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Verões Felizes 1: Rumo ao sul | A Calheta

Leituras de férias sobre a nostalgia das férias.


Quiçá algo peculiar, mas, num ano em que as minhas férias se resumiram a "um dia como os outros, mas não liguei o portátil do trabalho", decidi ir de férias com a família Faldérault. Esta edição reúne dois livros, os dois primeiros volumes: Rumo ao sul e A Calheta.

Em Rumo ao Sul, acompanhamos um flashback até 1972, naquelas que seriam as últimas férias da família Faldérault antes do divórcio de Pierre e Madô. Pierre é um cartoonista de pouco sucesso, atrasado com os prazos, e Madô apercebe-se que a sua carreira numa loja não é aquilo com que sempre sonhara. Juntos com os seus quatro filhos, Julie-Jolie, Nicole, Louis e Pêpete, numa 4L, partem à aventura para o Sul de França.

Todos os personagens são caricatos, incluindo o esquilo gigante de 2 metros, e há várias peripécias ao longo do caminho (incluindo holandeses que roubaram o spot ideal para o piquenique e uma bússola mentirosa), que ajudam a avançar a história e a reflectir na vida em conjunto e no quão importante acaba por ser a família.

Apesar de tudo parecer maravilhoso - e de a memória, regra geral, focar no bom e não no mau -, este pequeno retrato de umas férias familiares mostra como nem sempre a fachada feliz mostra tudo o que vai por trás. E que as pequenas coisas acabam por ter muito, muito peso.

 

Em A Calheta, vamos um pouco atrás, a 1969, antes de Madô começar o seu emprego infeliz, estando grávida de Pêpete (como Nicole acha por bem anunciar ao mundo). Não tão pesado quanto o volume anterior, mantém a mesma qualidade no que respeita à captura dos momentos familiares inocentes e que, apesar de pequenos, permanecem na memória.

Acaba por não explorar novos terrenos, mas ajuda a desenvolver os personagens, as relações entre eles, e acrescenta ao elenco o pai espanhol de Pierre. Acaba por parecer mais relaxado que o volume anterior - que lidava com as dúvidas de Pierre e de Madô sobre si mesmos, sobre o seu valor, sobre a sua relação um com o outro - e é, talvez, menos impressionante por isso, mas igualmente doce e nostálgico.

A estrutura é original por não seguir uma linha cronológica, o que permite, ao mesmo tempo, que a obra não seja lida na sua ordem de publicação.

Em suma, e assumidamente sentimental, Verões Felizes captura, precisamente, a felicidade que se recorda ao olhar para trás, a falta de preocupação, a nostalgia da infância. É leve, optimista, bem humorado. Vale muito a pena.

5/5

Podem comprar esta edição directamente à editora

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