A minha primeira leitura do mês, eternamente associada ao dia em que o meu comboio ficou 45 minutos parado em Entrecampos.
Nesta edição, encontram-se reunidos os vários sonetos de Florbela Espanca, poetisa portuguesa que na sua curta vida escreveu sobre temas como a solidão, a dor, a dificuldade em encontrar o amor, o amor em si e algum erotismo - acima de tudo, a procura da felicidade. Usa frequentemente palavras como rútilo, amor e saudade. São poemas maioritariamente tristes, mas de uma enorme beleza.
Que importa? Que te importa , ó moribundo?
- Seja o que for, será melhor que o mundo!
Tudo será melhor do que esta vida!...
São poemas trabalhados, todos eles sonetos com estrutura precisa, todos eles revelam uma enorme angústia e insatisfação com o mundo, com ela própria, com a condição de ser mulher. É acima de tudo curioso como, de um soneto para o outro, passamos de intensa amargura para entrega apaixonada, reflectindo, talvez, a instabilidade da autora.
Para quê?!
Tudo é vaidade neste mundo vão…
Tudo é tristeza, tudo é pó, é nada!
E mal desponta em nós a madrugada,
Vem logo a noite encher o coração!
Até o amor nos mente, esta canção
Que o nosso peito ri à gargalhada,
Flor que é nascida e logo desfolhada,
Pétalas que se pisam pelo chão!…
Beijos de amor! Pra quê?!… Tristes vaidades!
Sonhos que logo são realidades,
Que nos deixam a alma como morta!
Só neles acredita quem é louca!
Beijos de amor que vão de boca em boca,
Como pobres que vão de porta em porta!…
Florbela era visivelmente perturbada, triste, dramática, com fortes conflitos internos, parecendo, nos seus versos, viver numa eterna ânsia por algo. Casou três vezes, e acabou por se suicidar no dia do seu 36º aniversário.
Esse fim dá um outro sentido à obra
ResponderEliminarse quiseres ler :p
EliminarSim obrigado :p
ResponderEliminarQue review tão boa! :) Foi exactamente o que eu senti quando li os sonetos dela. São de uma melancolia e de uma beleza enormes. Adoro a Florbela <3
ResponderEliminarMuito obrigado Sandra! É sem dúvida isso que transparecem :) quero ver se arranjo uma edição da prosa dela agora!
EliminarAs nossas companhias nos transportes público são sem dúvida os livros :)
ResponderEliminarBeijinhos e boas leituras
É bem verdade Isaura, às 7h30 da manhã já me encontram a ler :)
EliminarBoas leituras, beijinhos!