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Budapeste

Devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira.


Um ode à escrita, ao estrangeiro, às línguas, ao amor, a todas as suas complexidades, prazeres e dores, Budapeste segue José Costa, ou Zsoze Kósta, talentoso ghostwriter entre Budapeste e o Rio de Janeiro, de um lado para o outro: a cidade na qual passara uma noite por acidente após um congresso de escritores anónimos torna-se numa segunda casa, numa vida entre as suas duas mulheres, Kriska e Vanda, e o seu entusiasmo com a língua húngara, a única que o Diabo respeita.

O Danúbio, pensei, era o Danúbio mas não era azul, era amarelo, a cidade toda era amarela, os telhados, o asfalto, os parques, engraçado isso, uma cidade amarela, eu pensava que Budapeste fosse cinzenta, mas Budapeste era amarela.

Duas línguas, duas cidades, dois romances tanto literais como literários.

A identidade de José Costa dilui-se nos parágrafos, nas viagens, entre os livros, especialmente autobiografias, de que é verdadeiro autor. Será possível sermos autores dos nossos próprios livros, das nossas próprias vidas?

Recomendado a quem é apaixonado por línguas, pela escrita, pela ideia de se perder e se reencontrar numa outra cidade.

4/5

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