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Black Beauty

A primeira de duas reviews extremamente atrasadas.


Black Beauty é um clássico infantil no qual se baseiam filmes que nunca vi. Deparamo-nos aqui com a história de um cavalo, relatada na primeira pessoa pelo próprio Black Beauty: a autora, Anna Sewell, escreveu esta obra para ilustrar o abuso sofrido pelos cavalos, e o sofrimento é visível não só em vários momentos da vida "profissional" de Black Beauty, mas também dos cavalos com quem ele se cruza. 

Acompanhamos Black Beauty desde os seus tempos de poldro feliz com a sua mãe até à velhice, passando pelo seu crescimento numa sociedade Vitoriana onde os cavalos eram meio de transporte em si só ou, alternativamente, puxavam carroças com humanos ou com mercadoria - uma sociedade onde havia cavalos a passear livremente nas ruas de Londres - tendo total acesso às percepções equinas das várias mudanças na sua vida. O facto de se direccionar para um público mais jovem faz com que a história tenha uma narrativa mais directa; todos os personagens, cavalos e humanos, são caracterizados e individualizados; Black Beauty, Ginger, Merrylegs, todos eles com vivências diferentes, todos eles com formas de pensar diferentes, com pensamentos detalhados de uma forma quase humana.

We call them dumb animals, and so they are, for they cannot tell us how they feel, but they do not suffer less because they have no words.

E é isto que se destaca no livro. Tendo acesso às suas perspectivas, pensamentos e sentimentos, é difícil não sofrer com as desventuras de Black Beauty com os seus donos muitas vezes deliberadamente cruéis, por vezes apenas negligentes, ou com toda a história de Ginger.

No seu tratamento do sofrimento animal, Sewell respeita os leitores ao não se afastar do desagradável sem, no entanto, chocar gratuitamente; e, ao dar sentimentos e necessidades verbalizadas pelos animais, sentimo-nos mais cruéis e egoístas por, por vezes, poder (ainda que por ignorância) diminuí-los. E mesmo numa época em que já não encontramos cavalos nas ruas de Londres, onde já não temos a mesma exposição a estes animais, estas filosofias são fáceis de aplicar a questões como abuso de animais, testes em animais, quintas de produção, etc.

Do you know why this world is as bad as it is?... It is because people think only about their own business, and won't trouble themselves to stand up for the oppressed, nor bring the wrong-doers to light... My doctrine is this, that if we see cruelty or wrong that we have the power to stop, and do nothing, we make ourselves sharers in the guilt.

É talvez uma leitura violenta para crianças, e passível de ser mais apreciada por adultos. Tem várias mensagens morais, não só pelo melhor tratamento dos cavalos, e dos animais em geral, mas também acerca da forma como tratamos outros humanos (especialmente os mais pobres), sobre alcoolismo, furtos e outros traços que podem ser considerados como falhas humanas. As mensagens são claras e fortes. É de notar que a popularidade deste livro teve impacto real e positivo na sociedade britânica, ao ter contribuído para o fim do uso de alguns adereços cruéis para cavalos, e para o melhor tratamento destes, especialmente os que trabalhavam em carroças.

It is good people who make good places.


4/5

Podem comprar esta edição aqui, ou em português aqui.

Comentários

  1. Parece ser um livro bastante diferente, que toca em pontos tantas vezes negligenciados e que sobrevive ao tempo, quero ler!
    Óptima foto com a Papoila :p

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    1. irás ler :p veremos o filme? :o é bastante diferente sim, por vezes muito emocional e tocante!

      obrigado pela foto :$ :p

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  2. Olá!
    Conheço bem esta história! Gosta tanto...ualquer dia releio.
    Beijinhos e boas leituras

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    Respostas
    1. É lindíssima a história Isaura! Beijinhos, boas leituras :)

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