Uma roadtrip que se tornou numa bela chance de descobrir locais e autores novos.
De há algumas viagens para cá, comecei a incluir livrarias no roteiro. As livrarias "de cadeia" são sempre opções seguras, mas tenho querido pesquisar livrarias independentes: como, aliás, mencionei no que escrevi sobre a Librairie Delamain, pois têm, geralmente, aquele toque acolhedor que uma FNAC nunca tem. Assim, fui com três nomes na mente para Sevilha: Casa del Libro (cadeia de livrarias que já conhecia de Madrid); Rayuela Infancia, livraria infantil independente; e Un Gato en Bicicleta, livraria-café independente. As três a distâncias muito curtas umas das outras.
O nosso encontro com a literatura começou antes, porém, no Palacio de las Dueñas, local de nascimento do poeta Antonio Machado. Confesso que desconhecia o nome; trata-se do mais novo representante do movimento literário espanhol Generación del 98, grupo de escritores, ensaistas e poetas espanhóis. A loja do Palacio tinha várias obras do autor, que folheei com curiosidade, bem como outros livros representantes da região, como o Burlador de Sevilla, de Tirso de Molina; no entanto, chamou-me à atenção uma autobiografia da antiga dona da casa: a falecida Duquesa de Alba, a excêntrica Cayetana.
Falem em ceder à tentação livresca: eu comprei essa autobiografia.
Rayuela Infancia fica muito perto do Metropol Parasol/Las Setas, o miradouro panorâmico da cidade. Fomos pela curiosidade de uma livraria infantil, e em busca de Manolito Gafotas, de Elvira Lindo, livro que não encontrámos por lá. Decerto uma livraria interessante para quem tem crianças; a selecção era vasta, apenas não pareceu ter muita literatura espanhola (muitas traduções na secção juvenil, ou muitos álbuns infantis).
A dois minutos de distância, Un Gato en Bicicleta. Tinha grandes expectativas para esta livraria, por ter aquele que é basicamente o melhor nome de sempre, mas as expectativas saíram goradas: muita poesia independente, livros que pareciam auto-publicados. Pareceu, no entanto, um sítio agradável para um café. Senti que se calhar a livraria comercial era um local mais indicado para mim.
Rumámos, portanto, à Casa del Libro. Passámos na Calle Sierpes, que tem uma placa comemorando o facto de muita da obra de Miguel de Cervantes se passar lá. Já agora, alguém que tenha lido Don Quijote: passa-se em Sevilha? Há tantas referências em lojas de recuerdos! Mas regressando à Calle Sierpes: a Librería San Pablo, uma livraria católica, com secções dedicadas a cada um dos últimos três papas. Infelizmente, a livraria fechava cedo (para os padrões da cidade), e não pudemos explorar muito.
Fica, já agora, a menção à homenagem a Miguel de Cervantes próxima da Plaza Nueva.
Mas retomando: três livrarias depois, não tínhamos tido sucesso com as nossas wishlists. Seguiu-se, inevitavelmente, a Casa del Libro na Calle Velázquez, onde encontrei Travesuras de la Niña Mala, de Vargas Llosa. Não encontrei Rayuela, mas encontrei Castillos de Cartón, de Almudena Grandes, e decidi trazer também. Segunda fuga à wishlist: check.
Também perto da Plaza Nueva, encontrei a FNAC local, onde comprei Miau, de Benito Pérez Galdós. Acrescento desde já que foi no El Corte Inglés que encontrei Rayuella. Lojas comerciais a resultar, portanto - não conheço o suficiente de literatura espanhola e latino-americana para me aventurar em leituras mais independentes.
Fica ainda a recomendação especial para os fãs de Game of Thrones, seja a série televisiva, seja a série literária, sejam ambas: as cenas de Dorne são filmadas no Real Alcázar de Sevilla. A popularidade do Alcázar não torna o sítio menos bonito ou imponente; os vários tipos de arquitectura sobrepostos, as bases mouriscas e os detalhes ocidentais, as laranjeiras e palmeiras, tudo isto serve para mostrar a evolução histórica da cidade, a sua cultura e também a cultura da Andaluzia. É um sítio único, e por tudo isto, pelas influências amalgamadas num só lugar, merece o seu estatuto de património da UNESCO. Ou seja: mesmo que não apreciem Game of Thrones, visitem.
