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No Caderno da Tangerina

Bárbara Ferreira lê banda desenhada.


Comprei este livro no Contacto 2018, o evento de literatura fantástica/de fantasia que houve no Palácio Baldaya dia 7 de Abril. Como já escrevi em tempos no Facebook do blog, fui a este evento um bocadinho por arrasto do meu namorado, que queria muito ir (não sou a maior fã de fantasia/ficção científica/literatura fantástica), mas acabei por sair de lá com horizontes alargados e conhecimento de novos projectos. Saldo positivo, portanto. Saí de lá também com um único livro (tendo-me portado muito melhor que ele!), que foi No caderno de Tangerina, de Rita Alfaiate, muitíssimo recomendado pelos responsáveis da Legendary Books.

A sinopse diz o seguinte:

Quando conheci a Tangerina, a minha nova colega de escola, fiquei feliz porque ela era diferente, e podia ser minha amiga. Mas a Tangerina era distante, havia algo que eu não compreendia. Ela tinha um caderno, um caderno estranho. Descobri que era nele que residia todo o seu mistério.

Destaco desde já a edição em si: este livro, tal como todos da Escorpião Azul (editora que descobri no evento), tem um marcador personalizado e um grafismo extremamente cuidado. Pormenores que dão gosto acrescido à leitura. A capa do livro, e um rápido folhear, davam a entender uma influência de mangá. Nunca li mangá, apesar de adorar alguns animes, mas tenho algumas coisas numa wishlist daquelas não muito urgentes (porque ainda estou muito fixada na prosa).

Imagem tirada da página da própria autora, aqui

Apesar de estar a meio de outra leitura, no dia seguinte peguei neste livro. A leitura é rápida; os desenhos são muito bons. Aquilo que me mostra que (ainda) não sou boa a ler este tipo de obra é que sou rápida a virar a página na ausência de texto. Não serei a melhor crítica neste aspecto - mas as ilustrações são para ver, rever e apreciar, desde os fundos em branco em páginas nas quais nos focamos somente nas personagens, aos detalhes nas paredes do corredor da escola.

Escola do primeiro ciclo - chega uma colega nova, Tangerina, que será a nova colega do lado de Spike. Spike é diferente - Spike é o "caixa de óculos" que é maltratado pelos colegas, gozado pela sua roupa, que não tem jeito para futebol. Mas Tangerina é diferente também - passa as aulas a desenhar no caderno, a desenhar monstros, porque Tangerina sabe tudo sobre monstros e há um monstro que fugiu dos sonhos dela.

E aqui há duas maneiras de interpretar o livro: podemos pensar da maneira literal, e Tangerina conhece monstros e está a tentar capturar um que fugiu dos sonhos dela (pensem no Miss Peregrine's Home for Peculiar Children, um mundo no qual existem monstros que algumas crianças conseguem ver); mas quem realmente conheça monstros, no sentido figurado, no sentido psicológico. Há traumas, problemas psicológicos, crises interiores, e todos estes são monstros.

Qualquer que seja a interpretação, Tangerina é ao início relutante em revelar o seu segredo a Spike; mas a cumplicidade entre os dois cresce, e Spike não tem receio em entrar no segredo da colega. Spike também vê o monstro, Spike também se preocupa quando este foge da armadilha em que Tangerina o conseguiu apanhar.

 

Não sabemos quais são os monstros de Tangerina. Só sabemos o que se passa no recreio da escola e nos campos circundantes, só sabemos da relação entre os dois protagonistas, e que Tangerina deixa Spike entrar no seu segredo. Spike encontra e confronta o monstro, seja ele metafórico ou real.

O final do livro é simples, desconcertante e aberto. É uma obra bastante curta, que ganha muito na sua simplicidade.

5/5

Podem comprar esta edição aqui.

Comentários

  1. Gostei muito do livro também, simples e bastante bom
    Quanto ao final gostei do debate que tivemos sobre o mesmo, duas interpretações diferentes e é isso que é giro na arte :p

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    Respostas
    1. É verdade, é um livro muito simples mas com muitas possibilidades de interpretação :p e do qual gostei mesmo muito!

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