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Tuck Everlasting

Li este pequeno livro numa tarde.



Tuck Everlasting, de Natalie Babbitt, é sobre Winnie Foster, de 11 anos, (no fim do séc. XIX) cuja família detém uma propriedade com uma floresta à qual ela nunca vai, em parte porque a sua família é muito estrita. Winnie está aborrecida, descontente com a rigidez familiar, que não a deixam sair dos muros do seu quintal, e num quente dia de Verão decide uma pequena rebelião: fugir para a floresta nas traseiras da sua casa.


Como em todas as histórias que envolvem magia, há aqui uma enorme coincidência. Já no meio da floresta, Winnie encontra uma fonte, ao lado da qual um rapaz adolescente dorme. Quando Winnie tenta beber água, cheia de sede, Jesse Tuck acorda e impede-a, sem lhe explicar o porquê. É aqui que a restante família Tuck chega, e não vêem alternativa senão levar Winnie consigo para a sua casa, uma pequena cabana remota no meio da floresta, na qual vivem apenas a mãe e o pai Tuck.


Confiando em Winnie, contam-lhe o seu segredo: como, décadas antes, a família (cavalo incluído, mas não o gato) se tinha refrescado naquela mesma fonte, tornando-se imortais, incapazes de envelhecer, eternamente presos na idade que tinham quando beberam aquela água. Miles, o irmão de Jesse, que tinha 22 anos, viu o seu casamento desmoronar-se por esse motivo; assim, os pais decidiram separar-se dos filhos, vagueando em separado pelo país, nunca ficando muito tempo em lugar nenhum, de modo a não levantar suspeitas acerca da ausência do seu envelhecimento, encontrando-se pontualmente naquela cabana na floresta.


Angus, o pai, explica a Winnie como beber aquela água destruiu as suas vidas:


But dying's part of the wheel, right there next to being born. You can't pick out the pieces you like and leave the rest. Being part of the whole thing, that's the blessing. But it's passing us by, us Tucks. Living's heavy work, but off to one side, the way we are, it's useless, too... You can't have living without dying. So you can't call it living, what we got. We just are, we just be, like rocks beside the road.


Mas Jesse (que, além de ser o mais novo da família, é o mais conformado com a sua vida eterna) pede a Winnie que, alguns anos mais tarde, beba a água para poder viver com ele para sempre. É uma questão filosófica interessante. Se tivéssemos a oportunidade de beber desta fonte, por que motivo não o haveríamos de fazer? Será que é realmente uma maldição, como os Tuck crêem?


A outra questão que importa colocar é o que aconteceria se se soubesse de uma fonte com tais propriedades; e essa questão é abordada no livro, quando um homem presencia parte das cenas e decide usar toda a situação para sua vantagem.


Tal como Winnie, o leitor é convidado a reflectir sobre a vida eterna, a encarar a sua própria mortalidade. Décadas mais tarde, os Tuck reencontram-se na vila de Treetop, agora uma cidade, muito mudada com o passar do tempo (que não passa apenas por eles), de modo a descobrir qual fora a decisão de Winnie - juntar-se a eles na sua viagem eterna através do tempo, ou aceitar que a vida terá um fim.


Um outro ponto de reflexão sobre o livro é a falta de ambição dos Tuck; a família Cullen (nunca li os livros, mas vi os filmes!) também optou por uma vida quase nómada, pelos mesmos motivos, mas investiram sempre no conhecimento, ao passo que os Tuck nunca procuraram aprender mais, enriquecimento pessoal (não necessariamente financeiro), procurar quem se quisesse juntar a eles para por fim à sua imensa solidão (o que apesar de tudo é compreensível - 3/4 dos Tuck considera a imortalidade uma maldição, e Jesse de facto procura companhia em Winnie). Talvez mentalmente também tenham ficado presos.


Don't be afraid of death; be afraid of an unlived life. You don't have to live forever, you just have to live.


4/5


Podem comprar uma outra edição em inglês na wook ou na Bertrand; ou em português, na wook ou na Bertrand


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