Por último: a primeira foto deste post é na Plaza de España que, não sendo um lugar de referência literária, é um lugar de referência na mesma, por ser o planeta Naboo de Star Wars, e é dos sítios mais bonitos que já visitei.
De há algumas viagens para cá, comecei a incluir livrarias no roteiro. As livrarias "de cadeia" são sempre opções seguras, mas tenho querido pesquisar livrarias independentes: como, aliás, mencionei no que escrevi sobre a Librairie Delamain, pois têm, geralmente, aquele toque acolhedor que uma FNAC nunca tem. Assim, fui com três nomes na mente para Sevilha: Casa del Libro (cadeia de livrarias que já conhecia de Madrid); Rayuela Infancia, livraria infantil independente; e Un Gato en Bicicleta, livraria-café independente. As três a distâncias muito curtas umas das outras.
O nosso encontro com a literatura começou antes, porém, no Palacio de las Dueñas, local de nascimento do poeta Antonio Machado. Confesso que desconhecia o nome; trata-se do mais novo representante do movimento literário espanhol Generación del 98, grupo de escritores, ensaistas e poetas espanhóis. A loja do Palacio tinha várias obras do autor, que folheei com curiosidade, bem como outros livros representantes da região, como o Burlador de Sevilla, de Tirso de Molina; no entanto, chamou-me à atenção uma autobiografia da antiga dona da casa: a falecida Duquesa de Alba, a excêntrica Cayetana.
Falem em ceder à tentação livresca: eu comprei essa autobiografia.
Rayuela Infancia fica muito perto do Metropol Parasol/Las Setas, o miradouro panorâmico da cidade. Fomos pela curiosidade de uma livraria infantil, e em busca de Manolito Gafotas, de Elvira Lindo, livro que não encontrámos por lá. Decerto uma livraria interessante para quem tem crianças; a selecção era vasta, apenas não pareceu ter muita literatura espanhola (muitas traduções na secção juvenil, ou muitos álbuns infantis).
A dois minutos de distância, Un Gato en Bicicleta. Tinha grandes expectativas para esta livraria, por ter aquele que é basicamente o melhor nome de sempre, mas as expectativas saíram goradas: muita poesia independente, livros que pareciam auto-publicados. Pareceu, no entanto, um sítio agradável para um café. Senti que se calhar a livraria comercial era um local mais indicado para mim.
Rumámos, portanto, à Casa del Libro. Passámos na Calle Sierpes, que tem uma placa comemorando o facto de muita da obra de Miguel de Cervantes se passar lá. Já agora, alguém que tenha lido Don Quijote: passa-se em Sevilha? Há tantas referências em lojas de recuerdos! Mas regressando à Calle Sierpes: a Librería San Pablo, uma livraria católica, com secções dedicadas a cada um dos últimos três papas. Infelizmente, a livraria fechava cedo (para os padrões da cidade), e não pudemos explorar muito.
Fica, já agora, a menção à homenagem a Miguel de Cervantes próxima da Plaza Nueva.
Mas retomando: três livrarias depois, não tínhamos tido sucesso com as nossas wishlists. Seguiu-se, inevitavelmente, a Casa del Libro na Calle Velázquez, onde encontrei Travesuras de la Niña Mala, de Vargas Llosa. Não encontrei Rayuela, mas encontrei Castillos de Cartón, de Almudena Grandes, e decidi trazer também. Segunda fuga à wishlist: check.
Também perto da Plaza Nueva, encontrei a FNAC local, onde comprei Miau, de Benito Pérez Galdós. Acrescento desde já que foi no El Corte Inglés que encontrei Rayuella. Lojas comerciais a resultar, portanto - não conheço o suficiente de literatura espanhola e latino-americana para me aventurar em leituras mais independentes.
Fica ainda a recomendação especial para os fãs de Game of Thrones, seja a série televisiva, seja a série literária, sejam ambas: as cenas de Dorne são filmadas no Real Alcázar de Sevilla. A popularidade do Alcázar não torna o sítio menos bonito ou imponente; os vários tipos de arquitectura sobrepostos, as bases mouriscas e os detalhes ocidentais, as laranjeiras e palmeiras, tudo isto serve para mostrar a evolução histórica da cidade, a sua cultura e também a cultura da Andaluzia. É um sítio único, e por tudo isto, pelas influências amalgamadas num só lugar, merece o seu estatuto de património da UNESCO. Ou seja: mesmo que não apreciem Game of Thrones, visitem.
