Quase um ano após ter visto a série e indagado juntamente com a pessoa mais importante da minha vida quem matou a Laura Palmer, eis que leio o diário fictício de uma personagem que não chegou a ter vida na série que, de certa maneira, protagonizou.
Não há exactamente muito a relatar sobre este livro: Laura Palmer recebe um diário pelo seu 12º aniversário, e vai escrevendo de forma errática e irregular ao longo dos seis anos seguintes.
Esta não é, obviamente, uma obra prima da literatura - nem é um livro que faça sentido ler sem ter acompanhado a série e sem a ter fresca na memória. É o diário fictício de uma rapariga, que por um lado lhe dá a vida que nunca teve na série (apenas no filme posterior, que retrata os últimos dias da sua vida e a sua morte), mas que por outro lado é triste, triste, infinitamente triste.
P.S. I hope BOB doesn’t come tonight.
Dá para ler aquela frase, escrita no final do dia em que Laura completava doze anos, sem se pensar no quão completamente destruída uma rapariga inocente foi desde a sua infância? Que essa infância realmente não existiu?
Laura oscila entre ser uma rapariga demasiado sexualizada e viciada em drogas numa idade demasiado precoce e um estado infantil para o qual parece reverter, simultaneamente assustada e aborrecida com o seu estilo de vida, que tenta compensar e alterar com a imagem de rapariga perfeita que cria para Twin Peaks.
Este livro é... demasiado. Demasiado sexualizado, demasiado gráfico, demasiado dark, demasiado triste. Há partes que parecem pornografia infantil. É o retrato de um autêntico pesadelo, e não é um bom livro - mas vale dentro do contexto.
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