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Os da Minha Rua

Emprestado pela pessoa mais bonita.


Os da Minha Rua retrata a infância de Ondjaki em Luanda, uma cidade onde os professores são tratados por “camarada professor”, onde se bebe Tang, onde se vêem novelas brasileiras com toda a atenção, onde televisões a cores são quase um mito, onde cinco irmãs míopes têm de partilhar o mesmo par de óculos, de revelações inconsequentes, dos finos do Tio Chico, de primas do vizinho, de coca cola diluída em água para chegar para todos, uma infância onde Ondjaki experimenta os ténis da irmã mais velha num comício do 1º de Maio:

Vi os quedes vermelhos da Tchi, que ela nunca gostou muito, só tinha usado durante uns tempos e depois ficaram ali a ganhar poeira. Limpei devagarinho a parte da frente e até um bocadinho das solas com um pano do pó que sempre ficava ali na casa de banho. Experimentei os quedes, confirmei o que já sabia: não me serviam bem, aleijavam-me no dedo grande e no mindinho também. Mas só o póster, ché!, até num vale a pena!

São pequenas histórias, umas mais tristes, umas mais cómicas, histórias em que a infância é um lugar, é a casa na Rua Fernão Mendes Pinto, as várias casas de todos os conhecidos e amigos e tios, este livro é uma ode a esses tempos idos, às pessoas que os marcaram: às pessoas da rua.

O último capítulo é uma despedida devastadora dessa casa, dessa rua, dessa infância.

- Uma casa está em muitos lugares – ela respirou devagar, me abraçou. – É uma coisa que se encontra.

5/5

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