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Tiny Pretty Things

Desculpe-me o leitor mais snob que aqui vier parar, mas eu às vezes preciso de ler algo mais simples.



Na verdade, inicialmente, queria ler um livro sobre ballet, por ser uma arte que desperta o meu interesse. Escolhas mais interessantes teriam sido Astonish Me, de Maggie Shipstead, ou o clássico infantil que nunca li, Ballet Shoes, de Noel Streatfeild (sabem que está em wishlist, não sabem?), é certo; mas tendo visto a série da Netflix (que não recomendo), achei interessante começar por Tiny Pretty Things, de Sona Charaipotra e Dhonielle Clayton, achando que sabia exactamente ao que ia.

Essa expectativa acabou por ser defraudada, em vários aspectos, pois além de alguns nomes de  alguns personagens, e do contexto da academia de ballet, a série não aproveita muito do material do livro, extrapolando dos eventos do livro, e dando personalidades mais absurdas/adultas aos seus protagonistas.

Não quero, com isto, dizer que o livro é bom. Acho que teria gostado com 14 anos, não obstante, à data, já ler livros que não young adult (que este é), e não obstante a falta de conteúdo da narrativa, o toque quase-telenovela, o ritmo lento, o desinteresse geral dos vários eventos. Mas eu não esperava, realmente, um livro que me fosse prender, mais que um livro para desanuviar (e, na realidade, tendo como expectativa a versão escrita da série da Netflix, esperava efectivamente pior).

"Ballet makes you all so sad. You never used to be like this."

O livro segue três raparigas, com capítulos alternados entre os seus pontos de vista, Gigi, June e Bette, todas elas com o mesmo objectivo: tornar-se na prima ballerina da escola, ter os papéis principais nas actuações, tendo assim melhores hipóteses de uma carreira profissional de sucesso. Se entrar na academia é difícil, ser a melhor é ainda mais.

De certa forma, gostei de seguir o IMENSO drama e competitividade numa escola de ballet (em regime de internato). Apesar de não saber ao certo se é assim tão complicado e competitivo, acredito que sim - a certo ponto, é dito como os rapazes no ballet são poucos, mas as raparigas são muitas, pelo que a luta pela atenção, pelos solos, pelo estrelato, é muito intensa. Debaixo do mundo cor de rosa dos tutus e movimentos delicados, aparecem a inveja, o racismo, os "favores", o ressentimento, as distâncias percorridas para alcançar a suposta perfeição (drogas, distúrbios alimentares). A maledicência é muita e os rumores correm rápido; há crueldade, há sabotagem e até crimes.

"Ballet is supposed to be beautiful. You're making it ugly." 

As relações amorosas no livro (que as há, que este é um livro para adolescentes) não têm qualquer sentido ou profundidade (algo que a série capturou bem, porque me lembro de me rir imenso do absurdo), tendo início e fim sem qualquer build. Essas são as únicas relações supostamente positivas ao longo do livro, dado que não há verdadeiras amizades, dado todo o conflito de interesses. As personagens principais também não parecem ter qualquer desenvolvimento/crescimento - nem no sentido de se apoiarem umas às outras, nem no sentido de se aperceberem do que estão a fazer - e a história não é minimamente complexa. Também não há repercussões para qualquer acto, e os adultos não parecem preocupados com nada do que se passa na vida destes garotos de 16 anos.

"I don't care about being happy. Only about being the best."

2/5 mas vou ler a sequela...

Podem comprar uma edição física na wook ou na Bertrand; não se encontra traduzido para português.


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