Serei sempre suspeita a falar de livros do Jorge Amado, mas este é de uma beleza incrível.
O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um gato maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e Dona Andorinha
Uma história de amor impossível. E porque Jorge Amado é Jorge Amado, ficam apenas citações, porque não dá para fazer uma review.
Porque - eu vos digo - temos olhos de ver e olhos de não ver, depende do estado do coração de cada um.
Não aceitem uma edição que não tenha as ilustrações de Carybé:
Quando, ao cair da noite, voltava para a sua cama - um velho trapo de veludo - olhou uma flor e nela viu refletidos os rasgados olhos da Andorinha. Febril, foi ao lago beber água e na água também enxergou a Andorinha que sorria. E a reconheceu em cada folha, em cada gota de orvalho, em cada réstia de sol crepuscular, em cada sombra da noite que chegava. Depois a descobriu vestida de prata na lua cheia para a qual miou um miado dolorido. Ia alta a noite quando conseguiu dormir. Sonhou com a Andorinha, era a primeira vez que ele sonhava havia muitos anos.
E não é isso o amor? Encontrar a outra pessoa em cada coisa que se vê, em cada flor, em cada lago, em cada carro amarelo, em cada pedaço do dia a dia e da natureza, em cada sonho, a outra pessoa ser uma parte tão integral que faz parte das pequenas coisas.
Comentários
Enviar um comentário