, algumas que nos custaram muito (faz-me falta a prosa imprevisível de Pascoaes, A Noite e o Riso, Maria Velho da Costa, Ruben A., Maria Judite de Carvalho, Rodrigues Miguéis, e mais ainda). Dos 12 eleitos, confesso que nunca li nem possuo nenhum (mas ressalvo que o meu companheiro incrível tem dois na estante):

A Casa Grande de Romarigães, de Aquilino Ribeiro
A Sibila, de Agustina Bessa-Luís
Finisterra, de Carlos de Oliveira
Húmus, de Raul Brandão
Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa
Mau Tempo no Canal, de Vitorino Nemésio
O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago
Os Cus de Judas, de António Lobo Antunes
O Delfim, de José Cardoso Pires
Os Passos em Volta, de Herberto Hélder
Para Sempre, de Vergílio Ferreira
Sinais de Fogo, de Jorge de Sena

E mesmo destes autores, só li quatro, dois deles na escola e não fiquei a maior fã de nenhum (e acrescento que não gostei de José Cardoso Pires). Algo a rectificar, autores a explorar. Ando a tentar investir mais nos lusófonos e nos portugueses em particular, é uma lacuna que admito desde cedo.

Inspirado nos 500 anos da publicação de Utopia, de Thomas More, o Especial "Utopias e Distopias", surge com várias sugestões de livros sobre sociedades ora idílicas ora aterradoras. Desde utopias como a espelhada em Mein Kampf, de Hitler, à procura do mundo ideal em que tudo corre da melhor maneira de Candide, de Voltaire, passando pelas Cidades Invisíveis de Calvino, que tenho na estante à espera que me atreva a ler em italiano; e as clássicas distopias de George Orwell, ou o Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, que eu acho assustadoramente realista e uma previsão muito próxima daquela que é hoje a nossa realidade alienada, juntamente com o clássico russo We, que gostaria muito de ler um dia. Há uma cronologia com o evoluir dos pensamentos em vários livros clássicos (com óptimas sugestões, e incluindo A Mensagem, de Fernando Pessoa, uma utopia sobre o Quinto Império português) e toda uma secção de bandas desenhadas, com o conhecido V for Vendetta, que inspirou o filme.

É um tipo de leitura que agradará a muitos: desde os fãs de trilogias como The Hunger Games (também uma distopia, com o seu mundo despótico em que jovens entram num Battle Royale com fins de entretenimento), aos que gostam de política, aos que gostam de ficção científica. E é especialmente adequado no rescaldo da eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos da América após uma campanha que incitava o ódio e o medo, numa altura em que é impossível prever o que nos espera. A nós e ao mundo.

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Muito bom post, dá vontade de realmente investir ainda mais nos autores lusófonos, em especial portugueses, de conhecer melhor a nossa literatura
    São poucos os escritores portugueses de que gosto mas pode ser que mude, foi uma excelente ideia a da revista, vou investigar os autores mencionados :p

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    1. temos de investir mais sim, realmente conhecemos muito pouco e a nossa experiência com lusófonos aponta mais noutras direcções :p

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  3. Respostas
    1. "dos últimos 100 anos"

      sei que escrevo mal mas give me a break tipo :(

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  4. E obrigado pela menção :p e por dares a conhecer a revista, deve haver muita gente que gosta de ler, que compra muitos livros na fnac mas simplesmente não sabe da existência da revista, ou do seu conteúdo
    Talvez leia um dos que tenho na estante brevemente! Hei de estar atento à revista também, ainda por cima gratuita, parece bastante interessante em teoria

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    1. sempre :p é verdade, a revista não costuma estar muito exposta acho! tanto que também só comecei a prestar atenção mais recentemente :p tem artigos interessantes sim!

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  5. Olá Bárbara,
    Também tenho o hábito de ler esta revista.
    Gosto cada vez mais de ler autores lusófonos. E este é um dos meus desafios para o ano de 2017. O teu post fez-me sentir "pequena", pois ainda não li nenhum dos que mencionaste. É um caminho :)
    Beijinhos e boas leituras

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    1. olá Isaura! também me sinto muito pequena ao lado de muitas listas :) é normal para quem quer ler mais e mais, pois há tanto para ler e as listas são cada vez maiores!
      também quero investir mais e mais nos lusófonos :)
      beijinhos, boas leituras!

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