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biografias e memórias

Post de recomendações, vamos lá?



Leio muito pouca não-ficção, e acabo por preferir memórias, biografias e auto-biografias. Depois de ter definido, no Ler os Clássicos, que Setembro seria mês de ler não-ficção, acabei por ir mais longe que as cartas de Kafka a Milena, e li também Racismo em Portugal, de Joana Gorjão-Henriques. Ficou, não diria "um bichinho", mas algum entusiasmo para partir à descoberta de mais não-ficção. Até lá, deixo-vos algumas recomendações de livros de não-ficção que vim a ler ao longo dos últimos anos.


Diários, Sylvia Plath. Este livro não existe em português, o que acho uma perda tremenda, pois é das obras que mais me marcou na vida. Os Unabridged Diaries of Sylvia Plath serão eternamente abridged (condensados! Aprendi recentemente e adorei!), porque Ted Hughes queimou aqueles referentes ao último ano de vida da sua ex-mulher, por não querer que os filhos tivessem acesso (ou é esta a desculpa dele para tamanha atrocidade). Sylvia é e sempre será para mim uma inspiração. Podem comprar aqui, em inglês (ebook).


Man's Search for Meaning, Viktor Frankl. Falo frequentemente deste livro e recomendo-o amplamente. É um livro que sei que li na altura certa, e que nunca me abandonou. Viktor Frankl sobreviveu a um campo de concentração; médico psiquiatra, orientou as suas forças na possibilidade de utilizar esta experiência para ajudar pessoas quando finalmente saísse de lá. Há um sentido em tudo, há um sentido no sofrimento. Podem comprar aqui, em português, ou aqui, em inglês.


I Know Why the Caged Bird Sings, Maya Angelou. Só li o primeiro dos vários livros auto-biográficos de Maya Angelou, mas a curiosidade para ler mais ficou sempre presente. Maya Angelou foi uma mulher maravilhosa e com uma vida fascinante. Neste livro, aprendemos sobre a sua infância e juventude, com todas as dificuldades, mas também as conquistas, não obstante a cor da sua pele, o facto de ser mulher, a pobreza e a violência a que foi exposta. Podem comprar aqui, em português, ou aqui, em inglês.


Persepolis, Marjane Satrapi. Este difere bastante dos outros na sua forma. Hesitei em colocar Maus, também uma biografia em forma de novela gráfica, até por ter sido das primeiras que li (podem ver a review incipiente aqui); mas foi Persepolis que abriu os meus horizontes e me fez descobrir muito sobre um mundo que, honestamente, ignorava: o Irão pré-revolucionário, o Irão hoje em dia. Marjane mostra, em traços simples, a dificuldade em entender o mundo que a rodeia e em se integrar nele. Podem comprar aqui, em português, ou aqui, em inglês.


Marie Antoinette, Antonia Fraser. Esta foi a primeira biografia histórica que li, e fiquei muito curiosa acerca da restante obra da historiadora, especialmente sobre personagens que conheço ainda menos (como, por exemplo, Mary Queen of Scots). Esta obra retrata com humanidade uma rapariga que foi vilificada por nunca se ter conseguido encaixar num papel para o qual nunca tinha sido preparada - Maria Antonia, princesa da Áustria, demasiado nova e pouco sofisticada, que nunca mandou ninguém comer brioches. Podem comprar aqui, em inglês - a versão portuguesa da Leya tem apenas 1/3 do original, por algum motivo, e consta que é péssimo.


Year of Magical Thinking Joan Didion. Este é, de toda esta lista, aquele que li mais recentemente. Com a morte do marido, Joan Didion entrou, sem saber, num período muito complicado da sua vida, que se viria a agravar com a morte precoce da sua única filha. Aqui, conta ao mundo como foi o primeiro ano após a morte de John Gregory Dunne, aquele que foi o seu companheiro de uma vida inteira - mais importante, conta como foi o processo de negação do luto, um choque absurdo, uma enorme luta contra a realidade. Fala-se muito pouco nisto. Podem comprar aqui, em português, ou aqui, em inglês.



Comentários

  1. Destes li e gostei muito de «Persepólis» e «O homem em busca de um sentido». Tenho o da Maya Angelou e o da Joan Didion por ler. Dos que li nos últimos anos deste género, gostei muito de «Born a crime» de Trevor Noah, da novela gráfica «Maus» e de «Uma educação» de Tara Westover.

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    1. O do Frankl é um dos livros da minha vida e acho que vou sempre arranjar maneira de o encaixar em posts de recomendações :) tenho muita curiosidade acerca do Born a Crime; do da Tara Westover já ouvi falar, mas sei muito pouco. Vou investigar!

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  2. Dos que referiste li apenas o "Persepolis" e o "Maus", dos quais gostei bastante. Tenho na minha wishlist esse da Maya Angelou. Tal como tu, não leio muitos livros de não ficção mas ando a tentar pouco a pouco inserir alguns nas minhas leituras. Não é fácil mas pelo menos tenho me apercebido que livros históricos ou de memórias de figuras histórias são aqueles que mais me motivam.
    Obrigada pelas sugestões

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    1. O da Maya Angelou é maravilhoso e diria mesmo obrigatório. Há review aqui algures no blog... marcou-me muito.
      Sim, percebo isso - e será que é mais interessante ler sobre alguém que nos interessa, ou sobre um ilustre desconhecido? Há imensos livros da Antonia Fraser e da Alison Weir que me interessam até por saber tão pouco das pessoas sobre as quais versam...
      Além de biografias ou memórias, há também livros mais "técnicos"; a Tinta-da-China tem vários nesse âmbito e tenho alguns na estante à espera do seu dia :)
      Obrigada eu, pelo comentário!

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  3. Estou tão feliz por teres escrito este post! Eu era como tu, praticamente não lia não ficção. Até que em 2018 li o Sapiens (que recomendo) e o bichinho pegou. Agora as minhas leituras anuais estão no 50% ficção 50% não-ficção. De memórias e biografias recomendo: Frida Kahlo da María Hesse, Birds Art Life Death da Kyo Maclear, O Livro da Alegria (Dalai Lama & Desmond Tutu), Educated da Tara Westover e Reasons to Stay Alive do Matt Haig.

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    1. O da Maria Hesse li há dois anos (comprei em Espanha) e gostei muito! Estou muito longe de estar nos 50%-50%, e duvido que algum dia lá chegue, mas gostava de pelo menos tentar ler um por mês :)

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