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Le Storie: Sangue e Gelo

Mais um fumetti da Bonelli.


Pelo que compreendo, este quinto volume da Colecção Bonelli da Levoir difere um pouco dos restantes por pertencer a uma série sem personagens fixos, Le Storie. Se os volumes que li anteriormente dependiam de personagens fixos em cenários diferentes (Dylan Dog, Dampyr), aqui os livros podem ser lidos isoladamente, sem qualquer tipo de sequência.

Le Storie explora também diversos géneros, sem ter uma temática fixa: fantasia, terror, história, westerns... Ou seja, é uma série que dá liberdade aos seus vários autores (também eles não fixos) para relatos independentes e complexos. Estou rendida à ideia de novelas gráficas independentes de séries (ou volumes omnibus, como aquele que li de The Fade Out) pois, tal como na ficção normal, gosto de completar uma história.

Sangue e Gelo é da autoria do argumentista Tito Faraci (muito ligado à Disney) e ilustrado por Pasquale Frisenda. Aqui, encontramos o que resta do exército napoleónico do início do séc. XIX, no Inverno Russo de 1812. Este pano de fundo, histórico, tem tudo para me agradar - a estratégia  geopolítica da Rússia, que posteriormente travou a Wehrmarcht em 1941, com a meteorologia a combater a terra queimada, encanta-me ridiculamente. Temos, portanto, um pequeno grupo de homens, liderado por Lozère, a tentar sobreviver ao Inverno, à guerra, a tentar aquecer. A tentar regressar.

 

Junta-se ao grupo de soldados perdidos uma mulher russa, misteriosa, que parece necessitar de ajuda  (perseguida por um homem, em busca do irmão) e os atrai para uma aldeia. Esta parece um espaço para a salvação - mas é uma armadilha, uma aldeia arruinada, assombrada por criaturas eslavas mitológicas, deuses poderosos demonizados pelo cristianismo. Horrores aparentemente piores do que a guerra da qual procuravam escapar.

A única saída possível parece ser a morte; no entanto, a narrativa é contada em retrospectiva, pelo cabo Écrienne. O final é ambíguo.

E agora, se isto fosse uma história num livro, o leitor exigiria uma explicação... mas ao mesmo tempo, fugiria dela como da peste.

E, honestamente, não apreciei o desespero do final aberto, as explicações que ficaram por dar, aquilo que, no fundo, não consegui compreender ou concluir.

 

O relato é lento, cheio de suspense, a situação apresentada é desesperada. É uma história de terror, sem ser necessariamente de terror, porque tem a guerra (que, em si só, é um cenário desolador, desesperado, tenso e descontrolado) e os deuses esquecidos à procura de vingança, num toque subitamente sobrenatural.

Em tons de preto, branco e vermelho, o trabalho é esteticamente muito apelativo. São as cores do sangue e do gelo, do gelo e da neve que permeiam o cenário, que caracteriza o país desconhecido.

3,5/5

Podem comprar esta edição na wook ou na Bertrand

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