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I Kill Giants

Uma enorme surpresa.



Comprei este livro da primeira vez que fui à Kingpin Books, levada pelo título conhecido de uma obra que desconhecia. Nunca vi o filme (e consta que faço bem em assim me manter); assim, não sabia sobre o que tratava I Kill Giants, e o livro acabou por não ser aquilo que eu esperava. Mas em bom, dado o nível de emoção e profundidade da narrativa.


Uma rapariga do ensino básico, Barbara (minha homónima! Barbara!), mata gigantes. Para quê explorar outras carreiras quando se mata gigantes e se sabe tudo sobre eles? Quando se tem um martelo de guerra especial e tudo? Mas rapidamente compreendemos que esta pode não ser a realidade, mas uma fantasia que lhe causa inúmeros problemas, não só na escola mas num lar já conturbado.


É, aliás, o lar conturbado que se revela ser o centro da narrativa. Começa a tornar-se claro: monstros mitológicos ou demónios interiores? E é precisamente isto que torna a mensagem do livro tão forte. Temos uma menina que procura sobreviver à vida, ao dia-a-dia, a passo que tudo em seu redor se desmorona. Assim, na sua vida de fantasia, mata gigantes, o que a ajuda a lidar (e a negar) com os problemas e com a dureza da realidade - ao passo que cria mais problemas para si, com a escola, com autoridades, com a irmã mais velha...


Há um cariz emocional muito forte nesta história. Barbara começa o livro enquanto personagem muito irritante e desconectada do mundo real, e o facto de Joe Kelly a ter escrito assim - ou seja, começamos a ler o livro de uma perspectiva "exterior", vendo Barbara como os outros a vêem - consegue tornar a história mais absorvente. Apenas lentamente revelando os motivos que a causam a agir e a reagir de formas bizarras, a narrativa prende. E, quando começamos a compreender o que se passa, já simpatizamos com Barbara e a história já tomou um rumo inesperado.


Barbara é uma óptima personagem, é nerdy e toma péssimas decisões e é maravilhosa. É ela que faz a história funcionar (e gosto do facto de o facto de os gigantes serem ou não reais ficar algo em aberto). A forma como está desenhada é maravilhosa, com orelhas de animais, óculos enormes. Os gigantes também são assustadores e fortes.


Ponto baixo: a arte é, para mim, visualmente confusa. Tive de rever algumas das sequências, reler alguns dos diálogos para compreender o que se passava e quais os personagens em cena. Apesar de tudo, a arte mais "tosca" aligeira a narrativa e funciona. Também gostei como partes dos diálogos estavam rasurados, porque Barbara bloqueia aquilo que não está preparada para lidar.


Uma bela obra sobre a dificuldade em lidar com as coisas difíceis na vida.


4,5/5


Podem comprar esta edição directamente à editora.



Comentários

  1. Gostei do post, também conheço o título mas desconheço a obra e o filme
    É uma série ou trata-se de um livro único digamos assim? Ou uma compilação

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    1. É este livro, só :p
      Desconhecia a obra, sem ser de nome, e foi uma óptima surpresa; ainda desconheço o filme e espero que assim se mantenha...

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  2. Só vi o filme e não posso dizer que tenha ficado fã, porque é muito confuso e difícil de seguir ao início. Ainda assim, é uma representação bonita sobre trauma e dores de crescimento :)

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    1. O livro também é algo confuso, mais no grafismo, mas gostei muito. O filme vou dispensar mesmo :)

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