O que posso dizer sobre Hamlet que não tenha já sido dito?
Apesar de já ter lido algumas peças de Shakespeare, não tinha lido ainda esta quando li Hamnet, de Maggie O'Farrell; foi, portanto, para mim, uma sequência lógica de leitura. Hamlet começa, de certa forma, como uma tragédia clássica de vingança; a história de um jovem (possivelmente trintão, na verdade) príncipe que procura vingar-se do homicídio do seu pai.
Muito de Hamlet nos é familiar: a podridão do reino da Dinamarca, o monólogo sobre o que é ser, o método na loucura, a narrativa base do Rei Leão. Temos ainda Ophelia, o interesse romântico de Hamlet, o príncipe trintão que está no castelo de Elsinore em férias da escola (questiono e invejo ao mesmo tempo), que eu conhecia apenas da pintura do John Everett Millais.
What piece of work is a man, how noble in reason, how infinite in faculties, in form and moving, how express and admirable in action, how like an angel in apprehension, how like a god! The beauty of the world. The paragon of animals. And yet, to me, what is this quintessence of dust?
Hamlet começa, dizia eu, como uma peça em torno de uma vingança, com detalhes e contornos que serão conhecidos pelo público geral. O tio de Hamlet assassinou o seu irmão (pai de Hamlet, rei da Dinamarca) com o objectivo de tomar o trono. Para além disso, ainda se casa com a cunhada viúva, mãe de Hamlet, algo que este, furioso, denomina de incesto. Hamlet recebe então a visita do fantasma do seu pai, exigindo vingança.
Hamlet, o personagem principal de idade questionável e angústia extrema, faz também várias coisas questionáveis ao longo da peça - a sua vingança pode não ser a mais astuta -, e pessoas que morrem por se terem escondido atrás de cortinados, qual criança a jogar às escondidas, mas a obra está escrita de forma belíssima, e explora temas universais como a humanidade, percepção vs realidade, a necessidade e legitimidade de vingança, e a perda - ver Hamnet para mais detalhes, presumo.
Intemporal. Recomendo.
5/5
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