Por último: a primeira foto deste post é na Plaza de España que, não sendo um lugar de referência literária, é um lugar de referência na mesma, por ser o planeta Naboo de Star Wars, e é dos sítios mais bonitos que já visitei.
'onde comprei Miau, de Benito Pérez Galdós' ahah muito bom, quando irás pegar nesse livrinho? :p
ResponderEliminarGostei muito do post, gostei muito de Sevilha e gostei muito das livrarias que visitámos e de que falas aqui, umas com mais variedade do que outras mas todas diferentes e até bastante específicas, só de religião, para crianças, etc.
A Un Gato en Bicicleta também não faz o meu género pese embora o óptimo nome :p
Meteste uma fotografia tua :o terá sido uma estreia? :p
'Falem em ceder à tentação livresca: eu comprei essa autobiografia'
Esse livro deve ser tão mas tão bom, espero que o leias ainda este ano xD
A FNAC não tem desiludido nas nossas viagens por acaso, no que toca a livrinhos realmente tem aparecido quando precisamos dela :p
Sevilha é lindíssima, excelente post
Haha o "Miau" :p não sei quando, mas estou curiosa sim, mais não seja pelo título :o
EliminarAdorei Sevilha :D muitas livrarias sim, dessas mais específicas a espaços como a FNAC, o ECI ou a Casa del Libro :D e é verdade, a FNAC não desilude nestas coisas :p
Não foi uma estreia :$ mas é bem raro sim :o
Haha, vou ver se o encaixo neste ano sim :ppp deve ser incrível o livro!
Gosto de passear contigo :D
Tens toda a razão quando referes no charme que uma livraria tem e uma Fnac não tem!! Mesmo sem comprar nada, pois às vezes acontece, quando se entra numa livraria ou biblioteca é simplesmente mágico!!
ResponderEliminarMuito interessante foi teres tido esta ideia de nos roteiros de viagens, visitar livrarias! É uma ótima ideia e uma grande oportunidade não só de ver outros livros mas também de encontrar preços muito diversificados!! :)
Blog: http://bolacha-mariaa.blogspot.pt/
Projeto: http://ajudaoplanetaesalvaomundo.blogspot.pt/
Uma FNAC (ou outra livraria de cadeia) muitas vezes tem aquilo que procuramos, mas nunca tem esse ambiente mágico que tanto acrescenta à experiência de comprar um livro :)
EliminarE muito obrigada! Para quem lê em mais línguas, comprar livros em viagens é tanto um souvenir como de conhecer mais da cultura local (embora eu tenha comprado alguns sul-americanos). E também de treinar posteriormente a dita língua, claro :) muitos países de línguas mais "exóticas" têm muitas vezes livrarias com livros em inglês - da minha experiência, destaco a República Checa!
Estive em Sevilha em fevereiro. Foi a primeira vez que visitei a cidade, mas não foi uma visita que me desse espaço para fazer um roteiro literário como aquele que nos apresentas. Quando vou a Espanha, procuro La casa del libro (é sempre uma escolha segura), mas a última vez que por lá encontrei uma livraria com a atmosfera que descreves foi em Valladolid - livraria com um atendimento pessoal, livros espalhados por todos os cantos e aquele encanto que nos pede para não sairmos de lá, Nem preciso dizer que saí de lá com livros nos braços ;)
ResponderEliminarTambém fui em Fevereiro e também foi a primeira vez! :) fui três dias (voltámos no quarto dia logo de manhã) e fiz questão de incluir livrarias na viagem :D
EliminarGosto muito de livrarias mais pequenas, mas nem sempre correspondem às necessidades e expectativas - em Paris tive sempre sorte (acho que a única cadeia que existe será mesmo a FNAC), mas em Espanha a Casa del Libro é sem dúvida a escolha segura :) fiquei encantada com essa descrição de Valladolid! Nunca lá fui. Uma cidade espanhola à qual tenho facilidade em ir é Salamanca, mas nunca lá visitei livrarias. Uma rápida pesquisa diz-me que não tem Casa del Libro, mas na próxima visita tenho de procurar outras!